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segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Envolvimento do corpo clínico na gestão é alternativa para sustentabilidade

Modelo de governança clínica proposto pela Anahp, já em prática no Sistema de Saúde Mãe de Deus, visa aumentar engajamento com mais transparência nas relações com médicos
 
Com o desafio permanente de gerir a escassez de recursos, tendo como contraponto a necessidade de investimentos em estrutura e tecnologia, somada à regulamentação do setor, os gestores da saúde precisam repensar o modelo assistencial para garantir a sustentabilidade financeira de suas instituições. Para sair desta “crise diária”, na definição de suas próprias lideranças, a Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp) uniu seus 51 hospitais membros para propor um modelo de Governança Clínica.
 
“Este tema passou a ser muito importante, depois da adoção da governança corporativa pelos hospitais, e surgiu pela primeira vez após uma crise no sistema de saúde na Inglaterra, por visão do primeiro-ministro Tony Blair, que decidiu reformatar o modelo assistencial”, explica o coordenador do projeto Melhores Práticas da Anahp, Evandro Tinoco Mesquita, que também é diretor médico do hospital Pró-Cardíaco.
 
As ferramentas da governança clínica: gestão de pessoas, educação permanente, auditoria clínica, transparência e accountability, pesquisa operacional, efetividade e eficiência clínica, gerenciamento de risco e comunicação assistencial, estão entre as competências não-técnicas fundamentais para a busca da sustentabilidade nos hospitais, na avaliação de Mesquita.
 
No Sistema de Saúde Mãe de Deus (SSMD), estas ferramentas foram adotadas há dez anos, como forma de comprometer o corpo clínico não apenas com as metas de qualidade e segurança assistencial, como também com a sustentabilidade financeira da instituição.
 
Na primeira etapa ficou definido que o foco seria no cliente e em epidemiologia. “O diretor médico tem de ter o discurso de foco no paciente, antes de qualquer ação, mas isso precisa passar do discurso para a cultura”, define o diretor médico do Mãe de Deus, Luiz Felipe Gonçalves. Em seguida, decidiu-se incluir o médico na governança do corpo clínico, para que houvesse mais transparência e para que o profissional se sentisse reconhecido, e modular as unidades assistenciais em especialidades e institutos, que hoje concentram 95% da produção dos hospitais do SSMD.
 
Hoje, são 22 especialidades com contratos de gestão, ainda muito focados no aspecto econômico, mas que evoluirão para incluir metas relacionadas a metas de segurança assistencial, ensino e pesquisa e fidelização.
 
O SSMD também instituiu uma matriz de indicadores, que engloba índices gerais, como presença de nota de alta e tempo de internação, assim como dados específicos, em que se definiu um protocolo e um indicador para cada especialidade. “Com essa microgestão, conseguimos medir e caracterizar o produto hospitalar”, diz Gonçalves.
 
Esta caracterização parece ser o primeiro passo para estabelecer as linhas de atuação do hospital e formar redes de parceiros que complementem seus serviços. “Conectar instituições, ter processos bem definidos e pessoas especializadas evita o desperdício. Uma das crises no nosso sistema é a subutilização. Precisamos vencer a arrogância de achar que somos bons em tudo e parar de competir com o hospital do lado, que tem as mesmas coisas. É preciso focar nas áreas em que se é muito bom e delegar as outras”, conclui Mesquita.
 
SaudeWeb

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