Foto: Daia Oliver/ R7 Ala de oncologia pediátrica do hospital A.C Camargo Cancer |
A expansão vem no curso de fatores conhecidos: envelhecimento populacional,
mais pessoas com planos de saúde, previsão de aumento de 35% dos novos casos de
câncer e diagnóstico precoce por métodos mais eficazes.
Até "franquias" oncológicas já começam a surgir. Em junho, o Hospital Santa
Paula (zona sul), voltado para as classes B e C, inaugurou um instituto de
câncer que terá a gestão técnica do Hospital Sírio-Libanês.
"Nossos pacientes são atendidos pelos oncologistas e radioterapeutas do
Sírio. Sem o acordo, possivelmente não teriam acesso a eles", afirma George
Schahin, presidente do Santa Paula.
Segundo Paulo Hoff, diretor de oncologia do Sírio-Libanês, a parceria foi
possível porque o Santa Paula atendeu às condições de qualidade exigidas pelo
Sírio.
O Sírio tem descentralizado o atendimento de oncologia, com um centro em
Brasília e uma unidade no Itaim (zona oeste).
O Hospital Israelita Albert Einstein também passa a ter atendimento
oncológico, inclusive radioterapia, na unidade Perdizes (zona oeste).
Com a consultoria do americano M.D. Anderson Cancer Center, o Einstein
estabeleceu uma clínica integrada de atendimento ao paciente até uma semana após
a confirmação do diagnóstico, segundo Nelson Hamerschlak, diretor de oncologia
do hospital. "Ele não é visto mais por um médico, mas sim por uma equipe que
indicará o tratamento mais adequado."
Isso deve evitar conflitos que hoje são comuns. Um homem com câncer de
próstata pode ter indicação de cirurgia, de radioterapia ou de hormonioterapia.
"Uma decisão conjunta, envolvendo clínico, cirurgião, radioterapeuta, oferece
um melhor cuidado do paciente."
"Cancer Center"
Com objetivo de se firmar como um centro oncológico, que reúne assistência,
ensino e pesquisa, e divulgar a marca no exterior, o Hospital A.C. Camargo
incorporou há dois meses o sobrenome de "cancer center". Ele tem parcerias hoje
com 22 países.
"Havia outros hospitais querendo ser reconhecidos como centros oncológicos.
Mas ninguém tem a produção científica, o número de médicos-pesquisadores e a
casuística que nós temos", diz Irlau Machado, CEO do hospital.
O A.C. Camargo atende 15 mil pacientes por ano (60% dos atendimentos são do
SUS), e 90% do seu corpo clínico é de pesquisadores.
O atendimento aos pacientes com câncer dos Hospitais São José e São Joaquim,
da Beneficência Portuguesa, também foi rebatizado neste ano e desde junho é
chamado de Centro Oncológico Antônio Ermírio de Moraes.
Essa integração abre o leque de clientes, antes mais restrito ao público com
os convênios médicos de alto padrão com acesso ao Hospital São José, para
incluir também planos medianos, segundo a CEO da Beneficência, Denise Santos.
Em cerca de três anos, o centro terá um prédio exclusivo para a oncologia,
com um pronto-socorro só para os doentes com câncer. A ideia é ao menos dobrar a
capacidade de atendimento. No primeiro trimestre deste ano, quase 5.000
pacientes com câncer foram atendidos.
O oncologista Antonio Buzaid, um dos coordenadores médicos do centro, diz que
o serviço se destaca pela realização de pesquisas clínicas na área da
imunologia, que usa as defesas do organismo para combater a doença.
Dois pacientes do hospital com câncer nos rins já começaram a testar o
nivolumabe, uma das novas drogas mais promissoras dessa linha de tratamento. "A
imunoterapia traz menos efeitos colaterais do que a químio e tem boa aceitação
com os pacientes."
O HCor também quer expandir o atendimento oncológico e vai iniciar a
construção de um prédio para quimioterapia com salas privativas e exames,
segundo o superintendente médico Carlos Alberto Buchpiguel.
"O espaço será humanizado, dentro do contexto da desospitalização." A
estruturação do serviço especializado, no entanto, já começa em agosto. Os
planos para a área da pesquisa tocam na área de excelência do hospital, a
cardiologia. A ideia é aprofundar estudos sobre as consequências do tratamento
oncológico para o coração.
Editoria de Arte/Folhapress | ||
Fonte Folhaonline |
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