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terça-feira, 16 de abril de 2013

Vigilância Sanitária quer redução do teor de iodo no sal

O excesso do nutriente pode desencadear a tireoidite de
Hashimoto, doença autoimune que afeta a tireoide
A redução dos teores de iodo no sal está na pauta de hoje da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).
 
Há consenso para que as atuais proporções --de 20 mg a 60 mg de iodo por quilo de sal-- sejam reduzidas para o intervalo de 15 mg a 45 mg/kg, segundo Agenor Álvares, um dos diretores da agência.
 
"A comissão de prevenção e controle de distúrbios de deficiência do iodo, coordenada pelo Ministério da Saúde com a participação de entidades do setor, viu que a população brasileira estava exposta a níveis não condizentes de iodo", explica Álvares.
 
A Anvisa cita uma pesquisa divulgada em 2007 pela OMS (Organização Mundial da Saúde) que achou teores de iodo na urina do brasileiro bem acima do indicado.
 
O excesso do nutriente pode desencadear a tireoidite de Hashimoto, doença autoimune que afeta a tireoide.
 
Já a falta do iodo pode ter consequências mais graves, como problemas de desenvolvimento neurológico de fetos.
 
A redução, proposta em consulta pública em 2011 pela Anvisa, será a terceira mudança nos teores da substância nos últimos 15 anos.
 
A norma deve ser votada hoje pela diretoria da Anvisa e publicada no "Diário Oficial da União" na sequência.
 
A adição do iodo ao sal segue recomendações internacionais e deve ser calculada com base na média diária de sal consumida no país.
 
Preocupação
Apesar de a Anvisa falar em consenso, a redução dos níveis do nutriente é criticada por especialistas.
 
"Dados recentes mostraram que metade das grávidas [de Ribeirão Preto] têm deficit de iodo. É muito grave, implica em deficit de desenvolvimento neurológico do feto", afirma Laura Ward, do departamento de tireoide da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia e professora da Unicamp.
 
Ward defende a manutenção dos atuais níveis de iodo e a suplementação da substância para as gestantes.
 
Ela afirma que, em vez de se concentrar na variação do teor do iodo, a Anvisa deveria trabalhar pela redução do consumo do sal.
 
"Se o brasileiro está com consumo excessivo de iodo não é porque tem muito iodo no sal, mas porque ele consome muito sal."
 
Mesmo quem participou das discussões com o Ministério da Saúde sobre o tema pede cautela.
 
Rosalinda Camargo, da unidade de tireoide do Hospital das Clínicas da USP, afirma que é preciso esperar os resultados de uma pesquisa do governo que pretende medir os níveis de iodo na urina de crianças em idade escolar.
 
Segundo Camargo, os resultados preliminares apresentados pela pasta indicavam, sim, um teor elevado do nutriente na urina, mas o resultado final ainda não foi apresentado ao grupo.
 
"A minha opinião é que teríamos que aguardar os resultados finais do estudo para depois definir se vai diminuir ou não [o teor do iodo]. Uma consulta pública não tem base científica", afirma.
 
O Ministério da Saúde informou que a pesquisa citada foi ampliada para ter uma abrangência nacional, mas que os dados colhidos ainda estão em análise.
 
Já a Anvisa afirma que decidiu por esse encaminhamento com base em diretrizes internacionais e outros estudos. E explica que a proposta foi acordada no âmbito da comissão da qual participam entidades internacionais e do setor do sal.

William Mur/Editoria de Arte/Folhapress

 
Fonte Folhaonline

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