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segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Saiba como funciona o transplante que ajuda na regeneração da pele de vítimas de queimaduras

Saiba como funciona o transplante que ajuda na regeneração da pele de vítimas de queimaduras Caco Konzen/Especial
Na tarde da última quarta-feira, dia 30, o Estado recebeu 30 mil cm
 quadrados de pele vindos do Chile
Funcionando como curativos biológicos, enxertos podem atenuar a dor
 
Como os estoques do banco de pele da Santa Casa da Misericórdia de Porto Alegre seriam insuficientes para atender pacientes da tragédia em Santa Maria, na qual morreram mais de 230 pessoas em um incêndio, uma força-tarefa foi organizada de forma emergencial para trazer a Porto Alegre doações para reforçar o banco. O fato despertou a atenção da população para um procedimento até então pouco conhecido: o transplante de pele.
 
Com objetivo de reduzir o risco de infecção, aliviar a dor, ajudar na cicatrização de feridas e queimaduras e reparar tecidos, os enxertos podem ser feitos com pele da própria pessoa ou de outro ser humano, segundo explica o chefe do serviço de cirurgia plástica da Santa Casa, Pedro Bins Ely.
 
— Os enxertos funcionam como curativos biológicos temporários, por um período de duas a três semanas, até que o organismo se regenere — explica o médico.
 
Opções de pele de animais como porco e rã, membrana amniótica e peles artificiais também podem ser utilizadas. Mas esses materiais não são muito comuns no Sistema Único de Saúde (SUS), devido ao alto custo.
 
Até a quinta-feira, nenhuma pele do banco da Santa Casa havia sido utilizada nos feridos do incêndio de Santa Maria, pois os jovens não estavam com o quadro clínico estável para serem submetidos a cirurgias. A maioria recupera-se de pneumonite química.
 
Responsável pela retirada, pela preparação, pelo armazenamento, pela disponibilização e pelo uso de pele humana, o banco gaúcho disponibiliza material para todos os centros de tratamento de queimados do país. O armazenamento pode ser feito por até um ano, mas a alta rotatividade não permite que o material fique estocado tanto tempo. O processo é gerenciado pela Central Nacional de Transplantes (CNT).
 
A biomédica Luana Pretto explica que, até 2008, eram feitas doações de pessoas vivas, mas por conta da dificuldade de que eles retornassem para refazer os exames, a prática foi extinta. Agora, a doação é feita a partir de morte encefálica ou de parada cardiorrespiratória.
 
No Brasil, a lei que permite a retirada da pele de doadores mortos é recente – tem apenas cinco anos, e as famílias precisam autorizar o procedimento. Mas a doação ainda gera medo em muitos familiares, por pensarem que a captação causará algum tipo de mutilação ao corpo do doador. A coordenadora da Central de Transplantes do Estado, Rosana Nothen, explica que não há motivo para se preocupar:
 
— A camada de pele retirada é muito fina e feita em áreas do corpo que não aparecem, como as costas, a barriga e a parte interna das coxas. Tudo, claro, com autorização da família, sem prejudicar a exposição no funeral.
 
Criador do banco e responsável pela portaria que liberou a retirada de pele de doador-falecido, o cirurgião plástico Roberto Corrêa Chem foi uma das vítimas do acidente do voo 447 da Air France Rio-Paris, em 2009. Quatro anos depois, seu legado vai contribuir para aliviar o sofrimento de muitos jovens. O filho, Eduardo Chem, atual responsável pelo banco, garante que as doações darão conta do recado.
 
Saiba mais sobre o transplante de pele
 
Procedimento
É uma camada muito fina, delgada, que fica no corpo como se fosse uma escoriação. Procura-se fazer em partes como coxas, região abdominal e dorso, para não prejudicar a aparência do corpo durante o funeral. A camada retirada ten espessura de 1,5mm.
 
Condição
Para a realização do transplante, é preciso que o quadro clínico do receptor esteja estável
 
Doação
Peles são doadas geralmente por pessoas entre seis e 85 anos, com morte encefálica ou cardiorespiratória
 
Bancos de pele no Brasil
Porto Alegre (RS) - Santa Casa da Misericórdia de Porto Alegre
 
Recife (PE) - Instituto de Medicina Integral de Pernambuco Professor Fernando Felgueiras (Imip)
 
São Paulo (SP) - Hospital das Clínicas da Universidade Federal de São Paulo (HC-USP)
 
Requisitos para doação
Deve-se investigar a história social e clínica do doador pelo atestado de óbito, por meio da equipe médica responsável, e entrevistas com familiares ou pessoas relacionadas ao doador.
 
A entrevista com familiares ou pessoas relacionadas ao doador serve para obter consentimento da doação, investigar presença de antecedentes médicos e sociais que estabeleçam risco de transmissão de doenças infectocontagiosas ou doenças malignas.
 
O que diz a lei
A manifestação de vontade feita na Carteira de Identidade Civil ou na Carteira Nacional de Habilitação poderá ser reformulada a qualquer momento, registrando-se, no documento, a nova declaração de vontade.
 
Após a retirada de partes do corpo, o cadáver será condignamente recomposto e entregue aos parentes do morto ou seus responsáveis legais para sepultamento.
 
Fonte: Lei N° 9.434, de 4 de fevereiro de 1997, que sofreu alteração do Sistema Nacional de Transplantes em 2008, permitindo a retirada de pele pacientes mortos
 
Por Vida

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