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terça-feira, 6 de setembro de 2011

Gyrotonic: Técnica que combina movimentos da dança com ioga começa a se expandir

Ele ainda não é popular, mas seus idealizadores apostam que isso é apenas uma questão de tempo. O gyrotonic, uma técnica que mistura a dança e a ioga, começa a ganhar destaque em estúdios de todo o Brasil.

O treinamento existe desde a década de 1980, mas a rigidez para a formação de novos instrutores moderou sua disseminação. Para se ter uma ideia, há somente 90 lugares autorizados para a prática no país — três deles em Brasília. Quem já testou garante que, além dos benefícios físicos, o método traz uma nova consciência corporal.

O gyrotonic foi criado por um bailarino húngaro no fim dos anos 1970. Juliu Horvath dançava para uma companhia de balé norte-americana quando se machucou e precisou se afastar dos palcos. Horvath, então, criou um jeito de permanecer em movimento e, ao mesmo tempo, tratar da sua lesão. Nasceram os gyrokinesis, movimentos ritmados no chão ou em cima de um banquinho, coordenados com a respiração, para fortalecer músculos e articulações. “Ele queria, porém, que esse novo método chegasse a outras pessoas. Para isso, criou a máquina e o gyrotonic propriamente dito”, explica Victoria Lim, master trainer que esteve em Brasília para preparar novos professores.

A máquina é composta por estruturas de madeira, roldanas, cabos e apoios. Nela, a pessoa faz movimentos complexos, que envolvem uma série de músculos. “Os exercícios são tão naturais que mesmo alguém sem paixão por atividades físicas vai se sentir muito à vontade, como se tivesse voltado à infância”, diz Victoria. “Tudo parte da coluna, que se comunica com todos os outros sistemas, provocando um estímulo de dentro do organismo para as extremidades”, completa a master trainer brasileira Rita Renha, a primeira a trazer a técnica ao país.

Rita se aproximou do gyrotonic quase pelo mesmo motivo que Juliu Horvath teve para criá-lo. Em 1991, ela dançava balé nos Estados Unidos, quando sofreu uma lesão. Conheceu a prática e conversou com Horvath para implementá-la no Brasil. “Venho de uma área onde os movimentos são fluidos, então sempre tive um conceito negativo em relação ao trabalho com máquinas”, lembra. “Fui cheia de reticências, mas, quando experimentei, tive uma verdadeira catarse”, conta. A ex-bailarina, hoje fisioterapeuta, passou quase seis anos estudando com o idealizador do gyrotonic antes de abrir um instituto no Rio de Janeiro.

Esse é, inclusive, um cuidado que Horvath tem na hora de difundir a técnica. “O processo de formação de instrutores é bastante rigoroso e as máquinas são todas certificadas”, esclarece Gláucia Adriana, que dá aulas de gyrotonic há 10 anos em Brasília. A instrutora acredita, contudo, que o treinamento deve se tornar mais popular nos próximos anos. Juliu Horvath abriu, em 2008, uma fábrica para a produção do aparelho no qual o treinamento ocorre e, com isso, a aquisição não sairá tão cara. “Nós pagamos cerca de R$ 30 mil pela máquina há quase 10 anos. Hoje, creio que conseguiríamos por algo em torno de R$ 12 mil”, calcula Gláucia. Há cinco tipos de estruturas para a prática, dois deles em produção no Brasil, com exportação para outros países da América Latina.

Parece, mas não éO uso de uma máquina para conduzir o movimento pode, à primeira vista, remeter a uma outra técnica muito conhecida nas academias, o pilates. Os praticantes do gyrotonic garantem, contudo, que uma não tem nada a ver com a outra. “No pilates, os exercícios são lineares. Aqui, tudo é mais tridimensional, focado na funcionalidade do corpo”, diz a Victoria Lim. De acordo com a especialista, todas as sequências são planejadas para que o aparelho não exerça qualquer pressão sobre o organismo. Assim, antes de realizar qualquer movimento, o gyrotonic permite a ampliação dos espaços entre as articulações, evitando a sobrecarga.

Para se ter uma ideia melhor do que isso significa, imagine o ombro humano. Em métodos tradicionais, a pessoa faz repetidas séries de sobe e desce (e de um lado para o outro) para fortalecer a região. Com o gyrotonic, a proposta é girar o ombro. “Ao respeitar a fisiologia da junta, é possível exercitá-la em sua total capacidade”, ressalta a master trainer Rita Renha. “Não é que as técnicas mais tradicionais estejam erradas, mas não faz muito sentido fazer algo que está aquém da sua capacidade física”, completa.

A psicóloga Andréa Bettiol, 42 anos, é adepta do gyrotonic desde o início deste ano. “Uma amiga que mora nos Estados Unidos me apresentou e eu adorei. Já estava cansada da proposta das academias”, conta. “O método trabalha a flexibilidade, a força e o ritmo. É como se houvesse uma melhor organização do corpo”, diz. A opinião de Andréa reflete justamente um dos principais objetivos da técnica: a visão do organismo como um todo. “Você pode voltar a carregar uma sacola, dar uma marcha a ré, se abaixar, sem sentir dor. Tudo porque o exercício promove esses movimentos naturais”, ressalta Rita.

Para a master trainer brasileira, o gyrotonic representa, inclusive, uma mudança na forma de encarar o corpo. Durante o século 20, as atividades físicas privilegiaram movimentos repetitivos e isolados, mas agora a tendência é investir no treinamento funcional. “É um trabalho que quebra muitos paradigmas, sai daquela visão fragmentada do organismo e, talvez por isso, ele ainda não seja tão popular”, sugere a fisioterapeuta. “O padrão linear foi necessário durante muitos anos, mas agora a aposta é na integração. Afinal, ninguém é um robô.”

Meta comum
Um dos pilares do gyrotonic é a manutenção da energia vital. Esse objetivo está presente também em vários tipos de ioga. Para fortalecer o chamado prana, o praticante se dedica a técnicas de respiração, meditação e exercícios físicos. No gyrotonic, não há meditação, tampouco posições estáticas. “Nós estamos continuamente nos mexendo e fazendo a energia circular”, explica a master trainer Victoria Lim.

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