Técnica consiste em reprogramar sistema imunológico para atacar tumores. Método teve resultados positivos em paciente com câncer no trato digestivo
Um tratamento experimental que ajuda a reprogramar o sistema imunológico do paciente para atacar tumores pode funcionar em um amplo espectro de cânceres comuns, revelou um estudo preliminar publicado nesta sexta-feira (9) nos Estados Unidos
Até agora, os maiores êxitos da técnica conhecida como terapia celular adotiva (ACT) foram registrados em relação ao melanoma, mas os pesquisadores estavam curiosos para ver se a abordagem pode funcionar em cânceres do trato digestivo, de pulmão, pâncreas, mama ou bexiga.
A revista científica "Science" publicou um artigo descrevendo como a técnica conseguiu reduzir tumores em uma mulher de 43 anos que sofre de colangiocarcinoma, uma forma de câncer do trato digestivo que havia se espalhado para os pulmões e o fígado.
O resultado do estudo pode representar um avanço na luta contra o câncer epitelial, grupo que responde por 80% de todos os cânceres e 90% das mortes por câncer nos Estados Unidos.
O processo consistiu em coletar as próprias células do sistema imunológico da paciente - um tipo chamado de linfócitos infiltradores de tumores (TILs) -, selecionando aquelas com a melhor atividade antitumoral, e em desenvolvê-las em laboratório para reinfundi-las na paciente.
Depois que a paciente recebeu a primeira injeção destes TILs, os tumores metastáticos no pulmão e no fígado se estabilizaram.
Cerca de 13 meses depois, a doença voltou a progredir. Com isso, os médicos submeteram a paciente novamente ao tratamento e ela "experimentou uma regressão tumoral que perdurou até o último acompanhamento (seis meses após a segunda infusão de células T)", destacou o estudo.
Embora o cientista que conduziu as pesquisas, Steven Rosenberg, chefe do Setor de Cirurgia do Centro de Pesquisas sobre o Câncer do Instituto Nacional do Câncer, tenha alertado que o estudo está em estágio inicial, ele afirmou que poderia fornecer uma diretriz para outros cânceres.
"Essas estratégias indicadas aqui poderiam ser usadas para produzir uma terapia celular adotiva com células T em pacientes com cânceres comuns", afirmou Rosenberg.
Os cientistas esperam que, um dia, uma variedade de tratamentos imunológicos personalizados venha a substituir a quimioterapia como a principal forma de combater o câncer.
G1
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