Quando os suplementos são mal administrados podem oferecer sérios riscos à saúde |
Em busca de um corpo perfeito, muitas pessoas se submetem a dietas milagrosas, malham em excesso, alimentam-se de maneira incorreta e abusam de medicamentos e/ou suplementos alimentares, sem saber exatamente qual é a função destes para o organismo. Os suplementos alimentares quando indicados e consumidos adequadamente proporcionam resultados positivos para o corpo, mas é preciso ficar atento para não fazer com que seu uso seja maior do que o indicado.
Segundo Suzete Motta, médica com prática ortomolecular e formação em estética médica, os suplementos alimentares são preparações destinadas a complementar a dieta e fornecer nutrientes como vitaminas, minerais, fibras, ácidos graxos e aminoácidos, que podem estar faltando na dieta cosumida. Estes suplementos são produzidos a partir de alimentos, no entanto, podem ser consumidos por meio de formatos variados e de forma que adeque-se ao cotidiano do paciente, que pode ser em pó, líquido, pastilha, granulado ou em tablete.
Geralmente os suplementos são utilizados por pessoas que desejam ou necessitam aumentar determinado nutriente ou substância, seja por carência alimentar ou necessidade por gasto alto, como nos casos de atletas de alta performance, lembrando que nestes atletas a necessidade calórica chega a 3000kcal/dia.
— Nestes casos são indicados quando a pessoa sofre carência de algum nutriente e o suplemento tem a finalidade de repor essa substância de forma prática — destaca a médica.
Além disso, podemos utilizá-los para as pessoas que só malham em academia, desde que tenha uma carga de exercícios que exijam suplementação. Independente da situação, os suplementos só devem ser recomendados por um médico, após adequar a dieta com o consumo de suplemento, visando manter o rendimento com segurança, controlar o peso corporal e o ganho de massa muscular.
Os males do suplemento
Quando os suplementos são mal administrados podem oferecer sérios riscos à saúde. A médica alerta que cerca de 33% dos suplementos comercializados são contaminados com substâncias proibidas, e isso pode acarretar problemas à saúde como câncer, distúrbios hormonais e psicológicos.
— O fígado e os rins podem ser prejudicados quando a pessoa faz uso de altas doses de suplementos. Problemas com espinhas e flatulência também podem ocorrer, porém isso vai depender da tolerância de cada pessoa a determinado produto. Lembrando que pessoas com diabetes, pressão alta, anemia e hepatite só podem fazer uso desse medicamento após avaliação médica criteriosa — alerta a especialista.
Para esclarecer a questão, a médica Suzete Motta explica como cada tipo de suplemento pode afetar o organismo:
• Aminoácido
É indicado para atletas que treinam com frequência e necessitam de reposição rápida de proteínas.
É indicado para atletas que treinam com frequência e necessitam de reposição rápida de proteínas.
— Seu excesso pode desencadear problemas intestinais, hepáticos e renais. Por isso, deve ser consumido com cautela e, principalmente, com orientação médica — diz.
• Glutamina
É recomendada para ser ingerido no pós-treino, pois auxilia na diminuição do estresse muscular e prepara o corpo para o próximo treinamento. Não é indicado para mulheres grávidas ou na fase de amamentação. Ingerida em excesso pode provocar cirrose no fígado, problemas nos rins e síndrome de Reye.
• Termogênicos e queimadores de gordura
Esse suplemento é muito procurado por pessoas que desejam acelerar o metabolismo. Ele só deve ser consumido com prescrição médica para evitar efeitos adversos para a saúde, como taquicardia (que pode levar a uma arritmia) e insônia.
• BCAA
Esse produto é indicado para quem treina pesado e precisa estar com disposição no dia seguinte, pois o BCCA ajuda na recuperação da musculatura.
— O uso da suplementação de cinco a 20 gramas diárias de BCAA em cápsulas ou um a sete gramas por litro de água, não apresenta qualquer efeito secundário. O uso de dosagens maiores pode promover uma inibição de outros aminoácidos e provocar desgaste gastrointestinal — alerta Suzete.
• Óxido nítrico
Antes de consumi-lo, as pessoas devem saber sobre seus efeitos colaterais. O descuido e a alta dosagem podem causar sérios danos ao corpo como, por exemplo, problemas respiratórios, coceira, vômitos, tremores, asma e sudorese intensa.
• Creatina
Esse nutriente é encontrado em alguns alimentos de origem animal, especialmente a carne vermelha. O uso da creatina melhora o rendimento do treino e diminui o tempo de recuperação dos músculos.
