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terça-feira, 30 de julho de 2013

Mulheres com síndrome do ovário policístico propõem um mês sem depilar as axilas

Ativista do grupo Armpits4August, em 2012, na Inglaterra
Hannah Daisy/Armpits4August
Ativista do grupo Armpits4August, em 2012,
na Inglaterra
"Inchaço, variações de humor e acne são sinais de que aquela época do mês está chegando", diz Cat Gray. "Mas eu, depois da TPM, não menstruo nem ovulo."
 
A síndrome do ovário policístico (SOP) é a causa mais importante de infertilidade feminina e é um dos problemas hormonais mais comuns em mulheres.
 
Cat Gray recebeu o diagnóstico quando tinha 19 anos, e hoje, com 31, diz que o problema faz com que se sinta "menos mulher", devido à ausência do ciclo menstrual mensal e às barreiras à formação de uma família.
 
 
"Minha mãe foi quem reagiu pior, com medo de não ter netos. Para mim, são os efeitos colaterais visíveis que incomodam mais." Gray diz que sua adolescência foi marcada pelo fato de ela ser "gorda, cheia de espinhas e, o pior de tudo, peluda".
 
Amy de Luca não nada nem toma sol desde os 12 anos. "A puberdade e a SOP desencadearam o crescimento de pelos por todo meu peito e minhas costas."
 
Para a mulher hirsuta, enfrentar sua pilosidade excessiva pode parecer uma batalha que ela está fadada a perder, não importa quão grande seu arsenal de lâminas ou lasers. O hirsutismo não é um simples excesso de pelos corporais --pode manifestar-se como o crescimento de pelos grossos no peito, na barriga, queixo e buço, resultando numa aparência masculina.
 
De Luca diz que é o medo do olhar alheio, e não a condição de hirsuta, que a leva a seguir a rotina da depilação: "Adoraria não sentir mais a necessidade de me raspar sempre, mas morro de medo do que os outros pensam."
 
Em agosto, um grupo de mulheres vai romper esse ciclo, deixando os barbeadores de lado para levantar fundos e promover a conscientização da síndrome de ovários policísticos. A organização britânica Armpits4August (axilas para agosto) é um coletivo de mulheres hirsutas, policísticas e que decidiram aceitar seus pelos corporais.
 
Elas se dizem fartas da pressão para se depilarem e estão propondo o desafio de suspender a prática em uma área do corpo por um mês. Quem não quiser aderir pode fazer doações à ONG Verity, que apoia mulheres com ovários policísticos.
 
A experiência suscita algumas perguntas curiosas. Você se sente pressionada a aderir a padrões de beleza relativos a seus pelos corporais? Como é o crescimento de seu "matagal" axilar?
 
Algumas integrantes do grupo Armpits4August já vivem "ao natural" e estão acostumadas às críticas do campo majoritário, pró-depilação, para o qual ser peluda está vinculado a ser desagradável e pouco higiênica.
 
Contudo, pesquisas científicas identificam uma função útil dos pelos axilares, que afastam da pele o suor e as bactérias que provocam odores. Laura Brown, que está deixando seus pelos crescerem pela primeira vez, concorda: "Até deixar de raspar meus pelos, nunca tinha percebido que ficar uma pele úmida encostada em outra pele úmida é nojento. Simplesmente pensar nisso me deixa incomodada."
 
A ideia de recusar-se a fazer depilação é realmente tão difícil de ser aceita? "Faz sentido que seja assim já que vivemos cercadas de imagens de mulheres com pernas totalmente lisas, sedosas", diz Brown. Com a exceção das celebridades flagradas por paparazzi em momentos de descuido, sem se depilarem, e convertidas em alvos de comentários desairosos, a maioria das fotos de atrizes e cantoras é editada para remover espinhas, poros abertos, rugas, celulites, estrias e pelinhos indesejáveis.
 
Aconselhamento e redes de apoio podem ajudar as mulheres a jogar para o alto a imagem corporal negativa.
 
"Sou classificada medicamente como mulher hirsuta", conta Sarah, uma das responsáveis pelo Armpits4August. "Antigamente, odiava profundamente meus pelos, por causa do bullying que sofria. Mas me sinto melhor em relação a isso desde que conheci outras feministas."
 
Desde que recebeu seu diagnóstico, na virada do século, Cat Gray aprendeu a conviver com seus ovários policísticos. "Não tem sido fácil", diz ela, "porque não existe cura médica e tenho dificuldade para engravidar de modo natural." Ela conta que viver de forma saudável a ajuda a controlar seus níveis de colesterol e que a eliminação total de trigo e laticínios de sua dieta reduziu um pouco seu peso, os pelos e a acne.
 
"Algumas coisas não podem ser mudadas, mas o fato de ver outras mulheres que expõem sua condição e são lindas mesmo assim me convenceu de que as atitudes podem e vão mudar."
 
Fonte Folhaonline

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