Rio de Janeiro - Um grupo de médicos, enfermeiros, estudantes de ensino médio
e universitários da área de saúde reivindicou ontem (19) uma campanha de
vacinação contra o papilomavírus humano (HPV). Eles fizeram, na Praia de
Copacabana, na zona sul da cidade, uma marcha em defesa da imunização.
De acordo com o chefe do Setor de Doenças Sexualmente Transmissíveis da
Universidade Federal Fluminense (UFF), Mauro Romero Leal Passos, que organizou o
ato, no país, 4 mil mulheres morrem em decorrência das lesões provocadas pelo
HPV. Entre os homens, cerca de mil têm o pênis amputado anualmente.
Para conter o avanço da doença, especialistas presentes à marcha defenderam a
inclusão da vacina quadrivalente (contra os vírus 6,11,16 e 18) no sistema
público de saúde. O objetivo é vacinar homens e mulheres no início da vida
sexual, para reduzir as chances de serem contaminados com os tipos mais graves
do vírus.
"Esses são os tipos mais prevalentes", disse o professor, ao destacar a
importância de se prevenir lesões genitais que podem levar ao câncer. Cerca de 2
milhões de casos de verrugas genitais e demais lesões, como a crista-de-galo,
são tratados por ano para impedir a evolução da doença, frisou Leal Passos.
O HPV é transmitido pela via sexual e provoca lesões, como as verrugas
genitais, que podem evoluir para cânceres como o de colo de útero - o que mais
mata mulheres depois do câncer de mama - na vagina, no ânus, no pênis e na boca,
segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca).
"Pode ser que o sexo oral leve a uma contaminação na boca. Vemos também que
crianças que nascem de mães com HPV genital tem uma chance maior de ter
papilomatose [verruga] respiratória", acrescentou o professor. Ele reforçou a
importância de tomar a vacina no início da vida sexual.
Representante da Sociedade de Ginecologia do Estado do Rio de Janeiro, a
médica Nilcéa Neder Cardoso disse que tem aumentado a incidência de casos graves
"entre homens e mulheres, mas principalmente em meninas". O professor Mauro
Romero Leal Passos lembrou que, na Austrália, para conter o problema, homens
também são vacinados.
Para evitar que o tratamento chegue ao extremo da amputação ou da
quimioterapia, no caso do desenvolvimento de câncer, Nilcéa avalia que a vacina
é melhor opção. Embora cara na rede privada - um das três doses necessárias pode
custar R$ 450 - no sistema de saúde, tende a ser adquirida por preços mais
baixos.
Procurado pela Agência Brasil, o Ministério da Saúde
informou que um grupo técnico estuda a inclusão de vacina nos programas
nacionais de imunização. O medicamento é recomendado pela Organização Mundial de
Saúde (OMS) e, em 2006, foi aprovado pela Agência Nacional de Vigilância
Sanitária (Anvisa).
Durante a manifestação em Copacabana, especialistas também reforçaram a
importância do uso de preservativos para evitar o HPV e as demais doenças
sexualmente transmissíveis.
Fonte Agência Brasil
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