Foto: Petr Novák, Wikipédia De acordo com especialistas, parte mais difícil do projeto é fazer com que lentes permitam oxigenação do olho |
Pesquisadores dos Estados Unidos e da Suíça estão criando lentes de contato que - uma vez combinadas com óculos especiais - podem fornecer uma visão telescópica para seus usuários.
A combinação das lentes com os óculos consegue ampliar 2,8 vezes o tamanho de uma imagem visualizada pelo usuário.
Filtros polarizadores permitem à pessoa mudar de uma visão normal para telescópica ajustando os óculos.
Esse sistema de visão telescópica foi desenvolvido para ajudar pessoas que sofrem com a cegueira provocada pela idade, mas também pode ter aplicações militares.
A degeneração macular relacionada à idade é uma das formas mais comuns de cegueira. Ela danifica a mácula, a parte do olho que lida com o detalhamento da imagem. Quando a mácula se degenera, a pessoa sofre uma perda na capacidade de reconhecer rostos e de realizar algumas tarefas, tais como dirigir e ler.
Controle preciso
As lentes de contato criadas pelos pesquisadores têm uma região central que permite a entrada de luz para uma visão normal. O elemento telescópico fica em um anel em volta da região central. Pequenos espelhos de alumínio, montados segundo um padrão específico, atuam como um aplificador que lança a luz para o anel ao menos quatro vezes antes de direcioná-la para a retina.
As lentes de contato criadas pelos pesquisadores têm uma região central que permite a entrada de luz para uma visão normal. O elemento telescópico fica em um anel em volta da região central. Pequenos espelhos de alumínio, montados segundo um padrão específico, atuam como um aplificador que lança a luz para o anel ao menos quatro vezes antes de direcioná-la para a retina.
Durante o uso normal, a imagem ampliada é bloqueada por filtros polarizadores, e por isso não é vista. O usuário pode ligar o aparelho alterando esses filtros, posicionados no óculos, de forma que apenas a imagem ampliada é lançada sobre a retina.
Os pesquisadores Joseph Ford, da Universidade da Califórnia, e Eric Tremblay, da EPFL (Escola Politécnica Federal de Lausanne), na Suíça, construiram o sistema que filtra a luz adaptando óculos fabricados usados em televisores 3D.
Sua característica original era criar um efeito 3D ao bloquear de forma alternada as lentes esquerda e direita.
O protótipo produzido pela equipe tem oito milímetros de diâmetro, um milímetro de espessura na região central e 1,17 mm no anel ampliador.
'A parte mais difícil do projeto foi tornar as lentes 'respiráveis'', disse Tremblay à BBC. 'Se você quiser usar as lentes por mais de 30 minutos é necessário que elas permitam que o olho respire.'
Segundo ele, a lente deve permitir a entrada de gases para que a córnea não fique sem oxigênio.
'Encorajador'
A equipe de pesquisadores resolveu esse problema produzindo lentes com pequenos canais que permitem ao oxigênio fluir para o olho.
A equipe de pesquisadores resolveu esse problema produzindo lentes com pequenos canais que permitem ao oxigênio fluir para o olho.
Porém, isso tornou o processo de fabricação das lentes muito mais difícil.
As versões das lentes permeáveis aos gases devem passar pelos primeiros testes clínicos em novembro, segundo ele. O objetivo é que portadores de deficiência visual consigam usar o equipamento o dia inteiro.
O projeto é uma evolução de tentativas anteriores de resolver o problema. Algumas delas envolviam implantes de lentes telescópicas e uso de óculos volumosos com estruturas de lentes de aumento.
Clara Eaglen, gerente de ações de saúde da organização RNIB, que auxilia pessoas com problemas de visão, afirmou que a pesquisa é interessante e elogiou o foco em degeneração macular.
'É encorajador que produtos inovadores como as lentes de contato telescópicas estejam sendo desenvolvidos, especialmente quando melhoram a visão que sobrou nos pacientes. Qualquer coisa que ajude a maximizar a visão funcional é muito importante, porque as pessoas com deficiência readquirem alguma independência e ficam menos isoladas.'
As lentes podem porém ser empregadas em outras áreas. Isso porque a pesquisa está sendo financiada pelo Darpa, o braço de pesquisas das Forças Armadas dos Estados Unidos.
Analistas dizem que os militares buscam na iniciativa uma forma de criar uma 'super visão' e não resolver o problema da degeneração macular.
Fonte G1
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