Unidade foi instalada em Moçambique e terá a expertise da Fiocruz; primeira atividade será rotular remédios
O governo brasileiro inaugura neste sábado, 21, uma fábrica de medicamentos para tratamento de aids em Moçambique, na África, por meio de um acordo de cooperação entre os dois países assinado em 2003 pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A fábrica terá a expertise da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), via Farmanguinhos, mas será totalmente administrada pelo governo moçambicano.
O Brasil investiu ao menos US$ 23 milhões nessa parceria. Ao governo de Moçambique coube a missão de adquirir um prédio para a instalação da fábrica, além de fazer toda a contratação de pessoal. A unidade vai funcionar em uma área adaptada de uma fábrica de soro já existente.
Segundo Hayne Felipe da Silva, diretor do Instituto de Tecnologia em Fármacos da Fiocruz/Farmanguinhos, a fábrica terá capacidade de produzir 21 tipos de medicamentos: 8 antirretrovirais e 13 para diferentes doenças, como hipertensão e diabete.
A unidade foi projetada para atender a demanda de toda a população de Moçambique e produzir 400 milhões de unidades de medicamentos por ano. Mas, segundo Silva, é possível que a unidade seja ampliada para atender também os países vizinhos.
Por enquanto, porém, a fábrica vai apenas rotular as embalagens de um tipo de antirretroviral produzido no Brasil – a nevirapina – para dentro de um ano, em média, começar a produzir os remédios. Nessa primeira fase, serão rotulados 3.255 frascos de nevirapina (195 mil comprimidos).
Atraso
O início das operações da fábrica em Moçambique está atrasado ao menos três anos e meio. Em outubro de 2008, Lula visitou a unidade e anunciou que a fábrica iniciaria a rotulagem de medicamentos em março de 2009 e até o final daquele ano a unidade produziria os comprimidos por conta própria. Naquela época, já havia atraso no início do funcionamento da unidade.
O início das operações da fábrica em Moçambique está atrasado ao menos três anos e meio. Em outubro de 2008, Lula visitou a unidade e anunciou que a fábrica iniciaria a rotulagem de medicamentos em março de 2009 e até o final daquele ano a unidade produziria os comprimidos por conta própria. Naquela época, já havia atraso no início do funcionamento da unidade.
Silva, da Fiocruz, atribui o atraso ao governo moçambicano, que teria demorado para adquirir o espaço onde a fábrica vai funcionar e não teria recursos suficientes para a compra dos equipamentos – foi daí que surgiu a parceria com a Vale.
“Quando recebemos a área da fábrica de soro, em 2009, tínhamos de cumprir todo o trâmite de compra de equipamentos importados, adaptar todo o local, fazer a capacitação de pessoal. Esse processo não é simples nem rápido”, afirmou.
Moçambique tem cerca de 20 milhões de habitantes e é considerado um dos 50 países menos desenvolvidos, que disputa com vizinhos africanos doações estrangeiras para conter o avanço da aids. Estima-se que 2,7 milhões de moçambicanos estejam infectados pelo HIV, o que corresponde a 12% da população.
Fonte Estadão
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