Brasília – Em protesto contra o Programa Mais Médicos e os vetos
presidenciais ao Ato Médico, profissionais médicos promoveram ontem (30), em
várias cidades do país, um dia de paralisação e manifestações. Em Brasília, no
Distrito Federal, um grupo de 70 manifestantes se concentrou em frente ao
Ministério da Saúde.
Os médicos cobram também investimentos, da ordem de 10%, da receita bruta da
União, na saúde pública. Os médicos atenderam à convocação da Federação Nacional
dos Médicos (Fenam) para que ontem e hoje (31) a categoria suspenda as
atividades na rede pública, exceto nos serviços de urgência e emergência.
Lilian Lauton, médica gastroenterologista da rede pública do Distrito Federal
(DF), condenou o que chamou de “falta responsabilidade com a saúde pública”.
“Nós somos testemunhas da falta de assistência completa. Vimos todos os dias
pessoas esperando meses por uma consulta, rede sucateada, hospitais
superlotados, dificuldade de insumos básicos. Médico não faz milagre”,
disse.
Em resposta às paralisações e às manifestações, o Ministério da Saúde voltou
a defender o Programa Mais Médicos, ressaltando que ele tem o objetivo de
acelerar os investimentos em infraestrutura e ampliar o número de médicos nas
regiões carentes. Em nota, o ministério diz que “dos 3.511 municípios que
aderiram ao Mais Médicos, 92% acessaram recursos para expansão e melhoria da sua
rede de saúde. O investimento federal em infraestrutura será R$ 15 bilhões até
2014, sendo que R$ 7,4 bilhões desse total já estão contratados”.
O presidente do Sindicato dos Médicos do DF, Gutemberg Fialho, defendeu a
criação de uma carreira médica federal, nos moldes da magistratura. Segundo ele,
a medida resolve o problema da má distribuição dos médicos no Brasil, eliminando
o convite a profissionais com diploma estrangeiro, sem a revalidação dele.
Mohamad Bahmad, otorrinolaringologista da rede pública do DF, criticou a
falta de diálogo com a categoria médica sobre a formulação de políticas públicas
para a saúde no país. “Foram anunciadas mudanças muito drásticas, de forma
autoritária e sem consulta. Foi um desrespeito. Estamos tristes, de luto, pela
falta de respeito para com os médicos”, declarou.
A Secretaria de Saúde do Distrito Federal informou , por meio de nota, que
“20% dos atendimentos foram interrompidos devido à paralisação dos médicos. A
ausência de alguns médicos está nos padrões habituais”, declarou.
Também houve paralisação do atendimento em Minas Gerais e no Rio Grande do Sul.
Em Belo Horizonte, capital mineira, médicos fizeram manifestação e anunciaram
que amanhã também haverá paralisação e passeata. No Rio Grande do Sul, o
sindicato anunciou que o movimento atingiu todo o atendimento eletivo da rede
pública e que as manifestações se estenderam por todo o estado.
“A mobilização nacional é um recado muito forte da categoria médica às
autoridades. Assim como a baixa adesão ao Programa Mais Médicos, que não oferece
a mínima garantia trabalhista ao profissional, como décimo terceiro salário,
férias e carteira assinada. Ele sabe que depois de três anos estará
desempregado”, disse, em nota, o presidente do Sindicato Médico do Rio Grande do
Sul, Paulo de Argollo Mendes.
Em resposta às críticas dos médicos, o Ministério da Saúde informou ainda que
a prioridade do governo é o profissional brasileiro. A chamada de médicos é uma
medida de caráter transitório. O ministério ressaltou que está aberto ao diálogo
com as entidades de classe e lamenta “qualquer prejuízo que as paralisações
possam causar no atendimento aos pacientes".
Fonte Agência Brasil
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