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segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Novas tecnologias em favor dos diabéticos

Pesquisa investe em produtos para ajudar a diminuir índice de 77% de pacientes com a doença descontrolada
 
Antes de almoçar, o diabético que depende de insulina para sobreviver precisa fazer muitas equações matemáticas.

Primeiro, ele avalia como está a glicemia – quantidade de açúcar no sangue – por meio de uma picadinha no dedo. Depois, elabora o cardápio com alimentos que não superem o limite máximo de gordura e açúcar.
 
Feito isso, é preciso dosar a quantidade de medicamento que vai receber na próxima aplicação de insulina, baseado no espaço de tempo entre o almoço e a outra refeição. Leva em conta também que tipo de comida ou bebida vai consumir no lanche ou jantar.
 
Toda essa programação muda, entretanto, se neste intervalo surgir um convite para um happy-hour ou festa, onde são oferecidos salgadinhos e refrigerantes não previstos na primeira conta.
 
Essa dificuldade em acertar nos algarismos exatos está por trás do índice de 77% de pacientes com diabetes em situação de descontrole, conforme mapeou uma pesquisa feita com 1.774 pacientes. O levantamento, publicado em janeiro na Revista do Diabetes, foi feito com portadores do tipo 1 da doença, que é autoimune e acomete 10% dos 14 milhões de diabéticos existentes no Brasil.
 
Os outros 90% que têm diabetes do tipo 2 – desencadeado por obesidade e dieta não saudável especialmente – também convivem com níveis nada seguro da doença. Um estudo feito em 2010 alertou que 79% estão com as taxas de glicemia descontroladas, o que aproxima problemas graves como falência renal, infarto, cegueira e amputações de membros. E é para este público que a indústria e as empresas médicas agora investem em novas tecnologias.
 
“É uma dificuldade muito grande manter o diabetes em taxas seguras e os riscos de complicações são muito sérios”, afirmou a médica endocrinologista Solange Travassos, diabética e, ela própria, usuária de uma das novidades tecnológicas para a doença.
 
Enquanto dava entrevista aos jornalistas presentes no Congresso Latino Americano sobre Controvérsias e Consenso em Diabetes, Obesidade e Hipertensão (CODHY), que ocorre no Rio de Janeiro até domingo, um aparelho do tamanho de um pager, preso na cintura e ligado ao pâncreas por um canal fino, apitou.
 
“Ih... a minha bomba me informa que eu já estou em jejum há muito tempo e a minha glicemia está descontrolada”, avisou ela aos presentes.
 
O aparelho usado pela médica – ela é portadora de diabetes tipo 1 há 30 anos –, dispara insulina automaticamente no organismo, de acordo com os níveis de glicemia detectados. As chamadas bombas inteligentes ou pâncreas artificiais (é essa parte do corpo que não trabalha direito nos diabéticos) fazem parte dos novos lançamentos de monitores que chegaram ao mercado nos três últimos anos.

“Também surgiram canetas que medem a glicemia de forma mais eficaz e menos incômodas, com agulhas de 4 milímetros. Na Europa, já existe um dispositivo que faz a picada no dedo e pode ser conectado no iPhone. As informações sobre a glicemia são armazenadas e imediatamente a pessoa recebe um relatório sobre a dose de insulina que deve tomar e quais os alimentos que deve consumir na próxima refeição”, explicou Mauro Scharf, diretor do Hospital Nossa Senhora das Graças, de Curitiba.
 
“No Brasil, ainda não temos este dispositivo mas eu, como sou um apaixonado por tecnologia, quebrei a cabeça para fazer um aplicativo para celular que ajudasse os diabéticos”, completou Scharf.
As fórmulas matemáticas, que dependiam da caneta e papel e muitos minutos de concentração, agora são computadorizadas. O novo programa desenvolvido pelo médico e sua equipe, que contou com o apoio da farmacêutica Sanofi, é chamado de Diamigo. A partir de 1 de abril ele poderá ser adquirido gratuitamente App Store e estará disponível no site.
 
“Ele faz todas as contas de calorias, carboidratos, gordura e insulina automaticamente. Mas para isso, o usuário precisa abastecer com suas informações pessoais e também médicas. Só o especialista pode definir quais são as doses de insulina que cada um precisa receber”, complementa Scharf.
 
Hábitos
Esta individualidade do uso é explicada pelo endocrinologista da Universidade de São Paulo Freddy Eliashewitz.
 
“Insulina é diferente de medicamento. Ela é uma ferramenta. Muda a forma de usá-la de acordo com a idade, profissão, alimentação, prática de exercício de cada paciente. Por isso, as novas tecnologias surgem como aliadas de um tratamento que necessariamente precisa ser multidisciplinar, envolvendo médicos, psicólogos, nutricionistas e o próprio doente”, diz.
 
O presidente da Sociedade Brasileira do Diabetes, Balduíno Tschiedel, acrescenta que só uma fórmula é capaz de controlar totalmente a doença.
 
“É a mudança no estilo de vida, não tem jeito. É preciso diminuir a quantidade de comida que comemos, aumentar a qualidade nutricional e fazer exercícios. Sedentarismo é um dos vilões do diabetes”, alerta.
 
Os especialistas concordam que as novidades tecnológicas são bem-vindas, mas ficam obsoletas se o paciente não sair do celular e do computador para praticar atividade física ao menos 30 minutos por dia. Sem mexer o corpo, dificilmente o índice de 77% de descontrole do diabetes irá dimunir.
 
Fonte iG

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