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sexta-feira, 20 de junho de 2014

Lesões nas coxas podem ser graves e afastar esportistas por meses

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Por Dr. Ricardo Nahas 

As coxas abrigam os grupos musculares mais potentes do corpo humano. E, não à toa, essa massa muscular poderosa movimenta e dá estabilidade aos quadris e joelhos, articulações decisivas nos saltos, deslocamentos e mudanças de direção dos dribles que fazem os fundamentos da vida dos atletas nas práticas esportivas. 

Expostas, as coxas são vitima de trauma direto, como chutes, encontrões e quedas ao solo. Os boleiros conhecem bem o seu resultado: contusões dolorosas provocadas por chute direto na coxa, para alguns conhecida por "paulistinha" e por outros como "tostão". 

O resultado destes traumas vão desde simples marcas roxas na pele das coxas até rupturas musculares dolorosas e hematomas musculares graves que exigem intervenção médica e longos períodos de tratamento com afastamento dos esportes. 

Outra lesão que ocorre nas coxas são as rupturas musculares por estiramento. Sem serem exclusivas, mas bastante frequentes nos esportes, não respeitam nenhuma modalidade ou segmento corporal. 

Estes estiramentos são produto de vários fatores mas, principalmente, de erros de balanço e comando da contração muscular voluntária, associados a fadiga muscular. 

Manter o balanço entre os músculos que agem sincronicamente contra e a favor (músculos agonista e antagonista) ao movimento automatizado pelo treinamento esportivo, ajuda a evitar rupturas de músculos das coxas, que ocorrem pela complexidade de movimentos executados pelos quadris e joelhos. 

Dos movimentos com transferência de energia para manter a harmonia articular, o de flexão do quadril e extensão do joelho em conjunto (chutes, saltos, dribles e arrancadas, por exemplo), é um dos mais executados nos esportes e depende, grosseiramente, da ação dos músculos anteriores das coxas, principalmente do quadríceps, assim chamados de agonistas. 

A modulação deste movimento será feita por conjunto de músculos, isquiotibiais, que auxiliam na extensão dos quadris e flexão dos joelhos, ou seja, antagonizam o movimento principal absorvendo a energia transferida para proteger essas articulações, evitando lesão. 

Formado pelo conjunto dos músculos bíceps femoral (cabo longo), semitendíneo e semimembranoso, os isquiotibiais são assim chamados por terem origem no ísquio (osso da bacia) e inserção na tíbia (osso da perna), percorrendo a parte posterior da coxa. Os três trabalham em conjunto nesta função. 

O noticiário esportivo é pródigo em menções elogiosas aos jogadores que ficam após o treino dito oficial praticando cobranças de falta, escanteios, pênaltis, saltos e cabeceios. São movimentos que exercitam mais a extensão dos joelho, favorecendo dos antagonistas aos isquiotibiais que, se não bem treinados, bem balanceados, podem não suportar essa transferência de energia e romperem, estirarem. 

A falta de compreensão deste mecanismo é um dos principais motivos que contribuem para que a ruptura dos músculos isquiotibiais por estiramento seja um dos problemas mais frequentes e sua incapacidade, mesmo que temporária, causa comum de afastamento. 

Uma vez ocorrida, tanto a contusão como o estiramento, afasta-se o praticante da atividade, protege-se o local afetado, compressas geladas de uso intermitente são aplicadas, comprime-se na medida certa para diminuir inchaço e sangramento, sem jamais interromper o fluxo de sangue e eleva-se o membro atingido. Socorro especializado deve ser acionado e o médico consultado o mais breve possível. 

O processo de cicatrização da lesão pode levar de 3 semanas até meses, dependendo da sua gravidade e quantidade de fibras musculares acometidas. O tratamento é ativo e exige participação efetiva e colaboradora do paciente em todas as suas etapas. 

Assim que a dor permita, exercícios supervisionados são estimulados para ganho de força muscular e de amplitude de movimento articular, principalmente dos quadris e joelhos. É importante minimizar a perda de condicionamento mantendo-se o paciente ativo, com exercícios alternativos que poupem a região lesada, mas mantenham a capacidade física, durante todas as fases do tratamento. 

Sabe-se que a recuperação pode ser completa e a função recuperada em sua totalidade desde que as etapas do tratamento sejam respeitadas e o retorno ao exercício feito no tempo certo, sem precipitações e antecipações. 

Se, após a cura da lesão, o equilíbrio muscular não for restabelecido a contento, uma das mais frequente complicações seguramente terá seu espaço: a recidiva. E com ela todo o tratamento será perdido e a caminhada, mais difícil, deve ser retomada. 

Não adianta tratar a doença sem corrigir sua causa. Para isso, o treinamento com correto balanço muscular do quadríceps e ísquiotibiais será o remédio, o mesmo que deve ser prescrito na prevenção destas lesões, os estiramentos ou rupturas musculares.  

Minha Vida

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