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segunda-feira, 20 de maio de 2013

A guru da postura do Vale do Silício

The New York Times
Esther durante uma aula de postura: "a dor vem da forma
 como nos posicionamos"
A terapeuta Esther Gokhale está aliviando as dores corporais de executivos que passam horas a fio em frente ao computador. Entre os clientes estão empresas como Google e Oracle
 
Como muitos trabalhadores acorrentados à tecnologia, Matt Drudge, 46 anos, passou quase duas décadas debruçado sobre desktops, laptops, smartphones e tablets, e isso está custando um preço alto para o corpo. Ele tenta limitar o tempo que gasta sentado a quatro ou cinco horas por dia, mas às vezes permanece assim por até 17 horas.
           
Para aliviar dores nas costas, pescoço e ombro, Drudge aprendeu a ajustar a postura. Esteja ele escrevendo no carro, em uma cadeira de madeira no escritório em Miami ou em um banco no calçadão da praia, ele presta atenção para inclinar a parte superior da pelve para frente, girar os ombros para trás, alongar a coluna e endireitar o pescoço.
 
Drudge é uma das milhares de pessoas que treinaram com Esther Gokhale, considerada a guru da postura do Vale do Silício. Ela acredita que as pessoas sofrem de dor e disfunção porque se esqueceram de como usar seus corpos. Não é o ato de permanecermos sentados por longos períodos de tempo que nos provoca dor, diz ela, é a forma como nos posicionamos.
           
Gokhale não está ajudando doloridos trabalhadores de escritório com aparelhos de alta tecnologia e terapias médicas. Em vez disso, ela diz que está reintroduzindo aos seus clientes o que chama de “postura primal” – uma forma de manter-se que é comum entre bebês mais velhos e crianças, e que ela diz que era comum entre nossos ancestrais antes da má postura tornar-se um modo de vida. Também é uma postura que Gokhale observou durante uma pesquisa que realizou em uma dúzia de outros países, assim como na Índia, onde ela foi criada.
 
Esse método pouco baseado na tecnologia foi abraçado por uma multidão improvável: executivos, conselheiros e membros de equipes de algumas das maiores empresas do Vale do Silício, incluindo Google e Oracle, e usuários pesados da tecnologia, como Drudge.
 
“Eu preciso fazer coisas que façam sentido e que possam mostrar resultados. O trabalho de Esther é assim”, disse Susan Wojcicki, 44, vice-presidente sênior do Google, que era vítima de dores de costas e pescoço que atribuía ao trabalho na mesa do escritório.
 
Gokhale não é a primeira a sugerir que a mudança de postura é a chave para uma coluna saudável.
 
Praticantes da Técnica Alexander e os criadores do Instituto Aplomb em Paris também ajudam os clientes a encontrar formas mais naturais e confortáveis para se posicionarem. Pilates e fisioterapia podem melhorar a postura e trazer mais consciência corporal. Empresas como Lumo BodyTech agora vendem monitores de postura pessoal, oferecendo aos usuários de smartphones feedback constante sobre a maneira como eles sustentam seus corpos.
 
Os métodos empregados por Gokhale não foram testados cientificamente, mas um médico na Fundação Médica de Palo Alto, na Califórnia, está planejando realizar análises clínicas até o fim do ano.
 
Mas Gokhale, que se formou como bioquímica pela Universidade de Princeton e estudou na escola de medicina da Universidade de Stanford, tem alguma influência entre os profissionais médicos, principalmente no Vale do Silício. Mais de 100 indicaram pacientes a ela, e um número semelhante de especialistas fez o curso ministrado por ela.
 
Para muitos trabalhadores de escritório nos Estados Unidos, sentar à uma mesa todos os dias caminha lado a lado com desconfortos em pescoço, ombros e costas. Estresse e mau posicionamento podem trazer dores ou agravar lesões entre os trabalhadores que lidam com a informática, viagens constantes e reuniões longas.
           
The New York Times
Segundo Esther, posição preferida pela natureza é ereto
e relaxado (ou coluna em formato de J)
Independentemente da profissão ou do estilo de vida, as dores nas costas afetam a maioria dos americanos – cerca de 8 em cada 10 enfrentam a dor em algum momento de suas vidas, de acordo com Dr. Richard Deyo, um professor de medicina familiar na Universidade de Medicina de Oregon.
 
