Foto: Bruno Alencastro / Agencia RBS Atletas usam a tecnologia para melhor seus desempenhos |
Malhação é para quem tem paciência. O resultado do sacrifício físico só costuma aparecer algum tempo, depois de muito esforço e de horas de suor. Mas não é necessário esperar a calça ficar folgada ou o músculo crescer para ver a transformação. Modernos sensores podem ser incorporados ao corpo e fornecer informações em tempo real sobre a queima de gordura, os sinais vitais ou mesmo as transformações químicas durante o exercício. A tecnologia wearable para atletas já é uma realidade, e vem em forma de pulseiras, sensores, presilhas para tênis e até mesmo tatuagens eletrônicas.
No ar
Pesquisadores japoneses desenvolveram um sensor que mede a quantidade de gordura queimada depois de um exercício. Em vez de recorrer a complicados exames médicos e a cálculos de massa corporal, a pessoa sopra numa espécie de bafômetro por seis segundos e espera pelo resultado. Em instantes, um aplicativo de smartphone informa a quantidade de massa eliminada durante o treinamento. Quando o usuário deposita o ar na máquina, dois sensores estimam a quantidade de acetona presente no hálito. O elemento serve como referência para o rendimento físico, pois é liberado no sangue e nos pulmões com a queima de gordura.
O aparelho, que pesa apenas 125 gramas, detecta a acetona em concentrações entre 0,2 e 50 partes por milhão, e funciona com baterias. Pode ser usado na pista de corrida ou na academia.
— Os resultados são automaticamente enviados para um smartphone com sistema Android por conexão bluetooth ou um cabo e são exibidos com dicas de dieta na forma de um indicador de queima de gordura — explica Satoshi Hiyama, do laboratório NNT Docomo e principal autor do estudo.
No entanto, alerta Hiyama, o método costuma exigir uma máscara de respiração para medir a proporção de dióxido de carbono e de oxigênio consumido. Não seria adequado para uso diário por pessoas em dieta.
Na pele
Para alguns atletas, o mais importante é quebrar recordes. Contanto que o corpo aguente, não importa quantas calorias ficarão para trás. Nesse caso, outro tipo de sensor é necessário: um que avise quando o organismo chega ao limite, evitando que o exercício excessivo tire mais dos músculos do que eles possam dar. O alarme de segurança contra exaustão, de acordo com especialistas em nanoengenharia da Universidade da Califórnia, pode ficar na própria pele, em forma de tatuagem. O adesivo flexível desenvolvido pela equipe norte-americana conta com um biossensor que avisa quando o usuário atingiu o ponto de exaustão física, e precisa dar uma pausa no exercício. O dispositivo faz isso com base no nível de ácido láctico presente no suor do atleta, substância produzida pelo corpo quando o esforço supera a capacidade respiratória.
— Vários sensores de lactato, que dependem de amostras de sangue retiradas do dedo, estão disponíveis no mercado. No entanto, as desvantagens são a invasividade e a inconveniência, especialmente durante a atividade física — ressalta o pesquisador Joseph Wang, em artigo publicado na revista especializada Analytical Chemistry, no qual ele descreve o biossensor.
De acordo com o engenheiro, o método exige várias coletas de sangue, separadas por intervalos, que podem atrapalhar o treinamento. Além da praticidade que dispensa exames laboratoriais, o sensor tatuado também é flexível e continua colado à pele durante séries constantes de exercício. Os componentes eletrônicos resistem a movimentos repetitivos. O próprio suor do atleta age como condutor elétrico para o dispositivo, que envia os resultados da medição para o computador, sem necessidade de fios. O sistema foi testado com pessoas de diferentes níveis de condicionamento e pôde prever quando eles atingiam o limite da exaustão física.
Desempenho
Já existem acessórios usados para cronometrar uma corrida e para contar passos e metros gastos no percurso. No entanto, o valor tende a ser incerto, pois as passadas de cada usuário são diferentes, e elas não podem ser comparadas com pedaladas, por exemplo. O desafio de proporcionar a desejada exatidão para todos os tipos de atletas foi aceito por uma equipe do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), que criou um conjunto de pulseira e presilha para tênis sensível a todo o tipo de movimentos.
O produto, batizado de Amiigo, não apenas consegue diferenciar quando a pessoa está correndo, nadando ou levantando pesos como também cria uma avaliação detalhada de cada exercício. A inteligência do acessório está em um algoritmo de diferenciação, que muda a forma de contagem assim que o atleta alterna o esporte ou o treinamento.
Com os resultados dos exercícios em mãos, só resta saber como melhorar o desempenho. Essa é a proposta de Brooks Kindle, um aluno da Universidade de Washington que trabalha na criação de um bracelete que faz o papel de treinador. Preso ao braço do usuário, o sensor mede a aceleração e a orientação do exercício, e compara os dados com os modelos usados em um computador. A máquina, por sua vez, emite um aviso sonoro que explica ao atleta quando corrigir a série, e como fazê-lo. A invenção, inicialmente para exercícios de fisioterapia, está em fase de desenvolvimento e só consegue corrigir quatro tipos de movimentos.
Correio Braziliense
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