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terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Conheça mitos e verdades sobre exercícios abdominais

Receita "infalível" para perder a barriga, todo mundo tem. Para entender o que faz sentido e pode dar resultado em um programa para fortalecer o abdome, a Folha perguntou a educadores físicos, treinadores, fisiologista e fisioterapeuta o que há de mito e de verdade nas orientações para esses exercícios.
 
Tire suas dúvidas a seguir.
 
Exercício localizado faz perder barriga?
Não. "O que faz perder barriga é uma boa dieta", afirma o fisioterapeuta Leonardo Machado. Atividade aeróbica também ajuda, porque aumenta o gasto calórico.
 
"No treino aeróbico a pessoa perde gordura no corpo todo, não apenas na barriga", diz Saturno de Souza, diretor técnico da rede Bio Ritmo. E os exercícios localizados não fazem com que a perda de gordura ocorra em uma região específica.
 
"O gasto calórico dos abdominais é irrisório, não serve para emagrecer", diz Turíbio Leite de Barros, da Unifesp.
 
É melhor fazer os exercícios todos os dias ou deixar o músculo descansar?
O aumento da massa muscular não acontece durante o exercício, mas sim no período de repouso, explica o fisiologista do exercício Turíbio Leite de Barros, professor da Unifesp.
 
"É preciso pelo menos 24 horas de descanso para o músculo recuperar o estoque de energia gasto durante o exercício e se refazer dos microtraumas provocados pelo esforço. É esse processo que cria volume e definição muscular", diz.
 
Quem não tem como objetivo uma barriga hipertrofiada pode fazer os exercícios abdominais diariamente, desde que não sejam muito intensos e que trabalhem diferentes músculos a cada dia --por exemplo, alternando exercícios para os retos do abdome e para os transversos--, sugere Saturno de Souza, diretor técnico da rede Bio Ritmo.
 
Aparelhos resolvem ou é melhor usar o peso do próprio corpo?
Para acionar vários grupos musculares na execução de um exercício, o melhor é usar o peso do próprio corpo, diz Luciano D'Elia, especializado em treino funcional.
 
No aparelho, os músculos são trabalhados de forma isolada, algo que não acontece quando a pessoa se movimenta normalmente para realizar atividades cotidianas.
 
Estudos realizados no departamento de cinesiologia da faculdade de Los Angeles com aparelhos que medem com eletrodos a atividade muscular mostraram que, sem aparelhos, o trabalho dos músculos é um pouco maior, conta Eduardo Neto, diretor técnico das academias Bodytech.
 
Mas os aparelhos podem ser vantajosos para o iniciante, porque evita que a pessoa force outras partes do corpo, como o pescoço, durante a execução do exercício, diz o educador físico Saturno de Souza.
 
Quais são as principais características dos novos abdominais?
Para começar, os exercícios abdominais do momento não são feitos com a pessoa deitada no chão ou sentada, como nos treinos de abdome convencionais. Alguns desses movimentos nem mesmo parecem abdominais.
 
"Fazemos, por exemplo, exercícios de agachamento, parece que são para a perna. Mas o aluno tem que fazer o movimento contraindo o abdome, para manter a postura, e assim ele também exercita os músculos dos glúteos e da região lombar", conta o professor Luciano D'Elia, que é especializado em treino funcional.
 
Os "novos" abdominais incluem exercícios isométricos -- caracterizados pela contração muscular sustentada por algum tempo, sem que aconteça o movimento das articulações.
 
Esses exercícios substituem aquelas numerosas repetições das flexões tradicionalmente usadas para o fortalecimento da barriga. Já há um consenso na área acadêmica que esse tipo de abdominal não é tão eficiente e acaba aumentando o risco de lesão na coluna, especialmente na lombar.
 
Agora, "a pessoa é deixada por alguns segundos em uma posição que exija a contração do abdome e dos glúteos, como acontece em algumas posturas invertidas da ioga", exemplifica a educadora física Juliana Romantini, professora da academia Cia. Athletica.
 
Gerar instabilidade, fazendo a pessoa subir em uma bola ou ficar de pé em uma prancha, é outra estratégia utilizada nas novas aulas de abdominais para trabalhar a musculatura mais profunda da região.
 
Quanto maior o número de repetições, melhor é o resultado do treino para fortalecer o abdome?
Não é verdade. Os abdominais são músculos naturalmente solicitados o tempo todo: você os usa para manter a postura ereta, caminhar e levantar objetos. "Não é preciso muitas repetições em aula para tonificar a barriga", diz Juliana Romantini, professora da Cia. Athletica.
 
E para quem quer resultados mais visíveis, como uma barriga tanquinho? "Muita repetição não é o mais indicado para ganhar definição muscular. Esse resultado pode ser obtido com uma combinação de treino, alimentação e repouso", afirma o educador físico Luciano D'Elia, especialista em treino funcional.
 
Dá para ganhar uma barriga 'chapada' em um mês de treino?
Até dá, mas vai perder rápido também. O corpo funciona em ciclos: ao atingir o condicionamento máximo passa a perder o que ganhou. "Muitos tentam reverter isso se enchendo de suplementos e anabolizantes", diz Saturno de Souza. Resultados visíveis e duradouros só surgem depois de 10 a 12 semanas de treinos.
 
Os resultados dos abdominais são iguais para homens e mulheres?
O metabolismo masculino favorece o ganho de massa muscular, que é bem maior e mais rápido neles, afirma o fisiologista do esporte Turíbio Leite de Barros, da Unifesp. Mas, em compensação, os homens têm mais facilidade de acumular gordura apenas na região da barriga (enquanto nas mulheres o acúmulo maior costuma acontecer na região do quadril).
 
Os exercícios abdominais podem ser os mesmos para homens e mulheres. "O que vai mudar é a intensidade do treino e a carga, que são maiores para os homens", afirma o educador físico Luciano D'Elia
 
Abdominais devem ser os últimos exercícios da sessão de musculação?
É controverso. "É mais seguro deixar os abdominais para o final. Se esses músculos já estiverem cansados, o aluno não conseguirá segurar a postura nos outros exercícios, o que elevará o risco de lesão", defende o professor Saturno de Souza.
 
O treino funcional prega o oposto, mostra o professor Luciano D'Elia: "O centro do corpo é a parte mais importante do treino, precisa ser exercitada no momento de maior pique, logo após o aquecimento".
 
Fazer apenas exercícios aeróbicos é suficiente para acabar com a barriga?
Aeróbicos são a melhor forma para acabar com o excesso de gordura abdominal, afirma Turíbio Leite de Barros. Mas esses treinos não dão resultados sem uma reeducação alimentar, lembra o fisioterapeuta Leonardo Machado.
 
Para a professora de educação física Juliana Romantini, da academia Cia. Athletica, não adianta só perder gordura. "Se a pessoa tem hábitos posturais que fazem a barriga saltar, precisa de exercícios para corrigir isso."
 
É bom manter a barriga sempre contraída?
Nenhum grupo muscular foi feito para trabalhar o dia todo, responde o fisioterapeuta Leonardo Machado. "Só os músculos do coração e do diafragma fazem isso, mas de forma alternada", diz ele.
 
Manter o abdome sempre contraído inverte a curvatura lombar, aumentando a pressão nos discos intervertebrais. A contração também faz pressão sobre os órgãos e dificulta o trânsito intestinal, o que pode causar de gases a hérnias, segundo Machado.
 
Fonte Folhaonline

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