Foto: Reprodução |
A incongruências na comercialização de órteses, próteses e materiais especiais no Brasil já são velhas conhecidas do setor, que parece não encontrar solução para que todos os elos envolvidos estejam satisfeitos. A diferença de preços na venda desses produtos levou a Abramge (Associação Brasileira de Medicina de Grupo) a solicitar ao poder público o monitoramento das empresas fornecedoras.
De acordo com o presidente da Abramge PR/SC, Cadri Massuda, o objetivo é estabelecer parâmetros para impedir abusos no que diz respeito aos valores cobrados. Existem materiais que chegam a custar até 10 vezes mais de uma região para outra. “A cadeia entre o fabricante, o distribuidor nacional, o distribuidor local, o hospital e os médicos tem uma equação que vai crescendo exponencialmente, levando a esta diferença brutal que tem afetado o sistema de saúde como um todo”, afirmou a entidade em comunicado.
Para Ronie Oliveira, blogueiro do Saúde Web e especialista em gestão de aquisição de produtos para saúde, enquanto os atores tentarem buscar soluções individuais isoladas, na esperança de que a liquidação dos seus próprios problemas eliminem os conflitos ou riscos da cadeia, o problema vai permanecer.
“Ainda agimos de forma desconexa, como se hospitais pudessem existir sem planos de saúde, como se médicos não precisassem de salas cirúrgicas e como se operadoras conseguissem atender seus pacientes sem leitos hospitalares”, disse em post no Saúde Web sobre Gestão de OPME.
As OPMEs – que são dispositivos como placas, parafusos, hastes, fios, ganchos e fitas implantados por meio de procedimento cirúrgico – têm importância significativa no custo das operadoras. Estudo recente apresentado pela OAB mostrou que a sinistralidade para as operadoras de saúde gira em torno de 86% dos gastos mensais, sendo que os outros cerca de 15% restantes são custos da administração da carteira. Segundo a Abramge, devido a estes “custos absurdos e incoerentes das OPME, as operadoras de saúde estão vivendo no limite máximo de viabilidade econômica, começando a se tornar insustentáveis”. Em nota, Abramge afirma que o problema pertence também ao sistema público.
A quantidade de impostos sobre as importações também tem contribuído para este aumento. A Associação defende a criação de parâmetros para a comercialização das OPMEs, além do estímulo por parte do governo federal pela produção de materiais nacionais, com linhas de crédito para o desenvolvimento dos produtos que poderão reduzir o custo.
O assunto está sendo discutido pela ANS em Câmara Técnica sob a proposição de haver uma tabela padronizada para as OPMEs. Tem alguns setores que, inclusive, solicitaram uma CPI tal o nível a que estas distorções de preços chegaram.
Ronie Oliveira sugere em seu blog um modelo de soluções compartilhadas que obriga os agentes da cadeia a se debruçarem em conjunto sobre as dificuldades reais do mercado, separando os problemas das pessoas ou instituições e partindo para uma postura de responsabilidade comum, tendo a eficiência operacional, o aumento da previsibilidade e a resolubilidade para pacientes seus objetivos finais.
Ações recomendadas:
• Definição de protocolos aceitáveis por todos os agentes
• Avaliação do custo X benefício técnico-comercial
• Busca conjunta pela redução da variabilidade
• Compromisso compartilhado dos resultados
• Diminuição do tempo de espera (documental e de atendimento)
• Comunicação em todas as direções
• Confiança mútua
Oliveira finalizar com a seguinte reflexão: “há razões plausíveis para acreditar que a gestão através das soluções compartilhadas é o caminho mais promissor para harmonizar um parque de relações historicamente desgastadas e cheias de paradigmas. E, como o leitor sabe, modificar a cultura de um mercado requer esforço, comprometimento e um pouco de utopia inspirada por alguns visionários que assumem o risco de criar cenários melhores”.
Saúde Web
Nenhum comentário:
Postar um comentário