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quarta-feira, 27 de março de 2013

Agenda lotada: excesso de atividades pode ser prejudicial para as crianças

Quanto mais atividades eles têm, maiores são as
obrigações e a responsabilidade
Saiba qual o limite das obrigações na infância
 
Segundas e quartas, natação e inglês. Terças e quintas, balé. Sábados, ginástica olímpica. Ufa! Cada vez mais, os pais estão ocupando seus filhos com atividades extracurriculares, que vão desde exercícios físicos até o aprendizado de idiomas.
 
Que as atividades fora da escola beneficiam as crianças, não há dúvidas. Mas qual é o limite?
 
Manter-se ocupado é importante, inclusive para os pequenos. Ter obrigações resulta em disciplina, ajuda as crianças a se socializar e a administrar o tempo. Mas o excesso de atividades não combina com o universo infantil. A prática pode resultar na perda de concentração e comprometer a saúde dos pequenos. Quanto mais atividades eles têm, maiores são as obrigações e a responsabilidade. Isso faz com que muitos acabem desenvolvendo distúrbios bastante comuns em adultos, como a depressão e o estresse.
 
Luiza Costa Silva, de nove anos, divide seu tempo entre a escola, as aulas de natação, de inglês, e agora também aulas de catequese às quartas-feiras. Apesar de ter uma agenda bastante ocupada, Luiza ainda consegue achar tempo para brincar. Isso porque, há alguns anos, sua mãe viu que o excesso de atividades estava prejudicando a filha.
 
— Houve momentos em que a Luiza apresentou dores de cabeça, de estômago e outras queixas. Aí vimos que ela estava sobrecarregada e decidimos controlar mais as atividades — explica a enfermeira Ângela Maria Costa Silva, 43 anos.
 
Preocupada com a saúde física e mental da filha, Ângela decidiu buscar um acompanhamento profissional para gerenciar a agenda de Luiza, e manter, assim, um equilíbrio entre as horas de estudo e as de lazer:
 
— Este ano, ela queria fazer natação, judô e mais uma atividade física. Eu tive de dizer não, e fazer ela escolher só um exercício. Assim podemos organizar melhor nosso dia, e sobra tempo para brincar.

Infelizmente, não são todos os pais que têm esse cuidado, explica a psiquiatra e psicanalista de crianças e adolescentes Marlene Silveira Araújo. Muitas crianças sofrem com o excesso de atividades porque os pais acreditam que isso os deixará mais preparados para o futuro, e pensam que é necessário despertar a competitividade desde cedo para garantir o sucesso profissional. Além disso, existe a dificuldade de não ter onde deixar os pequenos durante o dia. Para resolver o problema, os pais mantêm os filhos ocupados o máximo possível.
 
— Não podemos esquecer que, na correria do dia a dia, às vezes falta tempo para dar atenção aos filhos. Com as atividades, os pais tentam também aliviar uma certa culpa de sua ausência física e emocional — comenta a psicóloga Carla Melani.
 
Problemas de adultos
Sintomas como os citados no quadro acima, comuns na vida de adultos pelo estresse diário, não deveriam fazer parte da realidade das crianças, afirma a psiquiatra Marlene Silveira Araújo:
 
— Existe uma demanda na sociedade atual na qual as pessoas têm que estar preparadas para a competição, onde o melhor é que vai levar vantagem. Os pais querem criar os filhos para esse mundo e acabam se precipitando ao inseri-los na realidade adulta antes que eles tenham se desenvolvido, antes que estejam maduros.
 
Os pais devem ficar sempre atentos para os sinais de que algo não está bem. Quando forem identificados, é preciso conversar com os filhos para tentar entender o que está causando o mal-estar. Para a presidente da Associação Brasileira de Psicopedagogia (ABPp), Quézia Bombonatto, é preciso, em primeiro lugar, prestar atenção nos pequenos:
 
— Deve-se "decifrar" os sintomas com as mensagens que a criança envia. Depois de conversar e levantar os motivos que foram apontados, deve-se ponderar e tentar modificar a situação.
 
Se mesmo depois do diálogo o problema persistir, é importante procurar a ajuda de especialistas para identificar o que está acontecendo com a criança.
 
Não dá para fazer tudo
Balancear os desejos da criança com o que é recomendado pode ser um desafio. Na infância, a vontade de conhecer e experimentar tudo é saudável e comum, mas é aí que a experiência dos adultos pode ajudar. Os pais devem conversar com os filhos e ensiná-los que nem tudo é possível, que existem limites e eles devem ser respeitados. Uma forma de mostrar isso é fazer os pequenos escolherem entre as diversas opções disponíveis.
 
Como é um momento de descoberta, os pais devem também estar preparados para mudanças. As crianças estão conhecendo os diferentes esportes, instrumentos musicais e demais habilidades. Só que, muitas vezes, podem não se adaptar a eles.
 
— Nunca se deve forçar a prática de algo que a criança não gosta ou com a qual não se adapta. Somente experimentando ela poderá desenvolver interesse por áreas distintas — explica Carla.
 
Os pais devem sempre ter em conta que as atividades extras são importantes, mas não devem ser colocadas como obrigações. As crianças precisam ter afinidades e gostar do que estão fazendo.
 
— É preciso que os pais saibam que, se as crianças não forem sadias, não serão adultos capazes de competir por coisa alguma, podem se tornar adultos frustrados e inseguros — complementa a presidente da Associação Brasileira de Psicopedagogia (ABPp), Quézia Bombonatto.

O ritmo ideal

Até dois anos
Durante os primeiros anos de vida, o objetivo é descobrir as coisas, aprender a socializar e brincar. Por isso, é necessário que a criança tenha tempo livre para interagir com outras crianças. Não é recomendável nenhuma atividade extra nesse período.
 
Três a cinco anos
A criança já deve começar a frequentar a escolinha, onde as brincadeiras são mais organizadas. A fantasia tem um papel importante, então é preciso deixar os pequenos criarem e imaginarem livremente. Além da escola, os pais podem levar os filhos em uma ou no máximo duas atividades extras, que devem ser mais lúdicas, como a música, ou que impliquem movimento, como a natação.
 
A partir dos seis anos
Ela passa a desempenhar mais tarefas escolares, e a responsabilidade aumenta. Por isso, é preciso organizar melhor os horários. A lição de casa deve ter hora para terminar, e a criança precisa de um período ainda grande de lazer. Atividades extras em grupo, como futebol, inglês ou ginástica olímpica, por exemplo, são recomendadas — mas sem exagero.
 
Pré-adolescência
As demandas e a carga de estudo aumentam. É preciso ensinar os jovens a organizar seu tempo, dedicando um período para o estudo e outro para atividades extras — tudo isso sem esquecer do lazer. Nesse período, é possível reduzir o tempo dedicado às atividades lúdicas para cerca de duas a três horas por dia. Se não configurar um compromisso, não há restrições para a criança praticar diversas atividades, como tocar um instrumento, pintar ou desenhar, praticar esportes e brincar ao ar livre. As crianças precisam experimentar várias atividades e, a partir daí, manifestar interesse por alguma delas.
 
Saiba a hora de desacelerar
Para evitar que seu filho sofra com o excesso de atividades, é preciso ficar atento a alguns sintomas comuns que mostram que a coisa não está bem:
 
- Recusa em ir à aula

- Distúrbios no sono (dificuldade para dormir ou para acordar)

- Mudança no humor

- Perda ou excesso de apetite

- Baixo rendimento escolar

- Dores de cabeça constantes

- Irritabilidade, tristeza e agressividade em excesso
 
Fonte Blog Meu Filho

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