Pernas e costas não são as únicas partes do corpo sujeitas a lesões
por sobrecarga quando se trata de pedalar. Os braços, e mais
especificamente as mãos, também sofrem grande pressão durante a
atividade. Assim, acabam respondendo por um terço das lesões em
ciclistas. Uma das mais comuns é conhecida como “paralisia do
ciclista” ou “paralisia do guidão”. Mestre e doutor em ortopedia e
traumatologia, o chefe do Grupo de Cirurgia de Mão da Santa Casa de São
Paulo, Antonio Carlos da Costa, explica como ocorre o problema, quais os
sintomas mais comuns e o que fazer para preveni-lo.
O que é
A “paralisia do ciclista” ou “paralisia do guidão” é uma lesão que
ocorre no nervo ulnar — um dos três principais nervos da mão, ao lado do
radial e do mediano —, que passa por um túnel na altura do punho,
chamado canal de Guyon, e é responsável pela sensibilidade do quinto
dedo (mínimo) e metade do quarto dedo, além dos movimentos finos da mão.
A lesão ocorre quando algum fator – um trauma, tumor ou qualquer
outro processo –, altera o funcionamento normal do nervo, comprometendo a
sensibilidade e/ou a motricidade da mão.
Causas
A compressão do nervo ulnar dentro do canal de Guyon é a principal
causa da lesão em ciclistas, devido ao longo tempo que passam com as
mãos apoiadas no guidão. Esse, porém, não é o único fator. Além da
pressão exagerada na região hipotenar (localizada na palma da mão,
abaixo do dedo mínimo), também favorecem o problema a hiperextensão do
punho (principalmente quando o apoio das mãos é feito na parte inferior
do guidão) e a predisposição em relação à anatomia do canal de Guyon.
Diagnóstico
O diagnóstico pode ser feito observando alguns sintomas. No início, o
ciclista sente um formigamento no lado ulnar da mão — isto é, no dedo
mínimo e na metade do dedo anelar —, que melhora ao balançar a mão ou
quando ele alterna a posição da pegada no guidão. com o agravamento do
quadro, esses dedos ficam anestesiados e há dificuldade em realizar
alguns movimentos finos da mão, como aproximar o dedo mínimo do anelar
ou realizar a pinça do mínimo com o polegar. No começo, quando o
ciclista encerra o exercício, os sintomas geralmente desaparecem rápido.
com o passar do tempo, porém, podem persistir por dias, semanas ou até
meses. Na maioria dos casos, a atenção aos sintomas é suficiente para o
diagnóstico clínico, mas exames de imagem ou uma eletroneuromiografia
podem auxiliar nessa identificação.
Tratamento
Quando a lesão se torna crônica, o tratamento é feito à base
de medicamentos anti-infl amatórios, talas e fi sioterapia. A
necessidade de cirurgia é muito pouco frequente. No entanto, a
melhor forma de resolver o problema é tratando da causa. enquanto houver
hiperpressão sobre a região hipotenar durante a atividade, os sintomas
permanecerão ou até piorarão.
Prevenção
- Para aliviar a hiperpressão sobre a região hipotenar, a dica é alternar a posição das mãos sobre o guidão.
- Também é importante que o ciclista utilize luvas com proteção acolchoada, principalmente na região hipotenar.
- É fundamental a aquisição de uma bicicleta com tamanho apropriado e também o ajuste da posição com auxílio de um bom especialista.
Revista VO2 Bike
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