Broncas e castigos só pioram a incontinência urinária noturna
Normalmente somos capazes de controlar nossa bexiga - urinamos quando queremos, no momento e local adequados - mas não nascemos assim. Nos bebês o sistema nervoso não está totalmente preparado e amadurecido para proporcionar este controle consciente. Este processo ocorre ao longo do tempo, nos primeiros anos de vida, de tal forma que aos quatro anos de idade 85% das crianças conseguem controlar a bexiga durante o dia. O controle noturno costuma ocorrer por volta dos seis anos.
O que é enurese?
Enurese é a eliminação involuntária de urina, numa idade onde este controle já deveria existir. A enurese noturna, urinar durante o sono, é um problema psicológico e social bastante traumático para a criança, que pode mobilizar emocionalmente todo o núcleo familiar.
Ela pode ser primária, quando a criança nunca conseguiu evitar a perda de urina, ou secundária, quando ela volta a molhar a cama após um período de pelo menos 6 meses se fazer xixi involuntariamente durante o sono. Em torno de 15% das crianças, por volta dos sete anos de idade, podem ainda apresentar episódios de perda noturna. Aos 10 anos, este número cai para 5%.
A enurese noturna em geral apresenta três aspectos importantes:
- É um sintoma que pode ser provocado por várias disfunções diferentes;
- É por vezes motivo de atitudes punitivas, com agressões físicas e psicológicas à criança;
- É uma condição benigna e transitória.
O que causa a enurese noturna?
Este sintoma pode ser provocado por várias situações, que se dividem em três pilares principais:
- Distúrbios do sono: a sensação de bexiga cheia/vontade de urinar não consegue despertar a criança;
- Falta de maturação do controle neurológico da bexiga, ou seja, a criança ainda não tem controle da micção;
- Aumento da quantidade de urina produzida pelos rins durante a noite.
Como lidar com a enurese?
Alguns casos dramáticos são relatados, desde constrangimentos e castigos cruéis, até surras. As crianças, mesmo aquelas criadas em lares mais pacíficos, costumam comparecer à consulta para tratar deste problema com algum constrangimento e, por vezes, com sentimentos de vergonha e humilhação.
Por isso é que o médico que se propõe a cuidar desses pacientes deve, desde o primeiro contato, demonstrar que verdadeiramente se interessa pelo problema, sem, no entanto manifestar pena. A criança tem que sentir que este profissional realmente se importa e que vai fazer tudo para ajudar.
Uma abordagem que sempre funciona é, logo após o relato do problema pelos pais, continuar a consulta com um diálogo dirigido à criança, e informando logo de início um dos aspectos do problema: a hereditariedade. Cerca de 70% das crianças que fazem xixi na cama têm parentes que tiveram o mesmo problema, sendo que em pelo menos 40% das famílias um dos pais passou pela mesma situação.
Isto nem sempre é contado ao pequeno paciente, e quando ele passa a saber disso - e mais ainda, quando no meio da consulta um dos pais confessa que teve o mesmo problema - é impressionante como o semblante da criança muda. A face de sofrimento se transforma em expressão de alívio por descobrir-se não ser tão diferente assim. Os sentimentos que se seguem a esta revelação são múltiplos: surge a esperança de que um dia, mais cedo ou mais tarde, o problema dela também vai desaparecer.
Tratamento
O tratamento correto depende de uma avaliação criteriosa, e, geralmente, é prescrito somente por um período de tempo, o suficiente para aliviar os sintomas enquanto o organismo está se desenvolvendo e "amadurecendo". Não há uma conduta terapêutica única para um problema com tantas causas. Vários tipos de medicamentos podem ser usados, associados ou não ao tratamento comportamental.
O tratamento correto depende de uma avaliação criteriosa, e, geralmente, é prescrito somente por um período de tempo, o suficiente para aliviar os sintomas enquanto o organismo está se desenvolvendo e "amadurecendo". Não há uma conduta terapêutica única para um problema com tantas causas. Vários tipos de medicamentos podem ser usados, associados ou não ao tratamento comportamental.
Na grande maioria das vezes, a enurese noturna tem cura espontânea, sem necessidade de qualquer tipo de abordagem mais profunda. Com o devido esclarecimento da criança e dos familiares, a ansiedade diminuiu. Em algumas vezes isso basta para o desaparecimento dos sintomas.
No entanto, é importante lembrar que em alguns raros casos a enurese, noturna ou diurna, pode estar associada a algum problema mais grave. Isto é raro, mas quando o diagnóstico não é feito podem haver severas consequências. Crianças que mantêm este sintoma por mais tempo, e, principalmente, acima dos 10 anos de idade, devem ser obrigatoriamente avaliadas por um urologista.
Fonte Minha Vida
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