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segunda-feira, 20 de maio de 2013

Médicos pedem aval para técnica que pode curar anemia falciforme

Pacientes com quadros graves de anemia falciforme aguardam a publicação de uma portaria pelo Ministério da Saúde que autorize a realização de transplante de células-tronco hematopoiéticas para a doença.
 
Hoje, a técnica "mais conhecida como transplante de medula"é a única capaz de curar a doença, mas só é permitida no Brasil mediante protocolos de pesquisa.
 
Os que se enquadram nos critérios de indicação representam 20% de todos os pacientes, parcela que pode chegar a até 6.000 pessoas no país. São esses doentes com quadros avançados os que não respondem ao tratamento-padrão com remédios.
 
O problema foi discutido na semana passada no Simpósio USP-Paris-Diderot sobre Hematologia e Imunologia. Na ocasião, a médica Belinda Simões, da Unidade de Transplante de Medula Óssea do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP de Ribeirão Preto, afirmou que, desde 2000, 21 brasileiros foram transplantados. Entre eles, 18 foram curados e recebem acompanhamento especial. Três pessoas, que fizeram o procedimento em estágio muito avançado, morreram em decorrência de complicações da doença.
 
Editoria de Arte/Folhapress
"Para alguns pacientes, não há mais o que fazer. Hoje, é a única opção curativa."
 
Na Europa, onde o procedimento já foi autorizado, a situação é diferente: já foram registrados 611 transplantes desse tipo. A sobrevida dos transplantados, dois anos após a cirurgia, foi de 94%.
 
"Aguardamos a publicação da portaria que autorizaria o procedimento desde 2011. As evidências de eficácia já foram mandadas para o Ministério da Saúde", diz Simões.
 
De acordo com o Secretário de Atenção à Saúde, Helvécio Magalhães, uma revisão geral do regulamento técnico sobre transplantes está sendo preparada e deve entrar em consulta pública em até quatro meses.
 
Segundo ele, o novo texto incluirá a indicação do transplante de medula para anemia falciforme, que deve passar a ser feita pelo SUS.
 
O médico Luís Fernando Bouzas, diretor do Centro de Transplante de Medula Óssea do Inca (Instituto Nacional de Câncer), afirma que "devem ser seguidos critérios rígidos" para a adoção da técnica.
 
Para a hematologista Sara Olalla Saad, da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), a aprovação do tratamento é urgente. "Atendo adultos e vejo tudo o que acontece na evolução da doença. Eles têm sequelas em todos os órgãos e uma qualidade de vida baixíssima", diz. "Prefiro ter o risco de 10% de morrerem por causa do transplante a deixá-los sem alternativa."
 
A hematologista Carmem Bonfim, da UFPR (Universidade Federal do Paraná), diz que o fato de a doença atingir pessoas de classes sociais mais baixas --é mais comum entre negros-- é uma das razões para o atraso da autorização do transplante.
 
"A doença atinge uma população que não tem acesso às informações e nem percebe que há algo que possa ser feito para ajudá-la."
 
Fonte Folhaonline

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