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quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Fibromialgia: uma dor que atinge o corpo todo

Dores constantes em todo o corpo, difusas – sem um local ou causa claros – associadas à sensação de nunca estar descansado e com o sono sempre atrasado. Esses são alguns dos sintomas associados à fibromialgia, uma condição que pode atingir entre 5% e 6% da população – na maioria mulheres – e que só pode ser diagnosticada por exclusão, ou seja, após descartadas quaisquer outras condições.
 
A causa da fibromialgia é basicamente um desequilíbrio no conjunto de sinais que identificam as dores no organismo e que se hiperamplificam por alguma razão. Com isso, a sensação de toque no corpo do indivíduo pode se tornar um martírio. Um tapinha nas costas pode ser algo extremamente desconfortável. Mas as dores podem ser mais ou menos intensas dependendo de uma série de fatores, incluindo os psicossociais – como o estresse e traumas, por exemplo. A fibromialgia precisa de atenção global e inclui o acompanhamento de médicos especializados em dor, fisiatras, psicólogos, psiquiatras e educadores físicos.
 
“Se o indivíduo tem esse padrão de dor – que atinge todo o corpo, constantemente e de forma difusa – por mais de três meses, é interessante que ele procure um profissional médico especializado para avaliar se pode ou não ser fibromialgia. Como é um diagnóstico por exclusão, é preciso que se façam diversos exames para saber exatamente as causas dessas dores”, explica Nilton Salles, reumatologista do Centro da Dor do Hospital Nove de Julho, em São Paulo.
 
Fibromialgia atinge todas as idades, mas as mulheres têm maior incidência
Não existe uma idade para que a fibromialgia apareça. Crianças podem ter a condição, por exemplo, mas o público mais atingido são as pessoas na faixa dos 30 aos 50 anos, e, principalmente, as mulheres, aponta Salles. “São pessoas que sentem mais dores e acham que isso é normal. Afinal, a fibromialgia não é disfuncional, as pessoas vivem normalmente, mas com dor. Algumas dessas pessoas podem aprender, naturalmente, a conviver com essa dor, mas nem sempre isso acontece”, diz.
 
A fibromialgia, dizem estudos, também aumenta os riscos desses indivíduos desenvolverem maiores riscos para doenças cardiovasculares. Isso porque a ansiedade e a depressão – fatores de risco para a saúde do coração – também fazem parte do conjunto de sintomas da doença, além de maior incidência de arritmias cardíacas. As dores no corpo também podem levar ao sedentarismo. Além disso, os indivíduos com fibromialgia também têm um maior risco de consumo de álcool e outras drogas.
 
Médicos mal informados podem contribuir para o subdiagnóstico
Apesar de a fibromialgia ser foco de diversas pesquisas científicas, sendo comprovadamente uma condição que altera a sensibilidade à dor até mesmo no nível neurológico, muitos médicos simplesmente “não acreditam” que a condição possa existir.
 
“A dor não é algo que dê para medir com aparelhos. É uma percepção do indivíduo e o médico tem de acreditar que, para o paciente, aquela intensidade de dor é um incômodo. Não é possível medir a dor do outro por nós mesmos. E isso leva alguns profissionais a acharem que a fibromialgia é um transtorno psicológico, por exemplo, ou que o paciente quer chamar a atenção com uma dor que é em todo o corpo e não tem um foco específico. Esses profissionais podem acabar receitando analgésicos e anti-inflamatórios, fármacos que não resolvem o problema no caso de fibromialgia”, alerta Salles.
 
Exercícios físicos são a base do tratamento da fibromialgia
“O tratamento para a fibromialgia não leva à remissão total das dores. O indivíduo apenas aprende a contornar as crises. Esse tratamento pode envolver remédios – anticonvulsivantes e antidepressivos, que agem no cérebro, ao contrário dos analgésicos –, mas a base para vencer as dores é ter uma rotina de atividades físicas. Um corpo bem condicionado fica menos sensível às dores, menos propenso à depressão e ansiedade, melhora o padrão de sono e, consequentemente, a pessoa se sente mais descansada”, explica Milton Salles.
 
Outro ponto importante no controle da doença são os fatores psicossociais, completa o especialista. “O gatilho para que as dores se tornem mais intensas podem ser causados por uma situação estressante no dia a dia – como a morte de um ente querido ou falta de dinheiro – traumas antigos e mal resolvidos e quaisquer outros transtornos mentais que o indivíduo possa ter desenvolvido. Por isso a importância do psicólogo ou psiquiatra na equipe que vai atender esse paciente.”
 
Um indivíduo que tenha esse tratamento multidisciplinar, que se engaje em atividades físicas constantes e seja bem informado sobre a sua condição – e que, portanto, observa com mais atenção os gatilhos para as dores – pode diminuir bastante o risco de crises mais severas e os riscos que a fibromialgia traz em longo prazo para a saúde. “Outra coisa é que as pessoas com essa condição não desanimem somente porque a doença não tem cura. A condição não deixa sequelas. É possível conviver com a fibromialgia e ter uma vida normal”, finaliza Salles.
 
Fonte O que eu tenho

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