O cuidado atual prestado aos pacientes vem se modificando frente às antigas e tradicionais práticas assistenciais desenvolvidas nas instituições de saúde. A tecnologia, por exemplo, tem exigido um novo perfil de conhecimento e habilidade dos profissionais diante de inúmeras e velozes inovações dos equipamentos e recursos computacionais cada vez mais utilizados no dia a dia dos hospitais. A utilização de novas metodologias de avaliação e gestão da qualidade e segurança também introduziram novas exigências e requerimentos para a atuação dos profissionais de saúde, as quais remetem a uma nova perspectiva de conhecimentos e de competências nessa área.
Esse cenário também é uma realidade para a Enfermagem e, de forma especial, pelo fato de que são os profissionais dessa categoria os que mais tempo dedicam aos processos de cuidado prestados aos pacientes nas 24 horas de atividades em uma instituição de saúde, denotando assim um maior grau de participação e envolvimento nas questões relacionadas com qualidade e segurança na prestação da assistência.
Na experiência vivenciada com a implantação do Programa de Acreditação Internacional desenvolvida pelo Consórcio Brasileiro de Acreditação (CBA), representante exclusivo da Joint Commission International (JCI) no Brasil, pode ser observado que profissionais de enfermagem, em geral, têm assumido as principais funções quando são definidos responsáveis pelos processos de gestão da qualidade e gestão de risco nas instituições participantes do programa. Sem dúvida, a principal razão para a indicação desses profissionais, passa pela formação e pela múltipla relação de suas atividades com os diferentes segmentos de disciplinas profissionais e serviços existentes em uma instituição de saúde. A facilidade e conhecimento com que os profissionais de enfermagem circulam pelos diversos serviços condicionam uma oportunidade diferenciada na atuação como gestores de qualidade e segurança.
No entanto, a experiência também tem nos revelado, ao atuar como consultores e avaliadores do programa de acreditação internacional CBA-JCI, a realidade de que esses profissionais ainda necessitam de um significativo avanço nos processos de capacitação e qualificação acerca de metodologias, métodos, ferramentas e instrumentos utilizados pelos programas de gestão e avaliação de qualidade e segurança em saúde. O Manual Internacional de Padrões para Acreditação Hospitalar CBA-JCI – quarta edição – 2011, trata do tema na abordagem seguinte: “A melhoria integral ou global da qualidade corresponde à redução contínua dos riscos para pacientes e profissionais. Esses riscos podem estar presentes nos processos clínicos e também na estrutura física. Esta abordagem inclui os seguintes processos: liderança e planejamento do programa de melhoria de qualidade e segurança do paciente; bom delineamento dos novos processos clínicos e administrativos; medição do bom andamento dos processos através da coleta de dados; análise dos dados e implementação e manutenção das mudanças que resultam em melhoria”.
O manual também enfatiza “…para alcançar o máximo de benefício, o planejamento contínuo, a elaboração, a mensuração, a análise e o aprimoramento dos processos clínicos e administrativos devem ser bem organizados, sob clara liderança. Esta abordagem leva em consideração o fato de que a maioria dos processos clínicos de cuidado envolve mais de um departamento ou serviço e que podem envolver o trabalho de muitos profissionais. Esta abordagem também considera que, em geral, as questões relativas à qualidade, tanto na área clínica quanto administrativa, estão inter-relacionadas. Portanto, os esforços para melhorar esses processos devem ser conduzidos por uma estrutura global de gerenciamento da qualidade e atividades de melhoria na instituição, sob a supervisão de uma equipe ou comitê de melhoria da qualidade e segurança do paciente”.
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