Aplicativos, carreira, concursos, downloads, enfermagem, farmácia hospitalar, farmácia pública, história, humor, legislação, logística, medicina, novos medicamentos, novas tecnologias na área da saúde e muito mais!



sábado, 2 de julho de 2011

Tratamento contra o cigarro reduz recaídas

Nova metodologia inova na avaliação, quantifica sintomas da abstinência e pode orientar os médicos na escolha de condutas mais eficazes
 
Cerca de 50% dos fumantes já planejaram parar de fumar, segundo pesquisa / Foto: Piotr Marcinski /ShutterstockUma pesquisa realizada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) em 2008 revelou que cerca de 25 milhões de pessoas acima de 15 anos fumam no Brasil (17% da população nessa faixa etária).

Mais de 90% dos fumantes afirmam saber que o cigarro pode causar doenças graves e pouco mais da metade (52%) disse que pensava ou planejava parar de fumar.

A afirmação de que o cigarro não faz bem a saúde já é clara. Mas apesar da necessidade e vontade de algumas pessoas de parar de fumar, na prática o caminho para largar o vício pode ser difícil.

A cardiologista Jaqueline Scholz Issa diz não acreditar em receitas milagrosas, mas desenvolveu um novo tratamento que segundo ela, promete reduzir as desistências e recaídas de pacientes na luta contra o cigarro.

“A metodologia utilizada hoje em dia muitas vezes não é eficiente e não evita as recaídas do fumante. Por isso, criei uma ferramenta que sistematiza o atendimento e contribui para o tratamento destes pacientes”, diz.

Ainda segundo a especialista, a nova metodologia inova na avaliação de dependência da nicotina, quantifica sintomas da abstinência e pode orientar os médicos na escolha de condutas mais eficazes.

Como funciona o tratamento
No modelo desenvolvido pela médica, denominado PAF (Programa de Assistência ao Fumante), o diagnóstico de dependência é feito com base no tipo de “recompensa” que o tabagista busca no vício: maior prazer, melhora do humor, aumento da concentração, entre outras.

“Essas sensações estão diretamente ligadas ao mecanismo de ação da nicotina no cérebro, que varia de um paciente para outro. São indicadores que sinalizam qual é o melhor tratamento para cada um e possibilitam uma abordagem individualizada e mais eficaz”, explica.

Outro diferencial do programa é levar em conta e quantificar a intensidade do desconforto causado pelos sintomas da abstinência, como irritabilidade, ansiedade, impaciência, falta de concentração, humor depressivo. A médica criou uma escala específica para aferir essas manifestações que, se não forem valorizadas no tratamento, podem levar o fumante a desistir.

O novo modelo de tratamento diagnostica com maior precisão o grau de dependência dos fumantes em relação à nicotina e derruba uma das principais premissas que orientam as abordagens atuais: a de que o grau de dependência está relacionado apenas com o número de cigarros consumidos diariamente.

“Existem pessoas que, mesmo fumando pouco, são muito dependentes do cigarro e têm grande dificuldade para deixar de fumar. Pelas técnicas tradicionais, elas não são consideradas dependentes e recebem um tratamento ineficaz. Com a proibição de fumar em locais fechados, muitos fumantes reduziram o consumo e, se não ficarmos atentos, poderemos ter resultados falseados”, alerta a médica.

A cardiologista constatou também a dificuldade dos profissionais que trabalham com fumantes em abordar esses pacientes e obter parâmetros para avaliar a eficácia da conduta adotada. Por isso, transformou a metodologia em software, cuja versão web pode ser acessada por médicos de todo o país. Mas antes de usarem o sistema, os profissionais passam por um treinamento orientado por Jaqueline.

“Essa ferramenta pode orientar o médico a conduzir melhor a consulta e o tratamento, a elaborar as perguntas certas e interpretar os resultados. Com acesso a informações como numero de pacientes tratados, taxa de sucesso, avaliação de causas de recaída e eventos adversos, eles podem ajustar a conduta e alcançar melhores resultados. O PAF é um grande banco de dados que não substitui a experiência do profissional a e sim ajuda a aperfeiçoar tratamentos”, afirma a médica.

Nenhum comentário:

Postar um comentário