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quarta-feira, 29 de maio de 2013

Empreendedores da capital paulista apostam em clínicas especializadas

Imagem da internet
A boa notícia é a possibilidade de atender os doentes com cuidado semi-intensivo a custos muito menores, mas para difundir a novidade é preciso atrair a família e os planos de saúde
 
Era uma vez quatro gerentes de unidades do Hospital Samaritano de São Paulo que, com o desenvolvimento de seus trabalhos, observaram as dificuldades de hospitalização. A falta de locais adequados para pacientes crônicos em boa parte das instituições levou o quarteto de enfermeiros a pôr em prática um plano de negócios para atender este nicho de forma especializada.
 
Foi assim que o conhecimento no ramo hospitalar de 30 anos de experiência culminou, em 2009, no surgimento da Clínica Acallanto.
 
“Boa parte dos hospitais não tem locais adequados para este tipo de pacientes e os poucos leitos que têm, na maioria das vezes, estão lotados. Sendo assim, fundamos a clínica e trouxemos o mote ‘importância à vida’ para os corredores da instituição e para filosofia da empresa”, conta a diretora corporativa da Acallanto, Elisangela Ribeiro.
 
Além do entendimento aos crônicos, a empresa surgiu com a missão de consolidar a importância da humanização nas relações interpessoais, não só na área da saúde, mas em todos os campos da vida, segundo a executiva.
 
Já com duas unidades, uma com 16 leitos infantis e outra com 24 leitos para adultos, a clínica oferece aos pacientes de alta complexidade suporte de UTI humanizada, que permite maior contato do paciente com a família.
 
A Acallanto conta, ainda, com acolhimento médico 24 horas, equipe de enfermagem, fonoaudiologia, terapia ocupacional, fisioterapia, psicólogo, odontologia, nutricionista, farmacêutico, cabeleireiro, podólogo, clínico geral, geriatra, infectologista, cardiologista, pneumologista, pediatra e especialista em terapia intensiva.
 
Com 75% de ocupação dentro dos 40 leitos disponibilizados aos doentes crônicos, a expectativa de Elisangela é aumentar o faturamento em 30% neste ano, quando comparado com 2012. “Embora a falta de conhecimento das famílias sobre a necessidade do trabalho de uma clínica de longa permanência faça com que o atendimento homecare seja ainda uma preferência deste público, acreditamos que o diferencial de um serviço como da Acallanto será notado muito em breve”, considera.
 
Construída com o mesmo perfil, a Clínica Althea, também na capital paulista, oferece 25 suítes individuais e equipadas com capacidade para atendimento semi-intensivo, também nos moldes de uma UTI. Inaugurada há pouco mais de um ano, a unidade apresenta uma taxa de internação de 50% e tem a expectativa de recuperar os R$ 4,5 milhões investidos nos primeiros três anos.
 
Para o diretor executivo da Althea, Agnaldo Anelli, o primeiro trimestre de vida da clínica foi de muito aprendizado operacional e o momento agora é de tentar estabelecer um fluxo melhor de pacientes para equilibrar o quadro financeiro.

“Iniciamos nosso trabalho com certa dificuldade em fazer com que as operadoras entendessem o negócio. Afinal, na prática, todos os pacientes têm planos de saúde, e eles podem ser encaminhados pela própria seguradora, assistente social ou por definição de equipes médicas dentro dos hospitais parceiros. Do ponto de vista de negócio, a operadora precisa ver que o sinistro é elevado dentro dos hospitais, por sua vez, as instituições tendem a notar que elas precisam do leito para o pós-operatório, e liberando os pacientes crônicos irão, consequentemente, diminuir o gargalo até mesmo do pronto-socorro”, explica Anelli.
 
Visão de negócio
Recentemente, São Paulo passou a perceber essa atividade com um potencial interessante sob o aspecto de negócio. Um dos motivos é a forma de atender doentes crônicos com cuidado semi-intensivo a custos muito menores, porém para essa atividade ter sucesso é preciso ter anuência de quem vai pagar e, até o momento, conhecedores do mercado sentem que as operadoras de planos de saúde ainda não estão preparadas. “Talvez pelos problemas enfrentados com serviços de homecare”, arrisca o diretor técnico executivo da Planisa, Sérgio Bento.
 
Por serem classificadas como hospital, estas clínicas especializadas têm o faturamento vindo da própria operadora, que aos poucos conseguem entender qual o real custo de um paciente em unidades com este perfil, onde existe uma diária que contempla todo o tratamento e medicamentos, o que é imprevisível dentro de uma instituição de conta aberta.
 
Elisangela, da Acallanto, acredita que as operadoras já enxergam este mercado como vantajoso. “Temos uma relação transparente com os médicos e planos, que indicam a clínica aos familiares do paciente. Isso normalmente acontece devido à estrutura que oferecemos aos doentes e seus entes próximos”.
 
Brasil x EUA
De acordo com Bento, da Planisa, clínicas especializadas em crônicos são muito comuns nos Estados Unidos e países da Europa, principalmente porque estas nações notaram precocemente o quão caro é manter este tipo de paciente em uma estrutura hospitalar.
 
Existem diferentes arranjos e modelos de saúde que oferecem uma melhor qualidade assistencial, como é o caso destas clínicas que contam com uma equipe preparada 24 horas e um nível de assistência compatível com a classificação do paciente. “Esse molde de empresa oferece uma qualidade tão boa quanto um centro hospitalar, mas a um custo menor pela infraestrutura. É um ganha-ganha que ainda não foi percebido pelo nosso País”, diz o professor e diretor do Centro Paulista de Economia da Saúde da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Marcos Bosi Ferraz.
 
Consciente do grande número de unidades especializadas mundo afora, Anelli, da Clínica Althea, viajou aos Estados Unidos para conhecer alguns modelos na cidade de Nova York. O munícipio norte-americano tem cerca de 380 clínicas que fazem gerenciamento de pacientes de longa permanência e foi um dos exemplos copiados pelo executivo antes de abrir o seu próprio negócio no Brasil.
 
Ainda em passos lentos, clínicas com este perfil chegam aos poucos na Grande São Paulo, onde é comum encontrar unidades que condizem com mistura de populações, como casa de apoio ou repouso, com um nível de investimento técnico bem diferente do estabelecido pelas especializadas.
 
O grande diferencial é oferecer tratamento médico de reabilitação e suporte compatível com nível hospitalar, incluindo imagem e laboratório para diagnóstico convencional.
 
“Estamos tentando investir no mercado para que o setor entenda que esta é uma tendência de países mais desenvolvidos”, diz Anelli, que atualmente conta com hospitais parceiros como o Sírio-Libanês, Albert Einstein e Samaritano. “Essas instituições nos avaliaram e nos colocaram como um hospital de retaguarda compatível com a população atendida por elas”, revela. A Clínica Althea também conta com a parceria da Rede D’Or na Zona Leste da capital paulista.
 
Para Bosi, os grandes hospitais têm suas estratégias, seu jeito de ser e pensar o sistema de saúde, e fazer parceria com outras entidades que serão receptoras de seus pacientes crônicos é uma de suas boas jogadas. “A clínica especializada vai ser rentável e o hospital, ao liberar um leito que está com este perfil de doente, abrirá vaga para outro tipo de paciente que para ele será financeiramente melhor”.
 
Fonte SaudeWeb

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