Jorge Espírito Santo, Presidente do Colégio de Oncologia Médica da Ordem dos Médicos, fala sobre corte nos medicamentos
Correio da Manhã – O laboratório Roche ameaça cortar o fornecimento a cinco hospitais com dívida a 900 dias. Os doentes estão em risco?
Jorge Espírito Santo – Não posso admitir que algum doente no nosso País deixe de receber tratamento porque o laboratório cortou o fornecimento, devido à falta de pagamento. Não é aceitável essa situação. Além disso, não nos podemos esquecer que muitos medicamentos da Roche não têm genéricos, porque estão protegidos pelas patentes.
– Não existem terapêuticas oncológicas alternativas aos medicamentos da Roche?
– A Roche tem medicamentos para o tratamento de vários tumores e, para muitos casos, são fármacos essenciais, ou seja, as alternativas terapêuticas que existem não são tão eficazes.
– É razoável o laboratório cortar o fornecimento dos medicamentos?
– Temos de ver duas posições que são legítimas: os doentes têm direito a serem tratados e as empresas têm direito a ser ressarcidas, pelo preço que foi previamente acordado. Compreendo que não consigam manter a actividade com dívidas a 900 dias. Nesse caso, de quem é a responsabilidade? Quem não cumpre o acordo deve assumir as responsabilidades e a tutela deverá agir.
– Sugere que a tutela demita as administrações hospitalares?
– Alguém terá de assumir as responsabilidades.
– Insisto na pergunta: há doentes em risco?
– Poderá haver, sim.
– Qual a solução?
– A solução poderá passar pelo encaminhamento dos doentes para outras unidades.
– O que a Ordem dos Médicos pode fazer?
– Pouco, porque o problema não tem a ver com a actividade dos médicos.
Fonte Correio da Manhã
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