As despesas também são enormes. De acordo com uma estimativa do jornal da Associação Americana de Medicina, o custo nacional de tratar as pessoas com dores nas costas e pescoço foi de US$86 bilhões em 2005. E com a dor nas costas como uma das principais razões para a incapacidade dos trabalhadores, além das faltas ao trabalho, ela pode custar aos empregadores até US$ 7 bilhões por ano, de acordo com um estudo.
 
Para a maioria das pessoas com dor nas costas, as dores são de curta duração e o alívio vem com descanso e tempo, de acordo com Deyo. Mas os métodos para ajudar as pessoas com dores crônica são diversos. O uso de mesas altas para permanecer em pé tornou-se uma maneira popular de aliviar o desconforto. Exercícios, ioga, acupuntura e quiropraxia também reduzem a dor. Tratamentos médicos, como cirurgia e esteroides continuam a ser opções importantes, dizem os médicos, mesmo em meio a preocupações de que tenham sido realizados em demasia.
 
Gokhale, 52, entende a ansiedade de procurar por uma resposta. Ela já lidou com dores na parte inferior das costas, primeiro como estudante universitária praticando ioga, então, como uma jovem mãe com dores ciáticas. Ela finalmente fez uma cirurgia para hérnia de disco, mas não resolveu, disse ela. Quando os médicos sugeriram que tentasse uma segunda vez, Gokhale começou uma pesquisa em busca de outras respostas. Muitos de seus próprios clientes chegam com uma angústia similar, explicou.
 
Drudge leu o livro de Gokhale, “8 Passos para costas sem dores”, antes de treinar com ela em pessoa.
“Precisava de seu toque, suas observações e sua humanidade”, contou ele.
 
Donna Dubinsky, co-fundadora e ex-CEO da Palm, trabalhou com Gokhale por dois anos, depois de tentar quiropraxia, injeções de cortisona e fisioterapia para minimizar a dor da hérnia de disco nas costas.
 
“Todas as outras coisas eram sobre o alívio dos sintomas. A questão para mim tornou-se: o que eu poderia fazer para resolver a causa”, disse Dubinsky, 57 anos.
 
“Não que seja uma cura milagrosa, mas de todas as coisas que eu tentei, o que Esther me ensinou foi o mais eficaz”.
 
Nos cursos de Gokhale, oferecidos no estúdio dela em Palo Alto, e em várias cidades dos Estados Unidos, os alunos reaprendem a sentar, dormir e caminhar. Enquanto alguns clientes têm aulas particulares, muitos se inscrevem em oficinas de grupo com oito a 10 pessoas que se reúnem por seis sessões de 90 minutos.
 
Gokhale diz que a maioria dos norte-americanos tendem a ser relaxados e caídos (pense em uma coluna no formato de um C), ou arqueados e tensos (em forma de S), o estilo de postura que alguns pais exigem dos filhos. Ela ajuda os alunos retornarem seus corpos para a posição que diz ser a preferida pela natureza: ereto e relaxado (ou coluna em formato de J).
 
Com o cuidado de um professor de jardim de infância, Gokhale ajusta corpos dos clientes de baixo para cima. Ela guia os alunos no alinhamento do corpo e os ajuda a rejeitar a tensão no pescoço, centralizando novamente a cabeça sobre a espinha dorsal. O resultado é uma coluna alongada e bem empilhadas que muitos alunos conseguem manter confortavelmente porque seus músculos não estão tensos.
 
Ray Bingham, 67, o diretor-presidente do conselho da Oracle, foi encaminhado para Gokhale no ano passado para cuidar de uma dor lombar. Bingham diz ter encontrado alívio depois de usar seus métodos e diligentemente pratica as orientações recém-descobertas para sentar, andar e ficar em pé.
 
“Esta não é uma abordagem como fisioterapia com um começo e um fim, esta é uma nova maneira de ser de agora em diante”, disse Bingham.
 
Gokhale incentiva as pessoas a participarem da aula com colegas de trabalho e familiares, para que possam uns ajudem aos outros a ajustar seus corpos. Mas mesmo aqueles que trabalham sozinhos encontram maneiras de lembrar da própria postura.
 
Depois de fazer uma oficina de grupo com Gokhale este ano, Drudge diz muitas coisas agora o lembram de fazer ajustes – ver outros com má postura no Starbucks ou na academia, ver o próprio reflexo em uma janela, ou sentar-se em uma cadeira para trabalhar.
 
“Mas não me incomodo com isso o tempo todo. Quando estou consciente da minha postura, eu a corrijo”, disse Drudge. “E, finalmente, eu acho, ela passa a fazer parte de quem se é.”
 
Fonte iG

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