— É preciso ter cautela na hora de consumi-la. A creatina pode criar uma impressão falsa de aumento muscular, mas o que realmente acontece é que provoca uma reserva de água dentro das células e, por isso, muitas pessoas ficam inchadas — garante a médica.
• Hiperproteicos
São os derivados de proteínas do leite, soja ou ovo. Os hiperproteicos devem ser utilizados com precaução para não sobrecarregar a função hepática. Um dos mais conhecidos é o Wheyprotein. O consumo de proteínas de maneira inadequada pode inibir a própria síntese proteica endógena, além de prejudicar o funcionamento de alguns órgãos como rins e fígado.
• Estimulantes
São feitos à base de substâncias como cafeína e guaraná com a finalidade de acelerar a função metabólica e estimular o sistema nervoso central. O uso inadequado pode causar dependência psicológica e problemas como aumento da pressão arterial, agitação, distúrbios do sono e falhas na coordenação motora.
• Suplementos à base de óleo de cártamo
Visam diminuir os níveis de gordura corporal e o ganho de massa magra.
— Não indico o uso desse tipo de produto pois pode favorecer distúrbios do trato gastrointestinal, diabetes do tipo 2, inflamação e risco de doenças cardiovasculares — ressalta Suzete Motta.
• Precursores do Hgh
Esse tipo de suplemento é composto de aminoácidos que promovem o aumento do hormônio GH, responsável pelo crescimento e o aumento da musculatura. O uso de qualquer produto que esteja relacionado com a parte hormonal precisa ser orientado por um médico. Seu consumo indevido pode ocasionar diabetes, ginecomastia, síndrome do túnel de carpo e acromegalia.
• Suplementos vitamínicos
As vitaminas e os minerais presentes nos alimentos são essenciais para o corpo humano. Porém, se consumido em quantidades exageradas também prejudica a saúde.
Entenda mais sobre o assunto
• Cálcio
Pode ser encontrado em leite e derivados, couve, repolho, brócolis, cebolinha, espinafre, acelga. O excesso pode causar cálculos renais, redução de magnésio no organismo (se combinado à vitamina C), fraqueza muscular, irritabilidade, depressão, problemas de memória, anorexia.
• Fósforo
Está presente em alimentos como leite, carnes de boi, aves e peixes, ovo e cereais. A alta dosagem pode levar à pressão alta, confusão mental e problemas cardiovasculares.
• Magnésio
Essa vitamina pode ser encontrada em castanhas, sementes, nozes, vegetais de folhas verdes e cereais integrais. O excesso de magnésio pode provocar fraqueza muscular, pressão baixa, rubor na face, náuseas, insuficiência respiratória e boca seca.
• Ferro
Está presente no brócolis, cominho, figo, amêndoas, carnes magras, feijão, ovo e fígado. O ideal é consumir 14 mg de ferro ao dia. Caso ultrapasse essa medida, o ferro pode danificar o paladar metálico, causar dor de cabeça, náusea, tontura, pressão baixa, perda de peso, dor nas articulações, problemas do fígado e do coração.
• Zinco
A recomendação diária é de 7 mg e pode ser encontrado em carnes de boi, peru, frango, porco, fígado, ostras, aveia e leite. Em excesso, o zinco pode provocar anemia, febre, queda no sistema imunológico e nos níveis do colesterol HDL (bom).
• Cobre
São considerados ricos em cobre: frutos do mar, fígado, rim, chocolate, nozes, frutas e leguminosas secas, além dos cereais. É preciso atenção, pois em exagero pode causar náuseas, vômitos, hemorragia gastrointestinal, diarreia, anemia e cirrose.
• Manganês
Pode ser encontrado no damasco, aveia, pêssego, soja e agrião. Seu consumo em excesso pode provocar sintomas relacionados ao mal de Parkinson.
— Quando acumulado no fígado e no sistema nervoso, o manganês pode ser muito perigoso e, inclusive, atuar no crescimento de células cancerígenas — adverte.
• Vitamina A
Seu excesso é responsável pelo ressecamento e descamação da pele, dores nos ossos, nas articulações, na cabeça, cãibras, tontura, náuseas, problemas no fígado e no crescimento.
Como identificar o suplemento certo?
Ao contrário do que muitas pessoas acreditam, não basta apenas seguir as orientações do rótulo. O consumo de suplementos deve ser ajustado para o peso, a dieta e a rotina de exercícios físicos de cada pessoa. O ideal é procurar um especialista para indicar a dosagem e a forma correta de utilizar cada suplemento sem colocar a saúde em risco.
Fonte Diário Catarinense
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