"A obesidade está cada vez mais presente em nosso meio e a
busca por tratamentos para combatê-la também. A cirurgia bariátrica, mais
conhecida como cirurgia para redução do estômago, é uma opção de tratamento para
a obesidade mórbida que não responde aos tratamentos convencionais, mas apesar
dos benefícios apresenta indicações específicas e alguns riscos".
A obesidade é uma doença crônica caracterizada pelo acúmulo
excessivo de gordura corporal. É considerada um problema de saúde pública nos
países desenvolvidos e está ocorrendo uma aceleração no seu crescimento no
Brasil.
A obesidade é classificada baseando-se no índice de massa
corporal (IMC – calculado pelo peso dividido pela altura ao quadrado –
Kg/m2) e no risco de mortalidade associada. Assim, considera-se
obesidade quando o IMC encontra-se acima de 30 Kg/m2 e obesidade
mórbida quando o IMC está acima de 40 Kg/m2.
A cirurgia gastrintestinal para a obesidade, também chamada de
cirurgia bariátrica ou, mais popularmente, cirurgia para redução do estômago, é
uma opção para as pessoas com obesidade mórbida e que não conseguem perder peso
pelos métodos tradicionais ou para quem sofre de problemas de saúde relacionados
à obesidade mórbida.
Tipos de
procedimento
A cirurgia bariátrica é classificada em duas categorias:
restritiva e disabsortiva.
Os procedimentos restritivos promovem a perda de peso pelo
fechamento de partes do estômago para torná-lo menor, assim restringe a
quantidade de alimento que o estômago comporta. Os procedimentos restritivos não
interferem com o processo digestivo normal. Como resultado dessa cirurgia, a
maioria das pessoas perde a capacidade de comer grande quantidade de comida de
uma só vez. Após a operação, as pessoas usualmente conseguem comer apenas ¾ a 1
xícara de alimento sem desconforto ou náusea. Os alimentos também devem ser bem
mastigados.
Os procedimentos disabsortivos, as cirurgias mais comuns para a
perda de peso, combinam a restrição do estômago com um desvio parcial do
intestino delgado. É criada uma conexão direta do estômago para um segmento
inferior do intestino delgado, reduzindo as porções do trato digestivo que
absorvem as calorias e os nutrientes. A técnica mais utilizada é chamada de Y de
Roux, que utiliza um anel de contenção para a redução do estômago.
Como foi dito, a cirurgia bariátrica deve ser considerada em
pessoas com um índice de massa corporal (IMC) acima de 40 – cerca de 45 Kg de
excesso de peso para homens e 36 Kg para mulheres. As pessoas com IMC entre 35 e
40 que sofrem de diabetes tipo 2 ou problemas cardiopulmonares que levam a risco
de vida, como a apnéia do sono grave ou doença cardíaca relacionada com a
obesidade podem também ser candidatas para a cirurgia. A seleção dos pacientes
requer um tempo mínimo de 5 anos de evolução da obesidade e falência do
tratamento convencional realizado por profissionais qualificados, assim como a
ausência de uma causa endocrinológica para a obesidade e estabilidade
psicológica suficiente para entender os mecanismos e as conseqüências da
cirurgia.
A cirurgia estaria contra-indicada em pessoas com doenças
pulmonares graves, insuficiência renal, lesão acentuada do músculo cardíaco e
cirrose hepática.
Logo após a cirurgia, a maioria das pessoas perde peso
rapidamente e mantém essa perda por 18 a 24 meses após o procedimento. Embora a
maioria das pessoas readquira 5% a 10% do peso perdido, muitas mantêm a perda de
peso a longo prazo em cerca de 45 Kg. Além disso, a cirurgia melhora a maior
parte das condições relacionadas à obesidade, como por exemplo o diabetes tipo
2.
Quanto maior a extensão do desvio intestinal, maior será o
risco de complicações e deficiências nutricionais. Pessoas com maior alteração
no processo normal de digestão irão necessitar de maior monitoramento e uso por
toda a vida de alimentos especiais, suplementos, e medicações.
Um risco comum das operações restritivas são os vômitos, que
são causados quando o estômago, agora menor, é excessivamente preenchido por
alimentos mal mastigados.. Em menos de 1% de todos os casos, infecção ou morte
devido a complicações pode ocorrer.
Além dos riscos da cirurgia restritiva, as operações
disabsortivas também podem levar a um grande risco de deficiências nutricionais.
Isso ocorre porque o alimento não passará mais pelo duodeno e jejuno (as
primeiras partes do intestino), onde a maior parte de ferro e cálcio são
absorvidos. Aproximadamente 30% das pessoas que são submetidas à cirurgia para
perda de peso desenvolvem deficiências nutricionais como anemia, osteoporose, e
doença metabólica óssea. Essas deficiências usualmente podem ser evitadas se as
vitaminas e minerais forem ingeridos adequadamente para cada caso.
Dez a 20% das pessoas que se submeteram à cirurgia para perda
de peso necessitaram de outras operações para corrigir complicações. Hérnia
abdominal tem sido a complicação mais comum que requer cirurgia posterior, mas
as técnicas laparoscópicas (em que se realizam pequenos orifícios no abdome e
opera-se por meio de vídeo) parecem ter solucionado esse problema. As pessoas
com mais de 160 Kg ou que já tenham feito alguma cirurgia abdominal não são boas
candidatas para a laparoscopia. Outras complicações incluem náuseas, fraqueza,
sudorese, debilidade e diarréias após a alimentação, principalmente com a
ingestão de açúcares, devido ao rápido trânsito dos alimentos pelo intestino
delgado.
Ocorre também um aumento no risco de desenvolver pedras na
vesícula devido a perda rápida e substancial de peso. Além disso, para mulheres
em idade fértil, a gravidez deve ser evitada até que a perda de peso se torne
estável porque a rápida perda de peso e as deficiências nutricionais podem
causar danos para o desenvolvimento do feto.
As cirurgias disabsortivas produzem maior perda de peso do que
as restritivas e são mais efetivas em reverter os problemas de saúde
relacionados com a obesidade grave. As pessoas que realizam a cirurgia
disabsortiva geralmente perdem dois terços do excesso de peso dentro de dois
anos.
Embora as cirurgias restritivas levem a uma perda de peso na
maioria das pessoas, elas são menos eficazes que as cirurgias disabsortivas, em
alcançar uma perda de peso substancial a longo prazo. Algumas pessoas readquirem
o peso novamente. Outras são incapazes de mudar seus hábitos alimentares e
falham na perda do peso que desejam.
É importante ter em mente que a cirurgia não é uma garantia de
sucesso. Os resultados dependem da força de vontade dos pacientes para adotar um
plano a longo prazo, de uma alimentação saudável e atividades físicas
regulares.
Copyright © 2008 Bibliomed,
Inc. 22 de abril de 2008.
Por Boa saúde
Nenhum comentário:
Postar um comentário