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quarta-feira, 31 de julho de 2013

Padrão do Sírio-Libanês será replicado nos hospitais universitários

AE
Fachada do Hospital Sírio-Libanês na zona sul de São Paulo
Primeira turma de curso de capacitação começa em agosto e tem 100 gestores de 10 hospitais. Em dois anos, médicos de 46 hospitais da rede federal serão formados
 
Representantes dos 46 hospitais universitários do País passarão por cursos de capacitação no Hospital Sírio-Libanês a partir de agosto deste ano. A primeira turma atenderá a 100 líderes escolhidos entre os funcionários de 10 hospitais ligados à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh). Cada unidade indicou 10 profissionais bem avaliados entre os colegas para participar da especialização, que terminará em dez meses.
 
Na primeira etapa de formação, a Ebserh gastará R$ 10 milhões com o programa de formação (incluindo passagens aéreas e hospedagem dos diretores). A partir da segunda fase, o projeto deve ser custeado com a verba de isenção fiscal que o Sírio recebe, já que é uma instituição filantrópica. De acordo com o governo, os recursos deste ano já estavam comprometidos com a capacitação do hospital feita para o Ministério da Saúde.
 
A proposta da parceria é que os gestores dessas instituições aprendam as estratégias e os padrões de atendimento e de formação do Sírio-Libanês para aplicá-los em sua própria realidade. “Não é uma receita pronta. Eles vão usufruir da capacidade do Sírio de solucionar problemas para definir seus próprios modelos de gestão e enfrentar os próprios problemas”, afirma o presidente da Ebserh, José Rubens Rebelatto.
 
Pela metodologia do curso idealizado com o Sírio, que já capacita profissionais do SUS por meio de parcerias com o Ministério da Saúde, os grupos de 10 representantes de cada hospital terão de elaborar um plano diretor para sua unidade hospitalar. Durante o curso, eles vão elencar os problemas que enfrentam, vão discuti-los com os companheiros de hospital e com outros gestores. A formação exigirá mudanças práticas no dia-a-dia já no decorrer do curso.
 
Os alunos terão encontros presenciais em São Paulo e outras atividades serão feitas pela internet. “O interessante da metodologia é que os grupos vão discutindo seus problemas e os dos outros e a aplicação de soluções faz parte do processo. As mudanças já vão acontecer durante os dez meses do curso”, afirma Rebelatto. Para o presidente, o importante é aproveitar a experiência do Sírio e se apropriar dos padrões convenientes.
 
“Queremos mudar o jeito de fazer assistência em saúde nos hospitais universitários, visando a excelência e, a partir daí, garantir locais de formação de profissionais de excelência”, diz o presidente da Ebserh. Entre 2009 e 2011, o Instituto Sírio-Libanês de Ensino e Pesquisa capacitou 30 mil profissionais da rede pública de saúde e, até 2014, vai capacitar mais 12 mil pessoas. Cada hospital formado se comprometerá a capacitar outros três hospitais da rede.
 
A Ebserh é uma empresa pública vinculada ao Ministério da Educação, criada em 2011 para administrar os hospitais universitários e ajudar na coordenação do Programa Nacional de Reestruturação dos Hospitais Universitários Federais (Rehuf). Cada hospital universitário tem a liberdade de fazer parte da empresa ou não. Hoje, 34 unidades estão vinculadas à Ebserh. A parceria com o Sírio, no entanto, vai ser estendida a todos os 46 hospitais da rede federal.
 
Expectativas
Os diretores que vão participar do primeiro curso estão animados com a proposta. Luiz Antonio Resende, professor do Departamento de Clínica Médica da Universidade Federal do Triângulo Mineiro e superintendente do Hospital de Clínicas da UFTM, acredita que será um passo importante para qualificar a equipe gestora da instituição. “Esperamos, acima de tudo, nos modificar. Com novas ideias, novas propostas de trabalho, novos conceitos de gestão”, diz.
 
A equipe já planeja envolver os outros funcionários no processo de capacitação, organizando oficinas de trabalho, grupos de discussão. “Temos de envolver o maior número de pessoas neste processo. Não serão nove gestores que mudarão o hospital”, reconhece. Resende aponta os desafios a superar na região: a superlotação do hospital e o déficit de recursos humanos e de recursos de custeio.
 
Joyce Santos Lages, superintendente do Hospital Universitário da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), acredita que a capacitação na área de assistência ao paciente será um dos pontos mais ricos da formação. Para ela, os processos de trabalho no hospital precisam ser mais organizados. “O método é positivo, porque não nos prende à sala de aula, mas nos impõe um ritmo de aprendizado que não depende não apenas do instrutor”, comenta.
 
Para a Ebserh, entre as áreas em que os gestores serão capacitados - legislação de gestão de pessoas em saúde, gestão clínica e hospitalar, humanização do atendimento à saúde, adequação às normas e legislação do SUS, hotelaria hospitalar, gestão de obras e engenharia clínica e processos de regulação – há algumas prioridades. “A gestão da clínica, os planos diretores dos hospitais e o processo de gestão de compras são fundamentais”, diz.
 
“Os hospitais precisam desse apoio porque enfrentaram problemas, durante muito tempo, de financiamento a infraestrutura física, tecnológica e de gestão. Em um quadro como esse fica bastante difícil pensar em fazer um trabalho de excelência”, analisa Rebelatto.
 
Futuro
Os primeiros hospitais a participar da experiência serão os da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), Universidade de Brasília (UnB), Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), Universidade Federal do Maranhão (UFAM), Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS), Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM), Universidade Federal do Piauí (UFPI), Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).
 
Em um futuro próximo, ainda no ano que vem, Rebelatto quer estabelecer parcerias internacionais para os hospitais universitários. A ideia é procurar instituições com sistema de atendimento parecido, que tenham passado por dificuldades parecidas de atendimento e formação de estudantes, para trocar experiências. Para o presidente da Ebserh, eles têm muito a colaborar no enfrentamento dos problemas advindos com o envelhecimento da população, que atingirá o Brasil em breve.
 
Fonte Último Segundo

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