São Paulo – O Conselho Federal de Medicina (CFM) declarou ontem
(12) à Agência Brasil que apoia iniciativas, como a do Conselho
Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp), de submeter os formandos de
medicina a provas antes da concessão do registro profissional. O teste, aplicado
há oito edições, passou a ser obrigatório este ano. Domingo (11) parte dos
estudantes de medicina, que discordam da exigência e do modelo da prova,
boicotaram o exame marcando a letra “b” em todas as questões.
“Enquanto não temos uma lei para implantar outro tipo de
avaliação, o conselho federal vai apoiar essas iniciativas. Não só em São Paulo,
mas também em outros estados que queiram fazer. Qualquer medida que busque a
qualidade da formação é bem-vinda”, disse Desiré Carlos Callegari, conselheiro e
primeiro secretário do CFM. Ele disse que, por enquanto, a instância federal
acompanha e estuda os resultados desses exames.
Callegari destacou que o modelo de avaliação a ser defendido
pelo CFM não foi definido pelo plenário do conselho, mas que o formato de um
exame progressivo conta com muitos adeptos. “Pensamos que a melhor forma de
avaliar, tanto a universidade como o aluno, seria uma prova no segundo, no
quarto e no sexto ano de faculdade. As deficiências seriam corrigidas
progressivamente”, explicou.
Além disso, ele ressalta a necessidade de testes cognitivos e
práticos. Essa foi uma das críticas feitas pelos estudantes submetidos ao exame
ontem em São Paulo. “A prova não tinha muitos casos clínicos. O caso clínico
engloba melhor a avaliação do estudante, como ocorre hoje nas provas de
residência”, avaliou o estudante Guilherme Lippi, que faz o último ano do curso
de medicina na Pontifícia Universidade Católica (PUC).
Sobre a qualidade dos cursos de medicina no país, o conselheiro
acredita que houve uma abertura indiscriminada de faculdades, o que está
prejudicando a formação. “Não temos professores e hospitais escola suficientes.
Não tem como pensar um curso de medicina sem um hospital de referência”, avalia.
Ele destaca ainda que o conselho está preocupado com o aumento do número de
denúncias e de processos relacionados à prática médica. “Isso mostra que existe
uma deficiência”, declarou.
De acordo com o CFM, o Brasil tem 197 escolas médicas, ficando
atrás, apenas, da Índia, com 272 cursos e uma população de 1,2 bilhão de
pessoas. Desde 2003, foi autorizado o funcionamento de 69 escolas de medicina.
Desse total, 78% são privadas.
Na última quarta-feira (7), o tema foi debatido em audiência
pública no Senado Federal, informou a assessoria de imprensa do CFM. O Projeto
de Lei do Senado (PLS) 217/2004, de autoria do senador Tião Viana (PT-AC),
propõe a instituição do Exame Nacional de Proficiência em Medicina como
requisito para o exercício da profissão.
Com a lei, os conselhos poderão negar o registro aos formandos
que não atinjam o perfil exigido. Atualmente, as entidades, apesar de poder
exigir a participação no exame, não podem negar o registro caso o estudante não
acerte uma quantidade mínima de questões.
Fonte Agência Brasil
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