Os doentes de cancro de cinco hospitais – Guarda, Aveiro, Torres Vedras, Setúbal e Funchal – podem ser privados dos medicamentos oncológicos a partir do dia 2 de Dezembro.
A falta de acesso às terapêuticas deve-se ao atraso de mais de dois anos no pagamento daquelas unidades ao laboratório Roche. As associações de doentes e os médicos estão alarmados com a eventual suspensão no fornecimento dos remédios, que colocará em risco a vida dos doentes de cancro.
O Ministério da Saúde garante ao CM estar "atento à situação", mas sublinha que não recebeu ainda qualquer comunicação oficial do laboratório relativa à decisão de suspender o fornecimento dos medicamentos.
A tutela alega que compete às administrações hospitalares assumirem as responsabilidades contratuais com o fornecedor. Uma das medidas que poderão ser tomadas é a renegociação da dívida e dos prazos de pagamento. Além da Roche, há mais laboratórios farmacêuticos que reclamam pagamentos em atraso que, no global, ascendem a três mil milhões de euros.
Vítor Neves, presidente da direcção da Associação de Luta Contra o Cancro do Intestino (Europacolon), afirma ao CM que vê este problema "com muita preocupação". "O Ministério da Saúde, os hospitais e os fornecedores têm de encontrar uma plataforma de entendimento para solucionar o problema da dívida. Não podem ser os doentes a pagar essa factura, sob pena do agravamento da sua condição", refere Vítor Neves.
Jorge Espírito Santo, presidente do Colégio da Especialidade de Oncologia Médica da Ordem dos Médicos, afirma ser "impensável que os doentes, no nosso país, não tenham acesso aos medicamentos porque não estão disponíveis devido ao corte no fornecimento". O CM tentou obter um esclarecimento da Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares, mas sem sucesso.
MERCK AMEAÇA SAIR DO PAÍS SE TUTELA NÃO PAGAR
O laboratório Merck, que produz medicamentos para o tratamento do cancro e da esclerose múltipla, reclama a dívida de 26 milhões de euros, que pode chegar aos 30 milhões no final do ano. O administrador Fritz Sacher afirmou ao
CM que a "situação é dramática", e salientou que propôs ao Governo "um plano" que pode passar por um pagamento a
180 dias e, em 2012, baixar esse prazo para os 90 dias. O laboratório ameaça sair do País se não for saldada a dívida.
Fonte Correio da Manhã
Nenhum comentário:
Postar um comentário