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quarta-feira, 27 de março de 2013

Médico brasileiro trata soldados viciados com "faxina cerebral"

Divulgação
Médico brasileiro cria método para tratar soldados dependentes
Em Israel, ele elaborou o método para atender viciados em heroína, morfina e remédios para a dor e promete recuperar o cérebro dos dependentes em 36 horas
 
André Waismann é brasileiro, fez faculdade do Rio de Janeiro e há 25 anos foi convidado para trabalhar em Jerusalém, onde montou uma clínica. Ele também ocupou o posto de médico do exército daquele país e passou a atender casos de soldados dependentes químicos, em especial, viciados em drogas para aliviar a dor (morfina e heroína) das sequelas da guerra.
 
Para dar conta da demanda majoritária no consultório – formada também por artistas famosos (público sobre o qual ele se nega a falar em entrevistas) criou um método que funciona como uma espécie de "faxina cerebral". Desde que começou a atuar, ele já declarou ter atendido cerca de 15 mil pacientes com um modelo que foca no sistema cerebral e não nos aspectos comportamentais que envolvem a dependência química.
 
As drogas que ele utiliza para fazer o "detox" dos dependentes são aprovadas pelo FDA (órgão regulador de medicamentos dos EUA) mas a visão única e não multifatorial da doença – como pregam os psiquiatras do mundo todo – faz com que o "método Waismann" esteja longe de ser aceito como uma unanimidade.
 
Waismann, por sua vez, diz ter focado as pesquisas na área da neurociência para elaborar o modelo de atendimento que prevê apenas 36 horas de internação após intensa desintoxicação cerebral. As pessoas são sedadas e recebem medicações por via venosa com objetivo de interferir no mecanismo cerebral de recompensa ativado com o consumo de substâncias psicoativas.
 
Segundo ele, neste processo, os neurotransmissores que reagem no contato com a droga são desativados. Deixam de produzir endorfina, responsável pela sensação de euforia e bem-estar, como resposta aos entorpecentes. Para Waismann, a garantia do sucesso é que esta desintoxicação rápida blinda os dependentes dos danos causados pela abstinência.
 
No Brasil, os casos de dependência de medicamentos estão em ascensão, mas o crack, a cocaína e o álcool ainda figuram como o trio mais danoso na dependência química brasileira que já comete 10% da população brasileira segundo o último censo feito pela UNiversidade Federal de São Paulo (Unifesp).
 
Nesta entrevista , André Waismann afirma que seu método não funciona para estas drogas e diz ainda que, atualmente, o crack é a droga mais perigosa que existe.
 
“Para ele, ainda não há tratamento”.
 
Leia a seguir a entrevista concedida por email.
 
iG: Por que o senhor acredita que a saúde, de uma forma geral, só aborda e discute as questões comportamentais relacionadas ao uso de drogas?
Waismann: A dependência química é primariamente um evento neurológico ou metabólico. A falta de tratamentos efetivos em humanos causa a cronificação da doença. A cronificação da doença vai gerar sérios comprometimentos comportamentais. A radical mudança comportamental vai acentuar o abuso e piorar a doença.
 
iG: Não considerar o comprometimento neurológico do dependente nas estratégias de saúde coloca em risco o tratamento? Da mesma forma, só considerar os aspectos neurológicos também não seria um equívoco?
Waismann: O ser humano é complexo, o corpo humano também. Tudo está interligado. Os diferentes aspectos de cada condição ou doença devem ser considerados, mas com um nível diferente de importância. Existe também a prioridade de tratamento. Um doente com diabetes, por exemplo, deve ter equalizado primeiro os níveis de glicose/ insulina antes de serem avaliados os problemas psicológicos causados pela doença.
 
i G: Como o senhor começou a trabalhar com dependentes químicos e como foi o processo de elaboração do seu método de tratamento?
Waismann: Em 1988, fiquei responsável pelos assuntos médicos de toda a região de Jerusalém. Foi quando passei a atender centenas de dependentes. Então iniciei a busca por soluções. Anos depois, trabalhando com medicina neonatal , fui exposto a recém-nascidos de mães dependentes que já nasceram dependentes. Na época eu era também major no exército e alguns soldados se tornaram dependentes de morfina, por consequência de ferimentos sérios. Enfim, em nenhum dos casos, eu encontrei tratamentos eficientes. Meu método é baseado em usar antagonistas, medicações que competem com os opiáceos (remédios) no receptores do cérebro. Com isso, rapidamente o formato do cérebro dependente é alterado e as crises de abstinência são impedidas.
 
i G: Temos no mundo hoje um aumento progressivo da dependência de medicamentos. O senhor conseguiria apontar as causas desse crescimento?
Waismann: O uso cresce pela divulgação agressiva de remédios contra dor. Anos atrás, a dor foi reconhecida como uma doença em si, não só como um sintoma. Por esse motivo, foram criadas enfermarias e clínicas específicas para tratá-la. O resultado foi que o uso de prescrições médicas de opiáceos aumentou tremendamente e a crescente dependência é resultado disso. Outro aspecto é o beneficio imediato que o opiaceo causa. É uma sensação de bem-estar, quase de euforia, que faz com que as pessoas continuem usando as medicações mesmo quando a dor não está mais lá. O problema é que com o tempo, a euforia passa e a dependência fica.
 
iG Uma das vantagens citadas sobre o método criado pelo senhor é a rapidez dos resultados (36 horas). Este método funcionaria para todos os tipos de droga, como maconha, cocaína, crack e álcool?
Waismann: Não, o tratamento que eu desenvolvi é para substâncias derivadas do ópio, como a morfina e a heroína
 
i G: Consegue citar qual é a droga mais perigosa atualmente?
Waismann: O crack é, sem dúvida, a mais perigosa de todas as drogas. Principalmente por não existir tratamento eficaz para ele.
 
iG: No Brasil, estados como Rio e São Paulo adotaram como estratégia da internação compulsória de usuários de crack. O senhor concorda com ela?
Waismann: O único tratamento possível para o crack atualmente é afastar o doente do crack. Por isso, eu só posso concordar com a estratégia de internação compulsória.

Fonte iG

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