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terça-feira, 26 de março de 2013

Dor crônica poderia ser evitada em 90% dos casos

Dor crônica atinge mais mulheres
Especialistas recomendam tratar a dor desde sua primeira manifestação
 
O tratamento já acabou e a doença foi curada, mesmo assim a dor não vai embora. Parece até que o paciente está mentindo, afinal nenhum exame consegue detectar a origem do problema.

“A pessoa até vira motivo de chacota”, conta Manoel Jacobsen Teixeira, especialista em dor e professor de neurocirurgia da Universidade de São Paulo (USP).
 
O verdadeiro problema, explica Jacobsen, é o desconhecimento de muitos médicos sobre os mecanismos da dor crônica. Se eles estivessem mais preparados, cerca de 90% dos pacientes atendidos no Centro de Dor do Hospital das Clínicas não teriam que enfrentar tanto sofrimento.
 
Ao todo, o centro recebe 1 mil pacientes novos por ano. “Mas apenas 10% deles estão com alguma doença ativa”, ressalta. Isso significa que os outros 90% sofrem apenas com a dor que permaneceu após o tratamento para problemas como câncer e fraturas. É a dor que se tornou crônica e independente da doença de origem.
 
Deste total, a maioria (60%) sofre de desconforto músculo-esquelético, como fibromialgia, enquanto outros 30% sofrem com neuropatias, como diabetes e outros males que possam atacar o sistema nervoso. O restante ainda tem as doenças ativas, como AIDS e câncer.
 
Mecanismo da dor
Jacobsen explica que a dor crônica costuma se estabelecer a partir de uma espécie de “cicatriz” na percepção da dor pelo cérebro. “A via nervosa sofre uma sensibilização”, explica. Para uma pessoa sentir dor, seja aguda ou crônica, seu sistema nervoso central precisa registrar estímulos acentuados no organismo e enviar esses sinais ao cérebro.
 
Se o estímulo for constante, o sistema nervoso acaba sendo danificado de maneira permanente. Ele passa a ser mais sensível e interpreta como dor os estímulos que normalmente seriam detectados de outra forma.
 
Ação rápida
A dor passa a ser considerada crônica pelos médicos quando persiste por mais de três meses. Ela pode se manifestar de várias formas, como pontadas e formigamentos, por exemplo. Para evitar que ela se torne constante, o médico deve conhecer os mecanismos do problema e agir rapidamente, antes que a via nervosa sofra a temida sensibilização.
 
“Existem muitos medicamentos que podem fazer isso, como antidepressivos e anticonvulsivantes”, aponta Jacobsen.
 
A anestesiologista e paliativista Inês Melo, da Sociedade Brasileira para o Estudos da Dor (SBED), acredita que, atualmente, as implicações da dor no sistema nervoso já são tratadas de forma diferente nos atendimentos de urgência e emergência. Por muitos anos, explica ela, o paciente era submetido a uma investigação médica para encontrar a causa da dor antes de tratá-la.
 
“Hoje, muitos médicos já tratam a dor antes do diagnóstico. Isso é importante para evitar a criação de uma memória da dor”, explica. "O alívio da dor é um direito humano e não deve ser negado por nenhum médico."
 
O problema é que este tipo de pensamento não é uma unanimidade entre os médicos e as intervenções para evitar a memória da dor nem sempre são feitas. Segundo Jacobsen, a dor crônica é um capítulo mal divulgado nas escolas de medicina.
 
Para reverter esse problema, a SBED está lançando uma campanha durante o 9º Congresso Brasileiro de Dor, que aconteceu em Fortaleza, . Na abertura do evento, especialistas realizaram uma palestra aberta ao público com orientações sobre o problema.
 
"A intervenção contra dor deve ser rápida e efetiva", resume Fabíola Peixoto Minson, diretora da SBED.
 
Última estação
Os médicos afirmam que é comum encontrar pacientes que passaram por uma verdadeira jornada em diversos consultórios até encontrar tratamento adequado para a dor.
 
“Somos a última estação do trem. Recebemos o paciente quando ele não tem mais para onde ir”, afirma Jacobsen, se referindo ao Centro de Dor do HC.
 
Um levantamento recente mostrou que a dor crônica atinge 28% da população paulistana. As principais queixas são de dores nas pernas (22%), nas costas (21%) e de cabeça (15%). As mulheres são as principais vítimas.
 
Fonte iG

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