São Paulo – Cerca de 42% dos jovens homossexuais do sexo masculino nem sempre
usam preservativos em suas relações sexuais. O dado foi divulgado pela
Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo com base em dados coletados durante a
Parada do Orgulho LGBT (gays, lésbicas, bissexuais, transexuais,
transexuais e transgêneros) deste ano, na capital paulista.
“Os adolescentes conhecem o preservativo e conhecem os riscos e as questões
das doenças sexualmente transmissíveis, mas o que nós temos certeza é que
conhecer o preservativo não garante o [seu] uso. E quando tem um parceiro fixo,
esse é um fator importante para se deixar de usá-lo [o preservativo]”, disse
Albertina Duarte Takiuti, médica e coordenadora do Programa Estadual de Saúde do
Adolescente, em entrevista à Agência Brasil.
Para o levantamento, a secretaria ouviu 108 jovens, de ambos os sexos
biológicos, com idades entre 10 e 24 anos, e que se consideram lésbicas,
gays, bissexuais e transgêneros. Desse total de jovens, 20% disseram
que o uso da camisinha nas relações sexuais acontece de vez em quando, mas o
número é maior entre os entrevistados do sexo masculino (42% do total).
De acordo com o levantamento, 43,7% dos entrevistados do sexo feminino
disseram nunca usar preservativos nas relações sexuais, enquanto entre os homens
o percentual é 3,3%. A principal justificativa das mulheres para não usarem o
preservativo é o fato delas acreditarem que sexo entre mulheres não necessita
deste tipo de prevenção. Entre os homens, o principal motivo para não se usar
camisinha é ter parceiro fixo. “As mulheres acreditam que nada vai acontecer. E
os homens acreditam que o parceiro fixo garante a relação sexual [sem riscos]. O
parceiro fixo não garante, de forma nenhuma, a possibilidade de não se ter
risco. Na verdade, a prova de confiança do parceiro fixo é uma ilusão”, disse
ela.
Segundo a médica, mesmo em uma relação entre duas mulheres há a necessidade
do uso de preservativos ou de cautelas para se evitar a contaminação ou os
riscos de se adquirir uma doença sexualmente transmissível. “É preciso
desmistificar que o preservativo diminui o prazer. O preservativo é uma película
tão simples que pode aumentar o prazer: o contato com a pele fica menor,
prolongando o prazer. E, psicologicamente, tira o medo, o risco e a situação de
vulnerabilidade. Uma pessoa que tem atividade sexual coberta de mais segurança,
tem um desempenho melhor”, disse Albertina.
A pesquisa apontou que a maior parte dos entrevistados - 87% do total -
acha que o público LGBT é mais vulnerável ou corre mais riscos que os
heterossexuais. O principal risco apontado por eles (por 20% do total de
entrevistados) foram as doenças sexualmente transmissíveis.
Na capital paulista funcionam duas casas do Adolescente, que oferecem
atendimento médico e psicológico a jovens entre 10 e 20 anos. Uma delas funciona
em Pinheiros; a outra, em Heliópolis. Há também 21 unidades espalhadas por todo
o estado. A Casa do Adolescente oferece atendimento multidisciplinar, com
médicos, dentistas, fonoaudiólogos, assistentes sociais, enfermeiros, psicólogos
e professores.
As casas do Adolescente mantém o Disque Adolescente, serviço gratuito de
comunicação em que os jovens podem tirar suas dúvidas sobre sexo seguro,
anticoncepcionais e relacionamentos afetivos, entre outros assuntos. O serviço
funciona de segunda a sexta-feira, das 11h às 14h, pelo número (11) 3819-2022.
Fonte Agência Brasil
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