Uma nova resolução do CFF (Conselho Federal de Farmácia) autoriza os
farmacêuticos a prescreverem remédios que não exijam prescrição médica, como
analgésicos e antitérmicos.
A medida será publicada na próxima quarta no "Diário Oficial da União" e tem
180 dias para ser implantada.
Com a norma, eles poderão tratar o que chamam de "transtornos menores", como
uma dor de cabeça ou diarreia.
O cliente que chegar ao balcão da farmácia para comprar um analgésico poderá passar por uma "consulta" e receber um receituário com a assinatura e o carimbo do farmacêutico.
O cliente que chegar ao balcão da farmácia para comprar um analgésico poderá passar por uma "consulta" e receber um receituário com a assinatura e o carimbo do farmacêutico.
A prescrição, no entanto, não será obrigatória.
Outra ideia, mas que ainda depende de acordos para vigorar, é que os
farmacêuticos possam renovar receitas médicas em casos de algumas doenças
crônicas, como diabetes e hipertensão.
O paciente passaria pelo médico, receberia o diagnóstico e a primeira
receita. A partir daí, o farmacêutico poderia orientar e assumir os cuidados do
doente (medir a glicemia ou a pressão arterial) e, se tudo estiver bem, repetir
a receita do médico.
A medida é polêmica e deve provocar reação das entidades médicas. "A lei do
Ato Médico abriu brecha para qualquer um prescrever medicamentos. É bem
complicado", reagiu Renato Azevedo Júnior, presidente do Cremesp (Conselho
Regional de Medicina de São Paulo).
A lei, aprovada em junho, deixou de prever como exclusivo do médico o ato de
prescrever tratamentos após os vetos feitos pela presidente Dilma Rousseff.
Para Azevedo, o diagnóstico de "qualquer doença" e os respectivos tratamentos
são atribuições exclusivas do médico. "Uma simples aspirina pode matar. Pode
causar reação alérgica, sangramentos. De quem será a responsabilidade legal por
esse doente?"
Do farmacêutico, garante o presidente do CFF, Walter Jorge João. "Estamos
tendo essa coragem de dar mais responsabilidade ao farmacêutico. Ele não é
profissional só do medicamento, ele também tem que cuidar do paciente."
Segundo ele, tendo um papel mais ativo, o farmacêutico poderá reverter a
cultura da automedicação do brasileiro. "O Brasil é o quinto país que mais se
automedica no mundo. E isso resulta em muitos casos de intoxicação por
medicamentos."
Sergio Mena Barreto, presidente-executivo da Abrafarma (Associação Brasileira
de Rede de Farmácias e Drogarias), discorda do argumento. "Isso é bobagem. Só 3%
das intoxicações são por automedicação. Prescrever receita para medicamentos
isento de prescrição é um paradoxo. São drogas seguras, de baixíssimo risco",
diz.
Para ele, os farmacêuticos deveriam concentrar esforços para poder renovar o
receituário médico, função que já desempenham nos EUA.
"Lá eles podem, inclusive, mudar a dosagem de um remédio prescrito pelo
médico. O farmacêutico brasileiro precisa ser mais bem visto. Ele é muito
desvalorizado, especialmente pelos médicos."
Em nota, o CFM (Conselho Federal de Medicina) informa que "aguardará a
publicação da norma e tomará a providências cabíveis".
Folhaonline
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