Um técnica experimental que utiliza a fototerapia para tratar pés diabéticos
tem se mostrado eficaz para evitar amputações. Cerca de 90 pacientes já passaram
pelo tratamento no Hospital de Ensino Anchieta, em São Bernardo do Campo. A
iniciativa é resultado de um projeto do médico João Paulo Tardivo, autor da
técnica, em parceria com a Faculdade de Medicina do ABC.
Tardivo, que já desenvolvia trabalhos com fototerapia, teve a ideia de aplicá-la em diabéticos ao atender pacientes que não tinham alternativa além da amputação. Por apresentar uma diminuição da sensibilidade dos pés por causa da neuropatia periférica, o diabético não sente dor e, portanto, não percebe quando o membro inferior sofre lesões. Além disso, a deficiência circulatória e a baixa imunidade associadas à doença fazem com que o ferimento não se cure naturalmente.
Dos 18 pacientes atendidos por Tardivo que já apresentavam osteomielite -
quando a infecção atinge os ossos e existe a indicação de amputação - 17 puderam
manter o membro. Nesses casos, o antibiótico não é eficaz, pois não chega às
bactérias instaladas nos ossos.
No tratamento em teste, a luz tem o papel de provocar uma reação fotoquímica
com o oxigênio presente nos micro-organismos, levando à produção de radicais
livres, que destroem mesmo as bactéria resistentes.
Para chegar ao centro da infecção, Tardivo introduz um cabo de fibra ótica
dentro da ferida. Para conduzir a luz ao interior das bactérias, é utilizada uma
substância fotossensível: o azul de metileno.
Para começar a aplicar a técnica, o pesquisador submeteu à Faculdade de
Medicina do ABC um projeto de criação do Centro de Tratamento do Pé Diabético no
Hospital Anchieta. A proposta foi aceita pela faculdade. Ele já havia publicado
um artigo na revista Photomedicine and Laser Surgery em 2009 sobre a experiência
da utilização da fototerapia. Com o resultado positivo observado nos 90
pacientes já atendidos no centro, o objetivo é propor a exportação do método
para o SUS.
Tardivo destaca a vantagem financeira da fototerapia em relação ao tratamento
convencional. "É mais barato cuidar com esse método do que com cirurgia. Dessa
forma, preserva-se a qualidade de vida e diminuem os custos."
Depois da instalação do centro, que ocupa uma sala do ambulatório, as
enfermeiras começaram a se capacitar para aplicar a técnica. Hoje, pacientes com
outras condições, como ferimento ortopédico ou úlcera por pressão, também
começam a ser tratados com o princípio da fototerapia. "Quando o paciente
diabético chega, muitas vezes já tem indicação para ser amputado porque já se
investiram vários recursos. Veja a importância de se oferecer uma alternativa",
ressalta.
Fonte Estadão
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