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segunda-feira, 2 de julho de 2012

Captar doadores regulares desafia bancos de sangue

Falta de informação e dificuldades de deslocamento são algumas das razões apontadas para a baixa adesão

O grande desafio dos mantenedores de bancos de sangue do país é fazer com que a captação de doadores não seja atrelada a campanhas, desencadeadas principalmente quando há baixa nos estoques ou, em proporções menores, quando algum familiar passa por necessidade. Dados do Ministério da Saúde indicam que apenas 1,8% dos brasileiros são doadores regulares de sangue — em países desenvolvidos esse índice chega a 5%.

As razões para a baixa adesão são diversas, variando da falta de informação acerca da importância das bolsas de sangue no dia a dia de um hospital à falta de tempo para se deslocar até um ponto de coleta. A distância e o horário de funcionamento são os principais empecilhos para a bancária Jenifer Storck, 23 anos, que, mesmo assim, é doadora regular de sangue há seis anos, quando seu bebê precisou de transfusão para reverter uma anemia nas primeiras horas de vida.

— Busco doar sangue com frequência, mas a burocracia dificulta um pouco. Você não consegue fazer doação no sábado, e a localização do hemocentro em Porto Alegre fica na contramão para muitas pessoas — argumenta Jenifer, que mora em Gravataí e trabalha em São Leopoldo.

A diretora do Hemocentro do Rio Grande do Sul (Hemorgs), Jane Leonardo, alega que a capacidade instalada para receber doadores na sede do Hemorgs não permite a realização de coletas fora do horário padrão de atendimento ao público: de segunda a sexta-feira, das 8h às 18h.

— Nossa equipe trabalha 24 horas em expediente interno, para distribuição de bolsas de sangue aos 47 hospitais que atendemos — enfatiza.

Rotina de coleta
A demanda mensal do Hemorgs é de 3 mil bolsas de sangue. Em períodos normais, a média de doações é de 120 bolsas por dia. No inverno, esse número cai para 70 e até 60 em períodos mais críticos, por conta do frio, vacinas e infecções, como a gripe, que impossibilitam a doação.

Segundo Jane, já houve experiências de operação aos sábados, mas a resposta da população foi muito baixa, o que inviabiliza que essa prática seja permanente. Ela destaca também que o hemocentro não fecha ao meio-dia e que trabalhadores têm direito à dispensa de suas atividades para o turno seguinte à doação.

— Outra alternativa é a mobilização da unidade móvel para realização de coletas em grandes empresas ou no interior do Estado. Um segundo ônibus deve entrar em operação ainda este ano — anuncia a diretora.

Há ainda a opção de procurar hospitais privados que realizam coletas para a manutenção de seus estoques particulares. Alguns atendem aos sábados pela manhã.

Para que serve
O sangue coletado é fracionado para ser colocado à disposição de médicos para procedimentos nos diversos setores dos hospitais. Os que mais esvaziam os estoques são os atendimentos de emergência, centro de terapia intensiva e oncologia.

— Não há substituto artificial para o sangue, ele é o suporte para a vida. Diariamente, esse material está sendo usado nas diversas áreas do hospital — destaca o gestor do Banco de Sangue do Hospital Mãe de Deus, Carlos Gorini.

Antes que possa ser usado em transfusões, o sangue coletado passa por exames para verificar se está livre de doenças infectocontagiosas, como hepatites e HIV. Os resultados levam cerca de 24 horas. Depois de fracionado, cada parte tem um prazo de validade e seu modo de armazenamento específico: plaquetas duram cinco dias, plasma pode ficar um ano armazenado a uma temperatura de -20ºC e as hemácias podem ser usadas em 35 dias.

Os prazos curtos reforçam a importância de receber doações permanentemente. Outro ponto destacado pelo médico é que há tipos de sangue mais raros, como os AB, que são apenas 4% da população, e B, que representam em torno de 10%. Campanhas pontuais não conseguem dar conta de uma demanda forte em caso de emergência.

— Doar sangue é uma questão de cidadania, é preciso criar essa consciência — sintetiza Gorini.

No Dia Mundial do Doador de Sangue, o Ministério da Saúde tem anunciado medidas para ampliar a doação de sangue, inclusive com uso de redes sociais. A meta é passar dos menos de 2% de brasileiros doadores regulares para 3%. No Estado, o Hemorgs também se articula para melhorar sua estratégia de captação, com apoio de outros órgãos públicos, como o Ministério Público do Estado.

Quem pode doar sangue
:: Pessoas com peso acima de 50 quilos e idade entre 18 e 67 anos.

:: Jovens com idade entre 16 e 17 anos também podem ser aceitos como candidatos, desde que haja consentimento formal do responsável legal.

:: No momento da doação, é necessário apresentar documento com foto válido em todo território nacional.

Quem não pode doar
:: Pessoas com diagnóstico de hepatite após os 11 anos de idade.

:: Mulheres grávidas ou amamentando.

:: Pessoas expostas a doenças transmissíveis pelo sangue, como aids, hepatite, sífilis e doença de Chagas.

:: Usuários de drogas.

:: Pessoas que tiveram relacionamento sexual com parceiro desconhecido ou eventual, sem uso de preservativos.

Recomendações
:: Não estar em jejum.

:: Dormir por pelo menos seis horas na noite anterior à doação.

:: Não tomar bebidas alcoólicas nas 12 horas anteriores à doação.

:: Evitar fumar por pelo menos duas horas antes da doação.

:: Evitar alimentos gordurosos nas três horas antecedentes.

:: Pessoas que exercem profissões como piloto de avião ou helicóptero, condutor de ônibus ou caminhão de grande porte e, ainda, trabalhadores que sobem em andaimes devem interromper as atividades por 12 horas após a doação. A mesma recomendação é válida para quem pratica paraquedismo ou mergulho.

Fonte Zero Hora

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