Redução do número de horas de trabalho de residentes não conseguiu aumentar a quantidade de sono que eles têm durante a semana |
Diminuição da carga horária de médicos residentes pode prejudicar a segurança do paciente e a formação dos médicos. É o que revela estudo de pesquisadores da Johns Hopkins University School of Medicine, nos EUA.
A pesquisa sugere que, embora os internos trabalhem menos, essa redução não é acompanhada por um aumento nas horas de sono, o que acarreta maior incidência de erros médicos.
A equipe de pesquisa avaliou o desempenho de médicos nos EUA após a instituição de novas regulamentações nacionais para restringir ainda mais as horas de serviço de médicos no primeiro ano de residência.
Em 1 de Julho de 2011, o Accreditation Council for Graduate Medical Education (ACGME) trouxe novas restrições aos regulamentos de 2003 sobre as horas de serviço e a supervisão. O ACGME é o órgão responsável por credenciar a maioria dos programas de treinamento de residência médica nos Estados Unidos.
As regulamentações de 2011 reduziram as horas de serviço contínuo de trabalho dos estagiários do primeiro ano de 30 horas para 16 horas consecutivas.
ACGME focou em estagiários do primeiro ano, porque eles são os residentes com menos experiência e podem, portanto, estar em maior risco de cometer erros evitáveis.
A ideia era de que a limitação das horas de trabalho iria ajudá-los a dormir mais, reduzir a fadiga e levar a menos erros médicos graves.
No entanto, em um novo estudo, o pesquisador Sanjay V. Desai e seus colegas demonstraram não haver provas suficientes para sustentar as novas restrições.
Em vez disso, eles dizem que as consequências não intencionais dos novos regulamentos podem estar tornando os pacientes menos seguros e comprometendo a formação de estagiários.
Eles verificaram que a limitação do número de horas de trabalho de residentes não conseguiu aumentar a quantidade de sono que eles têm durante a semana.
Eles também descobriram que a redução das horas de trabalho levou a menor tempo de treinamento.
"As consequências dessas normas abrangentes são potencialmente muito sérias. Apesar de a melhor das intenções, as horas de trabalho reduzidas são algemas para os programas de treinamento, e os benefícios para a segurança do paciente e o bem-estar dos internos não têm sido demonstrados", afirma Desai.
No entanto, ele e seus colegas também ressaltam que mais pesquisas são necessárias para entender o impacto adicional de horas de trabalho reduzidas na segurança do paciente ea qualidade da formação.
Segundo Desai, o limite de 16 horas foi instaurado sem evidências claras de que seria melhora para a segurança do paciente e os resultados. "Precisamos de um estudo rigoroso. Precisamos de dados para informar esta questão crítica. Agora é a hora de buscá-los", destaca.
O estudo
Desai e seus colegas compararam três padrões diferentes de trabalho nos meses que antecederam as mudanças de 2011. Eles separaram aleatoriamente internos para um de três grupos e acompanharam por um a três meses.
Um grupo tinha um padrão de trabalho que cumpriu o modelo de 2003 de estar de plantão todas as noites com um limite de trabalho de 30 horas.
Os outros dois grupos trabalharam com modelos compatíveis com as mudanças de 2011, um em que os internos estavam de plantão cinco noites por semana, mas trabalhavam apenas 16 horas seguidas, e o outro sendo uma programação oscilante, onde internos trabalharam uma semana normal no turno da noite não mais do que 16 horas.
Mas enquanto Desai e seus colegas descobriram que, em comparação com os internos com plantões de 30 horas, os do esquema limite de 16 horas tiveram, em média 3 horas a mais de sono nas 48 horas de folga, não houve diferença na quantidade de sono dos dois grupos durante a semana.
Assim, mesmo que o padrão compatível com as mudanças de 2011 tenha dado a cada estagiário 14 horas extras fora do hospital, eles só usaram 3 delas para dormir.
Segundo Desai, a rigidez das regras atuais da ACGME sufoca a inovação. "Mudanças políticas drásticas, como a mudança para 16 horas, sem uma melhor compreensão das suas implicações são preocupantes. A formação da próxima geração de médicos está em risco", alerta o pesquisador.
Fonte isaude.net
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