A dependência de celular, um comportamento que pode ser considerado o transtorno mental da década, tem características similares à de outros transtornos clássicos, como o de compras compulsivas. É o que diz uma pesquisa feita pela Universidade de Baylor, nos EUA, e publicada no periódico Journal of Behavioral Addictions.
“Os celulares são parte da nossa cultura de consumo”, explica James Roberts, o principal autor do estudo, “E não é apenas uma ferramenta, mas um símbolo de status. Além disso permeia diversas questões em nossos relacionamentos interpessoais ou mesmo românticos”, completa. Exatamente por isso, diz o autor, o celular deixou de ser apenas um objeto de uso e passou a ter outras percepções associadas a ele.
“Esses aparelhos de celular funcionam da mesma maneira que chupetas para crianças mais velhas: amenizam a sensação de necessidade causada por um comportamento compulsivo e ritualístico, ou seja, não são realmente necessários, mas trazem alívio para algo que não se tem controle”, diz Stephen Pirog, outro dos autores envolvidos no estudo. “É importante lembrar que a impulsividade e compulsão estão associados a outros comportamentos de adição ou vício”.
Os dados colhidos pelos pesquisadores apontam que um adulto envia, em média, até 110 mensagens de texto por dia, recebem quase o mesmo número (113 mensagens) e costuma checar seu celular, sem nenhum motivo aparente, até 60 vezes durante o dia. Dados como número de ligações e tempo gasto na internet, foram deixados de lado, pois poderiam compor outros tipos de transtornos (como ansiedade e síndrome de burnout no primeiro caso, ou vício em internet, no segundo caso).
“Costumamos pensar que esses comportamentos são apenas parte do uso do objeto, mas há um excesso em todos esses números. Os sentimentos envolvidos, como afirmar ‘não conseguir deixar de chegar os celulares durante uma refeição’ ou ‘ficar irritado por alguém não responder uma mensagem’ é algo um pouco além da resposta normal esperada. O celular está se tornando algo que suplanta diversas outras questões e interações sociais”, dizem os autores.
O hábito, analisado mais a fundo, tem semelhanças com diversos outros vícios ou dependências. “Quando algo vai além da sua utilidade, se tornando uma necessidade constante, da qual não se consegue parar de pensar – como checar o aparelho mais de 60 vezes sem necessidade alguma, como apontam nossos dados -, nesse ponto temos uma dependência. E a dependência do celular tem se mostrado tão danoso quanto outras compulsões, como aquela por compras, já que envolve um consumo e o total descontrole nesse hábito”, aponta Roberts.
Fonte O que eu tenho
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