Foto: Carol Dias / Divulgação O documentário "O Renascimento do Parto" retrata a grave realidade obstétrica mundial e brasileira |
O nascimento do herdeiro do trono real britânico causou um alvoroço em todo o mundo.
Kate Middleton, esposa do príncipe William, optou pelo parto normal na hora de ter o bebê, assim como a top model Gisele Bündchen, que teve seu primeiro filho na banheira sua residência, em Boston. No entanto, a preferência pelo parto normal não é comum na atual realidade obstétrica mundial e, sobretudo brasileira, que se caracteriza por um número alarmante de cesarianas.
Com o objetivo de propor uma reflexão sobre o assunto, estreia, dia 16 de agosto, nos cinemas portalegrenses o documentário
"O Renascimento do Parto", de Eduardo Chauvet. Através dos relatos de alguns dos maiores especialistas na área e das mais recentes descobertas científicas, o longa questiona o modelo obstétrico atual e promove uma reflexão acerca do futuro de uma civilização nascida sem os chamados "hormônios do amor", liberados apenas em condições específicas de trabalho de parto.
Segundo a obstetra e diretora científica da Associação de Obstetrícia e Ginecologia do Rio Grande do Sul (SOGIRGS), Mirela Foresti Jimenez , o aumento da preferência pelas cesarianas é uma tendência mundial que vem crescendo exponencialmente ao longo das últimas décadas no Brasil. Para ela, existem alguns fatores culturais que contribuem para uma crença de que a cirurgia de cesárea é mais segura para as gestantes e seus bebês.
— As próprias pacientes pedem e querem a cesariana porque acham que vão estar protegendo a si próprias e seus filhos, mas estão erradas — afirma Mirela.
A médica ressalta que como qualquer outro procedimento cirúrgico, a cesariana oferece riscos tanto para as pacientes quanto para os bebês. Segundo a especialista, a cesariana ocorre em aproximadamente 80% das gestantes que utilizam os sistemas suplementares de saúde — os planos particulares. Já para pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS), o número varia entre 27% e 50% do total de partos.
No entanto, o nascimento desencadeado pelo trabalho de parto, evitado pelas gestantes brasileiras, é um processo fisiológico e o corpo está naturalmente preparado para isso. Para a obstetra, um dos motivos de recusa do parto normal é a dor causada pelas dilatações durante o trabalho de parto que pode durar de duas à doze horas. Contudo, Mirela afirma que hoje existem técnicas capazes de amenizar as dores e lembra os benefícios do parto normal.
— Apesar da dor, que pode ser reduzida de diversas formas, o parto normal oferece menos riscos à vida da paciente e da criança. O nascimento por trabalho de parto espontâneo ocorre no momento adequado e o bebê está maduro para o nascimento. Nascer é uma mudança brusca e em situações de parto normal o recém-nascido está melhor preparado para adaptação da respiração, por exemplo.
Além de reduzir os riscos de problemas respiratórios, crianças nascidas de parto normal também apresentam uma melhor adaptação à amamentação. Pesquisas apontam que bebês nascidos de partos normais mamam melhor que os nascidos por meio de cesáreas.
A recuperação mais rápida foi o que levou a empresária Sabrina Brandão Diefenthäler, 35 anos, mãe por três vezes, a escolher o parto normal. Para ela, a dor faz parte de um processo por qual toda mãe pode passar e que, ao fim de tudo, a satisfação é enorme. Depois dos dois primeiros filhos, Sabrina engravidou mais uma vez e decidiu que após o parto faria a cirurgia de laqueadura. Para facilitar, optou pela cesariana, assim faria a ligadura das tubas uterinas em seguida, prática bastante comum.
— Senti uma grande diferença entre o parto normal e a cesárea. A cesariana é um procedimento forçado. Exige todo um preparo antes e um cuidado especial depois, tem anestesia, o corte e depois de tudo, é necessário ficar em repouso — conta Sabrina.
Em alguns casos, cesáreas são recomendadas. Situações em que os bebês estão em posições nas quais o parto normal é arriscado ou até mesmo inviável ou quando a criança é muito grande.
Fonte Zero Hora
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