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segunda-feira, 20 de maio de 2013

Brasileiros criam biossenssor que detecta pesticidas em minutos

O sensor é de fácil construção, sendo constituído por uma
película muito fina nanométrica, onde é imobilizada a enzima
 acetilcolinesterase (exatamente igual a que existe no cérebro humano)
Pesticida metamidofós interage no sistema nervoso central, causando danos irreversíveis no cérebro, levando à morte
 
Cientistas desenvolveram um bissensor que é capaz de, num curto espaço de tempo (minutos), detectar a existência do pesticida metamidofós na água, solo e alimentos contaminados. O estudo foi motivado pela existência de grandes índices do pesticida nos lençóis freáticos e nas grandes lavouras do estado de Mato Grosso.

O biossensor foi construído exclusivamente para detectar o pesticida metamidofós, mas ele está também preparado para ser adaptado para a detecção de outros pesticidas que pertençam às classes dos organofosforados ou carbamatos, o que aumenta a sua utilidade e importância. O metamidofós não só é largamente utilizado nos trabalhos agrícolas no Mato Grosso, como também em todo o país e, por ser extraordinariamente forte, penetra facilmente no solo e, consequentemente, nos lençóis freáticos. Devido a sua composição química, este pesticida interage livremente no sistema nervoso central do ser humano, atacando-o rapidamente, causando danos irreversíveis no cérebro, podendo levar à morte.

O sensor é de fácil construção, sendo constituído por uma película muito fina nanométrica, onde é imobilizada a enzima acetilcolinesterase (exatamente igual a que existe no cérebro humano). Quando a enzima entra em contato com as moléculas do pesticida, sua ação é inibida, produzindo menos prótons quando comparado com a enzima sem a presença do pesticida: essa diferença de prótons é lida e mostrada num pequeno aparelho onde é introduzida essa película, acusando, assim, os índices de contaminação.

O projeto de pesquisa conjunto entre o Instituto de Física de São Carlos (IFSC) da USP e a Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) resultou na idealização, construção e patenteamento do biossensor. Izabela Gutierrez de Arruda é a autora do projeto.

Primeira patente
É o primeiro registro de patente da UFMT em quarenta anos de existência da universidade. Atualmente, todas as análises referentes a contaminação por pesticidas no estado de Mato Grosso são enviadas para São Paulo ou Rio de Janeiro. Com este biossensor, pode não mais haver essa necessidade, pois o equipamento é do tamanho de um medidor de índices de diabetes e confere a resposta em poucos minutos.

A equipe procura agora, preferencialmente, uma indústria nacional de biotecnologia que tenha interesse e que compre a ideia para a comercialização do aparelho completo (que poderá custar entre R$ 100,00 e R$ 200,00 cada unidade).

Izabela destaca que o trabalho é de âmbito social e de impacto ecológico. " Este pesticida é utilizado em larga escala no Mato Grosso e em muitas regiões do nosso país" , alerta. " Se a região do Pantanal poderá ser ameaçada por este pesticida, pela sua localização, outros países que fazem fronteira com o Brasil poderão sentir também esse perigoso efeito, até porque a contaminação pode chegar aos reservatórios de água potável e nos grandes rios do estado" .

Confirmando a preocupação de Izabela, pesquisas feitas pelo professor Wanderlei Pignati, pesquisador da UFMT e um dos maiores especialistas nacionais em pesticidas, confirmou a presença de vários pesticidas nos principais rios, poços artesianos e, inclusive, em animais, no Mato Grosso. Outro trabalho de Pignati comprovou também a existência de índices de pesticidas no leite materno. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) está com um processo aberto para banir esse pesticida do mercado, proibindo sua produção, tal como já acontece em vários países da União Europeia.

Com informações da Agência USP

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