Um imunossupressor usado por pessoas que fizeram transplantes tem mostrado sucesso em diminuir tumores cerebrais causados por uma doença genética rara.
A esclerose tuberosa atinge uma pessoa em 6.000 e causa convulsões, manchas brancas na pele e problemas neurocognitivos.
A doença leva à formação de tumores benignos, com tendência a crescer e causar danos --os mais graves são nos rins e no cérebro.
Os tumores cerebrais, chamados de Sega (sigla inglesa de astrocitoma subependimário de células gigantes), atingem de 5% a 20% dos doentes. Podem aumentar a pressão intracraniana, impedir o fluxo do fluido cerebroespinhal e levar à morte.
Até há pouco tempo, o único tratamento era a cirurgia, que muitas vezes era repetida por causa das altas chances de recidiva. "Além de ser desgastante e poder causar outros danos, a cirurgia é mais indicada para tumores pequenos", diz a oncologista pediátrica Andréa Cap-pellano, do Graacc (Grupo de Apoio ao Adolescente e à Criança com Câncer).
"No hospital, havia pacientes que, por causa das características da doença, não tinham mais nada a fazer."
Um deles era Luis Fernando de Oliveira, 13, de São Paulo. Seu tumor cerebral era grande e não podia ser operado. Ele começou a usar o remédio everolimo em dezembro de 2010, quando a droga foi aprovada nos EUA após um estudo publicado no "New England Journal of Medicine" mostrar sua eficácia contra a doença.
Em três meses, o tumor de Luis Fernando teve uma redução de 58%. "Ele era agressivo e foi se acalmando. Ficou falante, melhorou o desempenho escolar e tem menos convulsões", conta o avô Carlos Calixto de Oliveira, 64.
"Os pacientes melhoram como um todo. Melhoram também na parte neurocognitiva, que representa a maior dificuldade para a família", afirma Cappellano.
Outros quatro pacientes do hospital estão usando a medicação, em uso compassivo --farmacêuticas fornecem tratamento experimental para pacientes com doenças graves sem tratamento eficaz.
O remédio custa cerca de R$ 6.000. Como se trata de um imunossupressor, que deixa o sistema de defesa do corpo debilitado, os efeitos colaterais incluem infecções e aftas na boca, segundo a pesquisadora belga Anna Jansen, neurologista pediátrica do UZ Brussel Hospital, em Bruxelas.
Ela participa da fase três (última etapa antes da aprovação da droga) do estudo que avalia o efeito de everolimo sobre os tumores.
"Precisamos de estudos a longo prazo para entender melhor a doença. Muito a respeito dela ainda é um mistério, mas estamos progredindo", afirma Jansen.
Fonte Folhaonline
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