Alimentação desregrada é a principal causa de problemas digestivos
Pode parecer estranho, mas é fato: o ser humano tem dois cérebros. O encefálico, que dá o poder de pensar, planejar e falar, e um segundo, localizado centímetros abaixo, no intestino. Isso mesmo. Tirando a ausência do intelecto, o funcionamento de ambos são bem parecidos e eles estão interligados.
É o intestino que separa o que é bom e o que é ruim para o corpo, protege e também ataca e sinaliza quando algo não está bem. Toda vez que um indivíduo é submetido a um estresse, medo ou ansiedade, por solidariedade, o cérebro intestinal também sofre reações e isso pode causar um conjunto de alterações no suco digestivo, como úlcera, gastrite, diarreia ou constipação.
Conforme Marcílio Hubner de Miranda Neto, diretor do Museu Dinâmico Interdisciplinar da Universidade Estadual de Maringá (UEM), no Paraná, os estudos sobre o Sistema Nervoso Entérico, localizado no aparelho intestinal, iniciaram há 30 anos. A partir desta descoberta, constatou-se que o intestino continha mais de 100 milhões de neurônios, sendo considerado a maior glândula do corpo, produzindo muito hormônio e uma variedade quase tão grande de neurotransmissores como o cérebro.
Para se ter uma ideia, 90% da serotonina é fabricada no intestino. Bioquimicamente falando, é a mesma serotonina produzida no encéfalo, só que não necessariamente é encaminhada ao cérebro, pois ela tem necessidade de uso local pelo próprio cérebro do intestino.
— No Sistema Nervoso Central, as serotoninas são produzidas pelos neurônios do circuito do prazer e da atenção. No intestino, funciona como neurotransmissor e tem a ver com o bem estar gástrico. Estudos dizem que uma pessoa feliz tem sono de qualidade, bom apetite e bom trânsito intestinal sem uso de remédio — garante Neto.
O mecanismo não é simples. O intestino transmite as sensações somáticas que o cérebro responde com dor ou desconforto, diz Marta Brenner Machado, coordenadora do Ambulatório de Doenças Inflamatórias Intestinais do Hospital São Lucas da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS).
— Você come e imediatamente os neurotransmissores localizados na parede do intestino mandam a informação, e o cérebro entende que iniciará o processo digestivo.
Tanto são as semelhanças, que até mesmo capacidade de "aprender" tem o intestino, pela mesma plasticidade neural contida no cérebro.
— Quem não tem tempo para evacuar, emite uma mensagem para o cérebro do intestino de que ele precisa diminuir os movimentos peristálticos (que empurram o alimento). As fezes saem mais secas e lentamente. Trata-se de um recurso para ajudar você a ir no banheiro menos vezes. Ao mesmo tempo, pode reaprender, caso a pessoa tenha métodos saudáveis e o reeduque a tomar as atitudes corretas — explica Marcílio Neto.
Baixa ingestão de líquido e fibras estão entre os vilões
A constipação sempre foi um problema no mundo ocidental e ocorre em qualquer idade, apesar de crianças e idosos serem os mais afetados. A maior vilã é a alimentação desregrada, tanto quanto a fatores psicológicos e ambientais. Mas, apesar do grande desconforto, não ir ao banheiro com frequência não traz grandes danos à saúde.
— O intestino se destende e volta ao normal com rapidez. Há, sim, uma piora na qualidade de vida — explica o diretor da Fundação Rio-grandense Universitária de Gastroenterologia em Porto Alegre (Fugast) Claudio Rolim Teixeira.
A melhor saída é lembrar que evacuar é tão importante como comer. Ambos fazem parte do mesmo processo: ingerir para absorver os nutrientes, e evacuar para eliminar os resíduos.
Ingerir pouco líquido faz com que o intestino tire o máximo de água das fezes para que não fique desidratado. O ideal é tomar 30 ml de água por quilo de peso corporal ao dia. Ou seja, quem tem 50 quilos deve ingerir 1,5 litro.
Para a gastroenterologista Marta Machado, 90% das pessoas constipadas, com menos de 40 anos, desenvolveram o problema ao mudar sua rotina de vida ou por ter hábitos inadequados. Dentre os vilões, estão a baixa ingestão de líquido e fibras.
Em situações de emergência — como em viagens — há algumas soluções que podem auxiliar. Conforme o nutricionista Gabriel de Carvalho, uma possibilidade é o uso de supositórios de glicerina, que não fazem mal. Não deve-se usar o óleo mineral, a não ser em último caso, pois ele compromete a absorção de várias vitaminas. O melhor é adotar uma alimentação mais regrada e, é claro, procurar orientação de especialistas, que irão propor a melhor solução em cada caso — diz Carvalho.
Mitos e verdades
::Mulheres têm mais prisão de ventre do que homens
É o intestino que separa o que é bom e o que é ruim para o corpo, protege e também ataca e sinaliza quando algo não está bem. Toda vez que um indivíduo é submetido a um estresse, medo ou ansiedade, por solidariedade, o cérebro intestinal também sofre reações e isso pode causar um conjunto de alterações no suco digestivo, como úlcera, gastrite, diarreia ou constipação.
Conforme Marcílio Hubner de Miranda Neto, diretor do Museu Dinâmico Interdisciplinar da Universidade Estadual de Maringá (UEM), no Paraná, os estudos sobre o Sistema Nervoso Entérico, localizado no aparelho intestinal, iniciaram há 30 anos. A partir desta descoberta, constatou-se que o intestino continha mais de 100 milhões de neurônios, sendo considerado a maior glândula do corpo, produzindo muito hormônio e uma variedade quase tão grande de neurotransmissores como o cérebro.
