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segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Especialista esclarece as principais dúvidas sobre pílulas anticoncepcionais

Especialista esclarece as principais dúvidas sobre pílulas anticoncepcionais Stock Photos/Divulgação
Foto: Stock Photos / Divulgação
Pílulas fazem parte do universo feminino desde a década de 60
Ginecologista e obstetra José Bento esclarece os mitos sobre o tema
 
Desde que passou a fazer parte do universo feminino, na década de 60, a pílula anticoncepcional esteve na pauta das conversas femininas. No entanto, seu uso ainda gera muitas dúvidas na cabeça das mulheres e muitos mitos se propagam.
 
O ginecologista e obstetra dos hospitais Albert Einstein e São Luís responde as principais questões sobre o tema. Confira a entrevista:
 
Qualquer pessoa pode tomar pílula anticoncepcional?
José Bento -
Não. A mulher, antes de tomar pílula, precisa passar por uma consulta com o ginecologista a fim de saber se ela pode ou não tomar o medicamento. Existem algumas contraindicações que só um médico pode avaliar.
 
Há algum modo de prever a compatibilidade da pílula com a pessoa que não seja por tentativa e erro?
Bento -
Não. Não tem jeito, só mesmo tomando o contraceptivo para saber se haverá algum efeito colateral. O que existem são algumas contraindicações que o médico vai detectar para melhor orientar a paciente, como por exemplo: mulheres com doenças hepáticas, antecedentes de trombose, câncer de mama, câncer de útero e câncer de ovário não devem tomar pílula. Nestes casos, o médico indicará outros métodos contraceptivos.
 
Como é feita a escolha do melhor contraceptivo para a mulher?
Bento -
A mulher sempre deve escolher o contraceptivo junto com seu médico. Somente um profissional pode indicar uma pílula que tenha menos efeitos colaterais, com menor taxa de hormônios e que seja mais adequada para aquela paciente específica. Por exemplo, para uma paciente que tenha a pele oleosa, o médico vai escolher uma pílula que vai ajudar a melhorar a pele; para aquela que tenha fluxo muito aumentado, ele vai indicar uma pílula que vá diminuir o fluxo; e assim por diante. Portanto, é o médico que vai escolher junto com a paciente, e após exames ginecológicos, qual o método contraceptivo mais indicado.
 
Quais são os anticoncepcionais mais indicados?
Bento -
Aqueles com menor dosagem hormonal. É sempre preferível escolher a pílula com menor dosagem, porque, em tese, terá menor efeito colateral para o organismo da mulher. Porém não é regra, é preciso conversar com um médico para que ele possa identificar quais os métodos mais indicados para aquele organismo.
 
Pessoas que sofrem com problemas de circulação podem utilizar a pílula?
Bento -
As pílulas anticoncepcionais não são recomendadas para pessoas com problemas de circulação. No entanto, é necessário que a mulher converse com um ginecologista para avaliar o caso. Normalmente, os médicos recomendam as pílulas de baixa dosagem, que contêm menos hormônios e têm menos efeitos sobre a circulação.
 
Existe alguma pílula no mercado que ofereça maior risco para a saúde, como aumentar as chances de desenvolver trombose ou outras doenças?
Bento -
Não. Todas as pílulas, independente do fabricante, podem aumentar o risco de trombose, dependendo do perfil da mulher, ou seja, se ela é obesa, tem histórico familiar ou é fumante. Vale lembrar que também existe risco de trombose para quem engravida ou anda de avião por longos períodos.
 
Tomar anticoncepcional por muito tempo pode causar infertilidade?
Bento -
Não, pelo contrário. A pílula anticoncepcional preserva a fertilidade da mulher e diminui os riscos de desenvolver endometriose, cisto no ovário e o aparecimento de mioma e pólipo uterino.
 
Existe algum malefício no uso contínuo de contraceptivo?
Bento -
Não, pelo contrário. Existe uma evidência muito bem estabelecida de que a pílula protege a mulher contra o câncer do ovário e câncer de endométrio. Ao tomar a pílula, a mulher fica protegida também contra o aparecimento de miomas, endometriose, pólipos, cistos no ovário, alguns tipos de infecção e alterações benignas das mamas.
 
A pílula pode interromper o crescimento de pelos pelo corpo e rosto?
Bento -
Pode. Existem algumas pílulas que têm este efeito: diminuem a quantidade de pelos, principalmente aqueles anormais, que crescem em locais em que a mulher não está acostumada, como na face ou no abdômen.
 
Existe algum horário ideal para tomar o anticoncepcional?
Bento -
Existe, à noite. É a melhor hora para tomar, é mais difícil de esquecer e, quando absorver aquele conteúdo hormonal pelo estômago, a mulher estará dormindo e, portanto, terá menos chances de efeito colateral.
 
Por que é necessário tomar a pílula sempre no mesmo horário?
Bento -
Porque a quantidade de hormônio existente nas pílulas modernas é muito pequena. Então, se a usuária começar a variar o horário de tomada da pílula, além de ser mais fácil de esquecer, ela pode alterar também a quantidade de hormônio que vai inibir a formação de um folículo, interferindo, assim, na sua eficácia.
 
Se a pessoa tomar por muito tempo a mesma pílula, ela perde o efeito? De tempos em tempos é preciso trocar de marca?
Bento -
Não, pelo contrário. Não é porque saiu uma pílula nova no mercado ou sua amiga está se dando bem com outra pílula que você deve trocar. O importante é: se você está se dando bem com a sua pílula, está fazendo o seu controle médico a cada seis meses e não tem nenhuma contraindicação, você deve continuar com a marca do seu anticoncepcional habitual. Não troque. Quanto mais tempo a mulher tomar a pílula, maior o efeito contraceptivo. E a indicação do uso da pílula depende de quanto tempo se quer evitar filhos.
 
Na troca de anticoncepcional há riscos de uma gestação?
Bento -
Não. Se o anticoncepcional for trocado sem interromper sua orientação de uso, não tem risco nenhum.
 
Zero Hora

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