"TI em Saúde está criando incontáveis volumes de dados. O desafio agora é aproveitar estes dados, compartilhá-los e fazer com que eles tenham um impacto significativo no sistemade"
Transformar informação em conhecimento é o maior desafio de todos os setores da economia mundial. Já está comprovada que a utilização correta de dados otimiza o tempo e as despesas das empresas. A área da saúde não foge à regra e cada vez mais torna-se instrumentada com modernos dispositivos médicos. Sensores, sistemas de monitoramentos de pacientes e a adoção crescente de registros médicos eletrônicos produzem grandes volumes de informações, mas que são, muitas vezes, desperdiçados sem a adoção de uma ferramenta de análise.
Os médicos têm vivenciado uma sobrecarga de informação ao longo de décadas, o que contribui para uma taxa estimada de 15% de diagnósticos imprecisos ou incompletos. Por outro lado, essa explosão de informações cria oportunidade para o surgimento de um tipo de inteligência que ajudará no desenvolvimento de um sistema de saúde mais inteligente. Essa tendência já é reconhecida como imprescindível para 87% dos CIOs de saúde, que em estudo recente da IBM revelou que estão se voltando para a avaliação de dados, enquanto nos demais segmentos essa preocupação está presente em 69% dos profissionais.
O desafio enfrentado pelas organizações de saúde não é, portanto, somente armazenar e acessar os dados, mas aproveitá-los e compartilhá-los de maneira eficiente, transformando-os em conhecimento. Os modelos atuais de negócios neste setor estão ultrapassados. As informações médicas dos prontuários são restritas a uma instituição, sem possibilidade de compartilhamento entre hospitais, clínicas e laboratórios. Ao integrar os dados, essas esferas poderão conhecer todo o histórico médico do paciente, proporcionando um atendimento adequado e assertivo às necessidades de cada caso, apoiado em evidências.
Um exemplo relevante dessa análise é o supercomputador Watson. Em operação no Centro de Câncer Memorial Sloan-Kettering, em Nova Iorque (EUA), o Watson combina expertise e habilidade para processar rapidamente informações de fontes diversas. Ele ainda compreende a linguagem humana e constrói relações entre uma variedade de dados, levando em conta o histórico e observações médicas, resultados de laboratório e recentes pesquisas clínicas. Dessa maneira o sistema possibilita aos profissionais apresentarem opções de tratamentos de forma mais individualizada.
Apesar de avanços pontuais como esse, globalmente, o setor da saúde ainda precisa evoluir. Entre os progressos necessários está elevar a eficiência, segurança e acesso aos tratamentos, proporcionando uma melhor qualidade dos mesmos a custos mais baixos. No caso do Brasil, ao mesmo passo em que temos hospitais referências mundiais, a grande parte, em especial nas cidades fora das grandes capitais, é carente de recursos básicos, como médicos e medicamentos.
Diante deste cenário, há instituições que têm utilizado um novo modelo de pagamento por desempenho. Nos EUA, por exemplo, até 30% dos reembolsos são baseados na medição da qualidade do atendimento e na melhora real dos pacientes. Em outros países ao redor do mundo também está crescendo a avaliação da saúde e da medicina baseada em evidências.
Outro desafio relacionado à saúde é a situação enfrentada pelos planos de saúde, em que há grande concorrência e pressão financeira, fazendo com que eles sejam obrigados a olharem para novas formas de receitas. Assim, a tendência é que as operadoras migrem o foco principal do seu negócio para as pessoas físicas, em detrimento dos clientes corporativos. A conquista deste público dependerá de ofertas e serviços de qualidade com preços atrativos, já que este público é muito sensível a preço. Para isso, as empresas terão que investir no uso de análise de dados, a fim de conhecer melhor os pacientes.
É possível perceber, portanto, que a tecnologia está transportando a saúde para uma nova era, em que a mobilidade e a análise das informações são peças-chave para o sucesso deste setor. Hoje, monitores cardíacos, medidores de pressão arterial, monitores de glicose, entre outros equipamentos, podem se conectar e se comunicar com médicos. Todos estes dispositivos estão criando incontáveis volumes de dados que podem ser usados para manter-nos saudáveis. O desafio agora é aprendermos a aproveitar estes dados, compartilhá-los de forma consistente e fazer com que eles tenham um impacto significativo nos sistemas de saúde.
* Carlos Tunes executivo em business analytics da IBM Brasil
Fonte SaudeWeb
Nenhum comentário:
Postar um comentário