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terça-feira, 16 de abril de 2013

Em quatro anos, venda de hormônios sintéticos da tireoide cresce 65%

Médicos alertam que uso indevido compromete o organismo e tem efeito pouco duradouro
 
A venda de hormônios sintéticos da tireoide cresceu 65% entre os anos 2008 e 2012, segundo um levantamento da consultoria IMS Health, que analisa dados da indústria farmacêutica. Um dos medicamentos é o segundo mais vendido no País. O fenômeno — ainda subdimensionado, porque os dados não levam em consideração medicamentos manipulados — pode estar ligado ao crescente consumo do produto não só por quem sofre de disfunção na tireoide, mas por pessoas interessadas em emagrecimento rápido (uso "off label"). Médicos alertam que o uso indevido do hormônio compromete o organismo e tem efeito pouco duradouro.

Em agosto, reportagem do jornal O Estado de S.Paulo já havia apontado crescimento do consumo de medicamentos para diabete, epilepsia e depressão como alternativas para perda de peso, depois que a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) proibiu a comercialização de emagrecedores à base de anfetaminas. O hormônio tireoidiano é um hormônio de atividade — é liberado no organismo nas reações de fuga e combate, explica Laura Ward, presidente do Departamento de Tireoide da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, e professora de clínica médica da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas).
 
—Esse hormônio é destinado a prover energia para os músculos. Mas, em excesso, consome esses músculos. Perde-se peso, sim. Mas não é um bom emagrecimento, porque a perda é de músculo, e não de tecido gorduroso. A preocupação maior é com as fórmulas manipuladas. Alguns colegas (médicos) são criminosos; deveriam ser denunciados. Eles prescrevem o hormônio tireoidiano puro, o T3, que é o de maior atividade: acelera o coração, causa arritmia, pode levar à isquemia do miocárdio e até ao infarto.

Histórico
O uso indevido do hormônio tireoidiano vem sendo percebido há alguns anos. Um estudo da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), publicado em 2007, já apontava o uso elevado da substância. "O estudo principal era sobre a prevalência do hipotireoidismo na população, que estava em 12,3%. Mas incluímos uma pergunta sobre uso de fórmulas, chás e remédios para emagrecer. Encontramos um número muito grande", afirma a epidemiologista Rosely Sichieri, da UERJ.

Das 1.296 mulheres que participaram do estudo, 34% tinham usado as substâncias ao menos uma vez na vida, e outras 11% relataram tê-las consumido nos dois meses anteriores à realização da pesquisa. Ao testar o sangue das voluntárias, as que haviam usado os medicamentos mais recentemente tinham nível do hormônio tireoidiano TSH reduzido.
 
— Isso significa que elas estavam com hipertireoidismo.
 
De acordo com o especialista em treinamento esportivo Marcelo Ferreira Miranda, integrante do Conselho Federal de Educação Física, o uso indevido de hormônios da tireoide é uma prática simples de ser percebida pelos professores que atuam nas academias de ginástica.

—A pessoa sua muito, fica ofegante, tem aumento da pressão arterial e da frequência cardíaca. Nas avaliações regulares, aparece a perda de massa muscular. As academias acabam carregando o estigma de que estimulam ou são coniventes com essa prática. Não é verdade. A orientação é que as pessoas busquem recursos naturais e saudáveis para emagrecer.

A médica Flávia Pinho, nutróloga do Espaço Stella Torreão, já atendeu pacientes que estavam tomando hormônios da tireoide.
 
—Às vezes tinham prescrição médica; outras vezes, não. Como método de emagrecimento é um método fugaz. Quando parar o hormônio, o metabolismo anterior volta. O risco é de desenvolver deficiência hormonal e depender do medicamento para o resto da vida.
 
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
 
Fonte R7

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