Para se ter uma ideia, 90% da serotonina é fabricada no intestino. Bioquimicamente falando, é a mesma serotonina produzida no encéfalo, só que não necessariamente é encaminhada ao cérebro, pois ela tem necessidade de uso local pelo próprio cérebro do intestino.
— No Sistema Nervoso Central, as serotoninas são produzidas pelos neurônios do circuito do prazer e da atenção. No intestino, funciona como neurotransmissor e tem a ver com o bem estar gástrico. Estudos dizem que uma pessoa feliz tem sono de qualidade, bom apetite e bom trânsito intestinal sem uso de remédio — garante Neto.
O mecanismo não é simples. O intestino transmite as sensações somáticas que o cérebro responde com dor ou desconforto, diz Marta Brenner Machado, coordenadora do Ambulatório de Doenças Inflamatórias Intestinais do Hospital São Lucas da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS).
— Você come e imediatamente os neurotransmissores localizados na parede do intestino mandam a informação, e o cérebro entende que iniciará o processo digestivo.
Tanto são as semelhanças, que até mesmo capacidade de "aprender" tem o intestino, pela mesma plasticidade neural contida no cérebro.
— Quem não tem tempo para evacuar, emite uma mensagem para o cérebro do intestino de que ele precisa diminuir os movimentos peristálticos (que empurram o alimento). As fezes saem mais secas e lentamente. Trata-se de um recurso para ajudar você a ir no banheiro menos vezes. Ao mesmo tempo, pode reaprender, caso a pessoa tenha métodos saudáveis e o reeduque a tomar as atitudes corretas — explica Marcílio Neto.
Baixa ingestão de líquido e fibras estão entre os vilões
A constipação sempre foi um problema no mundo ocidental e ocorre em qualquer idade, apesar de crianças e idosos serem os mais afetados. A maior vilã é a alimentação desregrada, tanto quanto a fatores psicológicos e ambientais. Mas, apesar do grande desconforto, não ir ao banheiro com frequência não traz grandes danos à saúde.
— O intestino se destende e volta ao normal com rapidez. Há, sim, uma piora na qualidade de vida — explica o diretor da Fundação Rio-grandense Universitária de Gastroenterologia em Porto Alegre (Fugast) Claudio Rolim Teixeira.
A melhor saída é lembrar que evacuar é tão importante como comer. Ambos fazem parte do mesmo processo: ingerir para absorver os nutrientes, e evacuar para eliminar os resíduos.
Ingerir pouco líquido faz com que o intestino tire o máximo de água das fezes para que não fique desidratado. O ideal é tomar 30 ml de água por quilo de peso corporal ao dia. Ou seja, quem tem 50 quilos deve ingerir 1,5 litro.
Para a gastroenterologista Marta Machado, 90% das pessoas constipadas, com menos de 40 anos, desenvolveram o problema ao mudar sua rotina de vida ou por ter hábitos inadequados. Dentre os vilões, estão a baixa ingestão de líquido e fibras.
Em situações de emergência — como em viagens — há algumas soluções que podem auxiliar. Conforme o nutricionista Gabriel de Carvalho, uma possibilidade é o uso de supositórios de glicerina, que não fazem mal. Não deve-se usar o óleo mineral, a não ser em último caso, pois ele compromete a absorção de várias vitaminas. O melhor é adotar uma alimentação mais regrada e, é claro, procurar orientação de especialistas, que irão propor a melhor solução em cada caso — diz Carvalho.
Mitos e verdades
::Mulheres têm mais prisão de ventre do que homens
Verdade. Pesquisas mostram que elas têm mais constipação do que os homens em uma frequência que chega a ser oito vezes maior. É uma questão hormonal. O estrógeno da mulher levaria a um movimento diminuído do intestino e à flacidez. Há também uma questão social, que é a inibição de utilizar banheiros públicos.
::Chás e produtos naturais não fazem mal à saúde
::Chás e produtos naturais não fazem mal à saúde
Mito. O uso de qualquer laxante, inclusive os chás, tem uma ação no intestino com pontos positivos e negativos. O lado bom é que tem uma evacuação imediata. Mas as moléculas da composição desses produtos têm uma ação dos nervos que estimulam o movimento do intestino. O uso crônico cria lesões nesses nervos.
::Sedentarismo agrava a constipação
::Sedentarismo agrava a constipação
Verdade. Está comprovado que a eliminação de endorfina que ocorre durante o exercício físico aumenta a motilidade (os movimentos) do intestino e agem em todo o aparelho digestivo. A vida moderna contribui para tornar a pessoa sedentária, e essa falta de movimentação leva à obesidade, à flacidez muscular e à diminuição do reflexo da evacuação — somados, tais problemas podem propiciar a constipação intestinal.
::Fazer força na hora de evacuar pode provocar hemorroidas
::Fazer força na hora de evacuar pode provocar hemorroidas
Verdade. Não é normal fazer força para evacuar. Se isso acontece é porque as fezes estão endurecidas ou com dificuldade para sair. Todos nós temos hemorróidas no intestino. Quando se faz muita força, esse plexo hemorroidal (conjunto de veias que temos desde o nascimento, localizado a dois centímetros da borda do ânus) é forçado a sair. Essas veias podem ficar dilatadas, e isso gera as hemorroidas.
::Estresse provoca dor abdominal
::Estresse provoca dor abdominal
Verdade. O estresse é diretamente causa de constipação. Em algumas pessoas, esse estresse é um pouco danoso. Normalmente, em situação de estresse, é eliminado mais ácido gástrico no estômago, o que pode causar lesões, como gastrite ou a síndrome do intestino irritável. Ou seja, o estresse altera a motilidade do estômago e do intestino.
Fonte Diário Catarinense
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