Fotos: Portal Infonet Medicamentos de venda livre deverão ser prescritos por farmacêuticos |
O intuito da medida é regulamentar a prescrição de remédios de venda livre por farmacêuticos. Em entrevista ao Portal Infonet, a presidente do Conselho Regional de Farmácia de Sergipe (CRF/SE), Fátima Aragão, esclarece as mudanças trazidas pela resolução.
A resolução é válida para cerca de 30% dos medicamentos vendidos no Brasil, que correspondem à parcela para a qual a prescrição médica não é necessária. Entre estes estão os populares analgésicos [medicamentos que aliviam a dor] e fitoterápicos [feitos à base de ervas medicinais].
Já os remédios cuja venda depende de prescrição médica - como psicotrópicos [que agem no Sistema Nervoso Central], antibióticos [que combatem o desenvolvimento de microorganismos] e demais medicamentos de tarja vermelha - não são afetados pela medida.
Dados
Segundo Fátima, dados do Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farnacológicas (Sinitox) comprovam que o consumo indiscriminado dos remédios de venda livre é a maior causa de intoxicação registrada no país desde 1996. "Todo remédio que não precisa de prescrição parece inofensivo, mas pode causar sérios danos ou mesmo a morte se seus princípios ativos e dosagens forem ignorados. O intuito da resolução é justamente minimizar os prejuízos originados com o consumo aleatório. Essa é uma necessidade prevalente", explica.
A presidente do CRF informa ainda que a mistura entre remédio e álcool é um dos principais agentes que contribuem para os altos índices de intoxicação no Brasil. Potencializando o efeito do medicamento, a bebida alcoólica pode trazer sérias complicações se for consumida em paralelo a remédios que contém o princípio ativo do ácido acetilsalicílico (AAS).
"Alguns remédios, como os famosos comprimidos tomados para evitar a ressaca e o mal estar, podem causar hemorragia gástrica se tomados em conjunto com o álcool. Mas não é só o álcool que interfere no efeito do remédio. O alho, por exemplo, pode ter efeito danoso se ingerido junto com alguns fármacos. Outro medicamento popular é a dipirona sódica, que pode ser fatal para quem tem problemas de pressão arterial ", afirma Fátima.
A resolução 585 do CFF tem causado rejeição entre alguns representantes da classe médica, que se opõem à possibilidade de farmacêuticos realizarem prescrições. Sobre este aspecto, a presidente do CRF considera que a visão dos médicos é uma tentativa de preservar os interesses particulares de sua categoria.
"O Conselho Federal de Medicina [CFM] alega que os farmacêuticos querem ocupar o lugar dos médicos na prescrição. Na verdade, a orientação protocolada de um farmacêutico ao paciente pode auxiliar na melhoria do sistema de saúde brasileiro, e evitar o consumo irresponsável de medicamentos. Desde 2000 o curso de Farmácia deixou de ser voltado ao laboratório e à indústria, e passou a preparar o profissional para o atendimento ao paciente. Nós sabemos o nosso limite, e jamais iríamos invadir o espaço do médico. Queremos trabalhar de forma colaborativa", defende.
Ainda de acordo com Fátima, a nova resolução é uma garantia de que os pacientes não serão explorados. "Quem entende de remédios não é o balconista, não é o dono de farmácia, não são as grandes redes de supermercados que expõem medicamentos como se fossem uma mercadoria qualquer. Somos nós, farmacêuticos, que podemos evitar a exploração do paciente pela lógica mercantilista e garantir que ele receba o medicamento que de fato é o certo para sua enfermidade. Por isso, ainda que a resolução não seja obrigatória, nós reivindicamos que ela se instale em todas as farmácias do Brasil", diz.
Infonet
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