Com o condicionamento adequado, corridas de longa distância são seguras |
Um novo estudo descobriu que a participação em corridas de longa distância não coloca o coração em risco
Se você é um corredor de longa distância saudável, suas chances de morrer de parada cardíaca súbita durante uma corrida são extremamente baixas, indica um novo estudo.
Na última década, um em cada 259 mil corredores que participaram de uma maratona (42 km) ou meia-maratona (21 km) dos Estados Unidos morreu, descobriram os pesquisadores. E a maioria que entrou em colapso tinha uma doença oculta no coração.
Os resultados devem tranquilizar aqueles que praticam a modalidade - e muitos o fazem, são mais de 450 mil que completam uma corrida dessas por ano nos Estados Unidos, de acordo com David Watt, diretor-executivo da American Running Association.
O estudo teve início em 2000, liderado por Aaron Baggish, diretor do Programa de Desempenho Cardiovascular no Massachusetts General Hospital, em Boston. Os pesquisadores analisaram paradas cardíacas sofridas entre competidores de maratonas ou meia-maratonas até 2010.
De quase 11 milhões de corredores de longa distância dos EUA, 59 tiveram parada cardíaca, ou seja, de repente o coração parou de bater. Quarenta ocorreram em maratonas e a idade média dos corredores era de 42 anos. Os homens estavam em risco significativamente maior do que as mulheres.
Quarenta e duas das paradas cardíacas (71%) foram fatais, mostrou o estudo, publicado na edição de 12 de janeiro do New England Journal of Medicine. A idade média dos que morreram foi de 39 anos, comparado a 49 anos dos sobreviventes.
Para o estudo, estatísticas anuais sobre a participação em corridas, fornecidas pela associação comercial de corridas dos EUA, entraram em um banco de dados. Pesquisadores identificaram casos de parada cardíaca por meio de uma combinação de métodos, incluindo mecanismos de busca públicos e contato com diretores de provas.
Eles entrevistaram corredores que sobreviveram a uma parada cardíaca, ou parentes próximos, e olharam os registros médicos e dados de autópsia. Estas informações estavam disponíveis para 31 dos 59 corredores afetados.
Uma condição chamada cardiomiopatia hipertrófica foi a causa definida ou provável da morte de 15 corredores, disseram os pesquisadores. Essa é a causa mais comum de morte súbita cardíaca em atletas jovens.
Cardiomiopatia hipertrófica é uma doença na qual uma porção do miocárdio (músculo do coração) está hipertrofiada sem nenhuma causa aparente. Ela normalmente decorrente de uma anomalia genética, explicou Kirk Garratt, diretor clínico do setor de pesquisa de cardiologia intervencionista no Hospital Lenox Hill, em Nova York.
Nove dos que morreram de cardiomiopatia hipertrófica tinham problemas cardíacos adicionais, tais como doença arterial coronariana obstrutiva, doenças congênitas e miocardite, uma inflamação do músculo cardíaco.
"Um achado interessante: a prevalência de doença arterial coronária foi baixa", disse Garratt.
Um corredor morreu de insolação e outro de hiponatremia, que pode ocorrer quando uma pessoa bebe muito líquido, diminuindo a concentração de sódio. Outros dois, presume-se, morreram de arritmia (ritmo anormal do coração).
Um fator chave para a sobrevivência foi a ressuscitação cardiopulmonar (RCP) feita por espectadores da corrida, disse Baggish, cardiologista da tradicional Maratona de Boston.
"Estamos, pela primeira vez, oferecendo treinamento em RCP para corredores que vêm a Boston este ano para a nossa maratona", disse Baggish.
Desfibrilação rápida também é crucial, disse o co-autor do estudo, William Roberts, professor de medicina familiar na Universidade de Minnesota e diretor médico da Maratona Twin Cities. Nessa corrida "você tem um desfibrilador a cada milha ", disse.
A cada ano novas corridas surgem, especialmente meia-maratonas, disse Watt. E atraem um tipo diferente de corredor.
"O corredor de hoje é mais velho, mais lento, comprometido com mais eventos e provavelmente não tão atlético", disse ele.
Alguns são corredores inexperientes ou que defendem causas sociais através do esporte e chegam à corrida para ajudar instituições de caridade ou perder peso.
No estudo, os homens tinham uma taxa de parada cardíaca de 0,16 por 100 mil corredores, quase o dobro das mulheres, mas ainda extremamente pequena. Garratt teve algumas reservas quanto à metodologia do estudo.
"Eles foram a um clube de corrida para encontrar o denominador. Em seguida, buscaram uma variedade de fontes, incluindo fontes baseadas na internet. Para piorar as coisas, em cerca de metade dos incidentes, foram incapazes de obter informações clínicas completas", disse.
Roberts reconheceu que seus dados não levaram em conta a preparação para a maratona. "Como podemos saber quantas pessoas nós perdemos com menor [treinamento] em corridas?", questionou.
Ele disse que com o condicionamento adequado, corrida de longa distância "é segura se você ouvir seu corpo, se não tentar prosseguir com dor no peito ou falta de ar ou se você não ignorar fatores como o colesterol muito alto."
"Todos os corredores, sejam eles jovens ou mais velhos, devem ter uma conversa com seus médicos sobre a intenção de correr e deve haver uma avaliação muito clara de fatores de risco", finalizou Baggish.
Fonte iG
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