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As cabeçadas dos jogadores de futebol podem gerar traumas neurológicos no longo prazo. O dano cerebral provocado pelo choque com a bola ainda não é consenso, mas estudos recentes apontam para a existência de uma relação entre cabeceadas e o declínio cognitivo de atletas.
Esses danos não são tão severos como os provocados pelo
boxe, mas, de fato, é preciso mais atenção às cabeçadas. De acordo com
estudo da Escola de Medicina Albert Einstein em Nova York, publicado no
ano passado, o problema não está na magnitude do impacto, que não é
forte o suficiente para dilacerar as fibras nervosas do cérebro. Ele
está na repetição que poderia desencadear um efeito cascata e levar a
degeneração das células do cérebro no longo prazo.
Em
partidas de futebol, um jogador dá entre 6 e 12 cabeçadas em bolas que
atingem velocidades superiores a 80 km/h. Nos treinos, as cabeceadas
podem chegar a mais de trinta. Os zagueiros são os que mais correm risco
de sofrerem danos cerebrais no longo prazo, de acordo com o médico Tom
Schweizer, diretor do programa de pesquisa em neurociência do Hospital
Infantil de St. Michael, em Toronto.
Schweizer fez uma análise de
diversos estudos sobre colisões no futebol e publicou um artigo em
fevereiro deste ano sobre o assunto no periódico científico Brain
Injury. Um dos estudos mostrou que jogadores aposentados além
apresentarem nota baixa em testes de atenção, tinham déficit de memória e
percepção.
Schweizer
afirma que é preciso mais atenção às cabeçadas e que faltam estudos
sobre o assunto. resultados importantes sobre o dano cerebral provocado
pelas cabeçadas devem sair do banco de cérebro da Universidade de São
Paulo.
O cérebro do jogador Bellini, morto este ano, foi doado
pela família para estudo na USP. A investigação vai descobrir se o
capitão da seleção brasileira, que ergueu a taça Jules Rimet acima da
cabeça, na Copa de 1958, sofreu de mal de Alzheimer por 17 anos, como
foi diagnosticado, ou se a demência foi decorrência da chamada
encefalopatia traumática crônica, conhecida como síndrome do pugilista
por ser mais frequente em ex-lutadores de boxe.
Futebol amador
A possibilidade de danos cerebrais não se restringiria apenas a jogadores profissionais. Um estudo realizado com jogadores de futebol amador também mostrou relação entre cabeçadas e falta de memória.
A possibilidade de danos cerebrais não se restringiria apenas a jogadores profissionais. Um estudo realizado com jogadores de futebol amador também mostrou relação entre cabeçadas e falta de memória.
No
estudo da Escola de Medicina Albert Einstein em Nova York liderado por
Michael L. Lipton, 37 jogadores de futebol amador, com média de 31 anos
de idade, fizeram testes cognitivos e tiveram os cérebros analisados por
ressonância. Eles jogavam futebol em média há 22 anos e a partir da
frequência que jogavam, os pesquisadores calcularam a provável
quantidade de cabeceadas dadas ao longo da vida.
O estudo mostrou
que os cérebros dos jogadores que mais cabecearam apresentavam
anormalidades na massa branca, semelhantes ao de pacientes com
traumatismo. Os pesquisadores concluíram que jogadores com mais de 1.800
cabeçadas por ano eram mais propensos a demonstrar mais pobres escores
de memória.
iG
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