Por Dra. Isis Pezzuol
Pesquisando quantos
medicamentos homeopáticos existem, verifiquei que são cerca de 2 mil.
Puxa! Quantos, não é? Então isso nos leva a pergunta: como o homeopata
escolhe qual medicamento usar para cada paciente e por que ele receita o
mesmo medicamento para pessoas e doenças diferentes?
Tudo começa com
uma consulta. O paciente normalmente vem preparado, pois já contaram
para ele que a consulta demora muito. Faz parte da consulta que o
paciente relate os seguintes pontos:
- O motivo da procura ao homeopata
- Doenças anteriores
- Rotina diária: trabalho, horários, alimentação, sono.
Neste momento
começam as diferenças entre as consultas. Detalhes são essenciais: como a
pessoa adoece é característica de cada um e os diferencia. Vamos supor
que a queixa seja crise de bronquite. Perguntamos sobre o horário de
agravação, época do ano, posição que assume durante a crise, como
melhora, como piora, se sente medo, chama alguém. No caso da criança:
questionamos se ela quer colo, se pede para ir até a janela respirar, se
não quer que a toquem e quais são os sintomas que acompanham a crise?
Levamos em conta
sintomas físicos, psíquicos, sensações, desde quando a doença se
manifesta. Vocês já ouviram alguém comentar: "desde aquela doença nunca
mais fui o mesmo..."? Esse relato para o homeopata é a causalidade, ou
seja, o ponto de partida da doença.
A homeopatia está calcada em quatro pilares:
1) Experimentação - Todo remédio homeopático é obtido após experimentação;
2) Lei da Semelhança - Procuramos, dentro da experimentação, o remédio mais semelhante à sua doença;
3) Remédio Único - O ideal é um remédio único para tratamento. Mas, tendo em vista a complexidade dos medicamentos e das pessoas, nem sempre é possível;
4) Doses Mínimas - Hahnemann, pai da homeopatia, considerava o paciente ?fragilizado? pela doença e, portanto, deveria ser medicado com muito cuidado. Por isso as doses mínimas.
Ao final da consulta, após muita conversa, faço e entrego uma receita com o medicamento que considerei mais adequado ao caso.
Paciente me
pergunta o que faz o medicamento? O que esperar? O medicamento
homeopático não é pontual, ele não é usado para uma doença, mas sim para
uma "situação". Nunca adoecemos um órgão de cada vez, adoecemos como um
todo. O que mostramos como "sintoma" é a ponta de nosso Iceberg, por
baixo tem muito mais.
Hahnemann
desiludido com a medicina de sua época (sangrias, ventosas, purgativos)
foi trabalhar como tradutor. Ao traduzir a obra "As leituras da Matéria
Médica de Cullen", ele leu a descrição dos efeitos do uso da China officinalis
ou Casca do Peru (planta usada pelos indígenas para tratamento do
paludismo ou malária). Percebeu que a descrição da toxicologia da China off.
é muito semelhante à doença Malária e que, se um indivíduo saudável
tomasse a China, desenvolveria um quadro de intoxicação acidental
semelhante à doença Malária. Isto dá origem ao primeiro dos pilares: Lei
da Semelhança.
Da mesma forma foram obtidos os outros medicamentos, pela observação nas intoxicações acidentais, picadas de animais e venenos.
Como exemplo de intoxicação por plantas, vamos usar a Belladonna. A ingestão acidental da planta principalmente pelas crianças pode provocar:
- Vermelhidão da face
- Secura da boca
- Excitação, alucinações visuais, delírios
- Hipertensão arterial
- Estados febris
- Convulsões.
A intensidade dos
sintomas produzidos pela intoxicação depende de sensibilidade
individual. Por esta descrição, ela é usada pelas mães para estados
febris das crianças.
Cada remédio
homeopático tem suas próprias características e sintomas para os quais
são mais eficazes. Então, não é possível dizer qual a indicação para
cada medicamento. Para obter essa indicação, usamos os sintomas e
queixas do paciente e as descrições dos medicamentos.
Dois alertas:
- Não tente se automedicar, principalmente com homeopatia, pois poderá ter um efeito indesejado
- O dito popular de que o medicamento
homeopático se não fizer bem mal também não faz não é real, por isso
fale sempre com seu médico
Minha Vida
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